sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Como planeei a nossa viagem a 3 à Disney e a Paris

Já passou algum tempo, é verdade, mas o prometido é devido. Por isso, cá estou eu para partilhar convosco como planeei a minha viagem à Disney com eles (recordo que um tem 8 e outro 12 anos). 

Portanto, a minha ideia era ir à Disney e à cidade de Paris, num total de 5 dias e 4 noites (duas noites em cada sítio). Inicialmente, pensei começar na cidade de Paris, para terminar em grande na Disney mas, por questões de disponibilidade de hotel, acabámos por fazer ao contrário

- Comecei por tentar marcar tudo sozinha - voo, hotel, entradas na Disney... - mas, feitas as contas, percebi que a diferença de preços entre comprar tudo isoladamente ou recorrer a uma agência de viagens era mínima e acabava por não compensar o trabalho. Se considerar que o valor que me foi dado pela agência incluía seguros, então nesse caso não compensava de todo. Não nos podemos esquecer que as agências costumam ter acordos com os hotéis e como estava a decorrer uma campanha, por duas noites no hotel eles ofereciam a entrada nos parques para 3 dias (o que para nós foi ótimo, porque foi exatamente os dias que usufruímos dos parques).

- Eu queria mesmo ficar num hotel da Disney. A primeira vez que lá fui já era crescida, foi em contexto de trabalho, e fiquei num desses hotéis. Lembro-me do quão maravilhada fiquei e queria proporcionar-lhes isso. 

Ficámos no Santa Fe, alusivo ao filme de animação "Carros". Não é luxuoso, é muito simples, mas gostámos muito. Optei pela modalidade de meia-pensão e foi o melhor que fiz. 

- Portanto, pela agência comprei os voos, o hotel na Disney (com entradas no parque incluídas) e o transfer do aeroporto para a Disney. Não comprei os outros transfers porque ainda não sabia bem como iria planear os dias e não queria ficar limitada com os horários. Aliás, acabei por me arrepender de ter comprado aquele transfer, porque só passava de hora a hora no aeroporto (tinham-me dito que era de 15 em 15 minutos) e como perdemos um tivemos de esperar imenso tempo. Se fôssemos de uber teria custado cerca de 50 euros e a viagem duraria cerca de meia hora.

- Como queria aproveitar o tempo ao máximo com eles e não iríamos ficar assim tanto tempo, fiz "trabalhos de casa". Fui ao site dos Parques e vi quais as atrações que cada um tinha, para poder planear onde ir (no site podem ver a altura mínima exigida para poder entrar na diversão e em que consiste). Também existe uma app. Eu descarreguei-a, mas acabei por não a usar. 

- Por questões de segurança, pus ao Francisco uma pulseira com o nome dele e com o meu número de telefone, não fosse ele perder-se (ele não sabe falar nem francês nem inglês e sempre era mais uma segurança). Por acaso já tinha as pulseiras, comprei-as há imenso tempo aqui, e fiquei mais descansada (ainda que não quisesse sequer pensar na possibilidade dele se perder).

- Em termos de malas... Sabia que nesta altura do ano (janeiro/ fevereiro) faz imenso frio em Paris, mas não queria levar muita coisa, nem mala de porão. Queria levar só duas malas de cabine e uma mochila. Isto porque não podia contar que o Francisco ajudasse a transportar as malas e quando tivéssemos de andar de transportes em Paris (comboio, por exemplo) não seria prático, nem seguro, eu ficar com dois trolley e o Gonçalo com outro. Queria ficar com pelo menos uma mão livre para dar a mão ao Francisco. Assim, eu fiquei encarregue de uma mala, o Gonçalo de outra e a mochila grande podia levar eu também e, como não ia pesada, se fosse necessário levava-a o Francisco. Depois, para mim levei uma mochila pequena como mala de dia-a-dia, por ser mais prático para transportar águas e snacks. Dentro de um dos trolley levei uma outra mochila pequena (vazia), para que eles também pudessem transportar água e comida durante o dia.

- Comprei roupa térmica para eles e tentei levar o mínimo de roupa possível. No caso da roupa interior não havia volta a dar, mas de resto fiquei-me pelos dois pares de calças e de camisolas para cada um e um par de sapatos para eles (eu levei dois, porque receava que chovesse e as botas que levei na viagem eram quentes, mas não eram impermeáveis).

- Tinham-me dito que não se podia entrar com comida para a Disney e, por isso, no primeiro dia não levei nada. Erro!!! É tudo super caro - paguei 51 euros por três cachorros quentes e três bebidas, e na entrada percebi que deixavam entrar com comida. Nos dias seguintes não cometi a mesma asneira e já levei almoço e lanche. Preparei umas sandes, levei boiões de fruta e uns bolinhos.

- Para Paris as coisas foram muito mais planeadas. Tracei um roteiro para o tempo que íamos lá ficar e depois foi uma questão de estudar o tempo de deslocação para cada coisa, fazer uma estimativa do tempo que levaríamos em cada sítio, sempre com cuidado de dar margem. Mais uma vez, recorri muito ao Maps.

- Mal chegámos a Paris, comprei um bilhete "Paris Visite" para nós os três numa estação de metro. Este bilhete dá não só acesso ao metro, como a outros transportes públicos dentro de Paris, como por exemplo o autocarro. Existem bilhetes para 1, 2 e 3 dias (não sei se existe para mais). A rede de transportes públicos deles funciona super bem. Nós andámos mais de metro e ao princípio estranha-se, que aquilo tem linhas que nunca mais acabam, mas depois revela-se bastante simples. De resto, andámos muito, mas mesmo muito a pé. E eles portaram-se super bem!
-Pusemos logo de parte a ideia de visitar museus. Íamos ficar um dia e meio em Paris (um pouco mais) e não valia a pena. Pus logo na cabeça que era importante ser realista e não ser demasiado ambiciosa, para conseguirmos usufruir da viagem, sem stress. Ainda assim, conseguimos ver quase todos os pontos emblemáticos da cidade: Louvre, Arco do Triunfo, Campos Elísios, Jardins do Trocadéro, Notre Dame, Montmartre (apaixonei-me por Montmartre), Moulin Rouge, Jardim de Luxemburgo, Praça da Concórdia e outros recantos.  

- Houve um sítio que eles fizeram questão de visitar "a sério": a Torre Eiffel. Comprei o bilhete online com algum tempo de antecedência e posso dizer-vos que não tivemos de esperar quase tempo nenhum. Fomos para uma fila própria e foi super rápido. Eles amaram!

- Outra coisa que também quisemos fazer foi passear de barco à noite pelo Sena, para ver as luzes de Paris. Valeu a pena!


- Como não podia deixar de ser, não se pode ir a Paris sem comer croissants, baguetes e macarons. Eles fizeram o trio! Eu dispensei :)

- Quando fiz o nosso roteiro para Paris fiz um pequeno resumo histórico dos sítios por onde íamos passar. Receava aborrecê-los, mas achei que era importante que eles ficassem a saber o que era "aquele" sítio, como surgiu, para que servia... Olhem, eles adoraram e mal parávamos num sítio perguntavam-me logo onde estava o meu "Power Point" (para que conste, não era Power Point nenhum, mas eles diziam-no por piada e para gozarem comigo 😁

Quase todos os meus amigos me perguntaram como tinha corrido a viagem, numa perspetiva de saber como tinha sido ter ido sozinha com eles. Eles sabiam que era um passo importante para nós os três. E correu bem. Superou todas as minhas expectativas!

Escusado será dizer que por mais planeadas que as coisas sejam, temos mesmo de nos consciencializar que temos de dar uma enorme margem ao improviso. Numa viagem eles acontecem sempre e, com crianças, mais ainda. Elas cansam-se mais facilmente (é natural), querem fazer xixi nas alturas menos convenientes, ficam com fome porque sim... Tem mesmo de haver alguma descontração e eu estou muito contente comigo porque apesar de ser muito metódica e ansiosa, consegui mesmo interiorizar isto e tenho noção de que foi decisivo para que tivesse tudo corrido tão bem.

Já sonho com a próxima viagem 💓



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

44




Dia 19 de fevereiro, iniciei a minha 44ª volta ao sol. Passei o dia com as pessoas mais importantes da minha vida: os meus filhotes, os meus pais e o meu irmão (estava doentinho, mas à noite juntámo-nos para jantar).

Sempre dei muito valor à família, sempre, mas a idade veio vincar ainda mais isso. Cada vez tenho mais noção da sorte que tenho, da bênção da vida me brindada com eles. Agradeço todos os dias por isso!

Dentro das nossas imperfeições, para mim eles são a família perfeita. Sinto que foram pensados para mim e eu para eles. Que o universo assim o quis. E ainda bem. Sorte a minha 🙏

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

O amor em forma de bolo


Para mim, o dia dos namorados é mais do que uma efeméride para celebrar o amor entre um casal. Vejo esta data como um dia que celebra o amor. Os afetos. E é por isso que faço sempre um miminho aos meus pequeninos. Aos meus maiores amores.

Este ano, saiu este pão-de-ló colorido e docinho para o pequeno-almoço! Eles adoraram 💓😋

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Considerações de um divórcio - parte II

Como vos disse aqui, acredito que mesmo que estejamos certos de que o divórcio é o único caminho a seguir, nunca é simples. Se a outra pessoa dificultar o processo, pior ainda.

Já partilhei também, e sem querer entrar em detalhes, que não passei uma fase nada fácil. Durante meses e meses senti-me perdida e por mais que me esforçasse não conseguia ver luz ao fundo do túnel. Dava por mim a desejar ter poderes mágicos para poder vislumbrar um dia qualquer do futuro que me mostrasse que as coisas iam ficar melhores. Só para serenar a alma. Sentia-me sempre em esforço. Fisicamente andava exausta e emocionalmente sentia-me no meu limite. A juntar a isto, sentia a (auto)pressão de que não podia, de forma alguma, adoecer ou ir-me abaixo, porque os meus filhos precisavam de mim.

Esta fase durou mais do que eu gostaria e, creio que sem saberem, os meus filhos, os meus pais, o meu irmão e os meus amigos, foram o meu pilar. Mas, mesmo assim, não chegava. 

Sou muito analítica em relação a mim e sabia que, apesar de tudo, não estava perante nenhum quadro clínico. Se sentisse isso, não hesitaria em recorrer a um especialista. Mas eu sabia que o que eu precisava era de (voltar) a sentir paz. Sabia também que essa paz tinha de ser eu a procurá-la em mim. Só não sabia bem como.

Foi então que, por acaso, a meditação chegou à minha vida e não podia ter vindo em melhor altura. Uma amiga enviou-me um dos desafios de 21 dias do Deepak Chopra, que na altura eu não fazia a mais pequena ideia de quem era, e eu pensei: Porque não? O que é que tenho a perder?

Isto foi há cerca de três anos e, desde então, nunca mais larguei a meditação. Fiz o desafio dos 21 dias (já não faço os exercícios pedidos para cada dia, mas volta que não volta, repito as meditações), descarreguei duas aplicações (a Insight Timer e a Let´s Meditate - devem existir centenas delas), li muito sobre o tema e rendi-me. Rendi-me, porque senti, efetivamente, que teve efeitos gigantescos na minha forma de estar e ver a vida.

Um parêntesis para dizer que sou católica e tenho mesmo muita fé em Deus e, a dada altura, questionei-me se a meditação não entraria em conflito com o catolicismo (dúvidas existenciais que me ocorrem de vez em quando!). Mas passou-me rápido. Como digo muitas vezes, a fé não se explica ou justifica. Sente-se. E a minha fé nunca esteve em causa. Nunca ficou abalada. Além disso, o "meu Deus", como costumo dizer a brincar, é bom, é pelo amor, não julga e só quer é que as pessoas sejam felizes, seja lá de que forma for. A regra é não fazerem mal a ninguém. 

Mas porque é que me rendi à meditação?

A resposta a isto dava para vários posts mas, para resumir, vou dar apenas três razões (e não me vou alongar em cada uma delas, porque acreditem que há muito para dizer em todas):

Em primeiro lugar, a meditação ensinou-me a controlar as minhas emoções e pensamentos. A dirigir o meu pensamento para o que me faz bem e a desviá-lo quando surgem pensamentos menos bons, que não levam a lado nenhum. 

Perguntam vocês: Mas agora nunca te passas da cabeça e estás sempre zen? Se o mundo desabar à tua volta, pões-te em posição de lótus, respiras e siga? 

A minha resposta é: Claro que não!!! Passo-me muitas vezes e continuo a não ter paciência nenhuma para gente parva. 

Sempre fui nervosa e impulsiva e continuo a ser, mas já estou muito, mas muuuuito melhor. Hoje em dia, consigo muito mais facilmente pôr de lado situações desagradáveis provocadas por terceiros e sobre as quais não posso fazer nada. Além disso, não me deixo afetar por coisas que sei que antes me deixariam a ferver por dentro. E fico tão feliz por isso!

Por outro lado, quando digo que a meditação me ensinou a controlar as minhas emoções e pensamentos, eu não quero dizer que quando acontece uma coisa má eu entro em negação ou finjo que não aconteceu nada. Nada disso. Encaro sempre de frente. Simplesmente se for algo que não está nas minhas mãos, que eu não controlo, dou-me um tempo para digerir as coisas e depois disso não fico a remoer e a alimentar sentimentos maus que não levam a lado nenhum.

Outra coisa que a meditação me ensinou, e eis a segunda razão, foi a aceitar as coisas como elas são e a a deixar ir. Aliás, este foi dos primeiros mantras que interiorizei: "aceita e deixa ir" (esta razão, implica a anterior). 

O que é que isto significa? Como referi agora mesmo, há muitas coisas menos boas que acontecem na nossa vida e que não estão nas nossas mãos (atenção que não estou a falar de situações de saúde, naturalmente). 

Normalmente, quando estas coisas acontecem, ficamos zangados, irritados, frustrados... Somos inundados por sentimentos negativos que só vão alimentar e dar mais força à situação, dificultando que a esqueçamos, que a ultrapassemos ou até que reajamos a ela.

É óbvio que se acontece uma coisa má, é muito difícil racionalizar e gerir emoções. Mas é importante tentar que estes sentimentos negativos não nos dominem, porque eles só prejudicam e não trazem rigorosamente nada de bom ou de positivo. Muito pelo contrário! 

Imaginem, quando não aceitamos algo que não podemos controlar, estamos a remar contra a maré e a única coisa que acontece quando se rema contra a maré, é que se perde a força. Só isso. No limite, afogamo-nos.

Por fim, o terceiro motivo: gratidão. Sempre agradeci a Deus pelo que tenho. Pelo que Ele me deu e dá todos os dias. E a meditação reforça muito esta parte. Quando agradecemos, cá do fundo, estamos a passar mensagens positivas ao cérebro, o que acaba por ter reflexos na forma como levamos a vida. E quanto mais treinarmos o cérebro, melhor. Além disso, energia positiva, atrai energia positiva.

Quando acontece algo menos bom, inicia-se um processo interno que demora o seu tempo a desenrolar-se e estou convencida que não vale a pena querer saltar etapas. Temos de respeitar os nossos timings. No meu caso, a meditação ajudou a tornar o processo mais leve. Repito: Não! Com a meditação não passei a ver o mundo cor de rosa, cheio de unicórnios e repleto de purpurinas, mas ela ajudou-me a levantar e a reorientar-me e é por isso que continuo a meditar. Porque sinto que a meditação dá leveza à vida.

Quis partilhar isto convosco porque quem sabe se esta "dica" não ajuda alguém como me ajudou a mim. Se isso acontecesse com uma pessoa que fosse, eu já ficava feliz :)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Sim, gosto e quero ter tempo para mim e não sinto culpa por isso!

Demorei muito tempo a atingir este ponto. O ponto em que me permito ter momentos para mim sem  qualquer sentimento de culpa associado. Durante anos, e de forma inconsciente, quando tinha algum tempo para mim, lá vinha a culpa. Culpa por não estar a aproveitar esse tempo com os meus filhos. Era como se tivesse uma vozinha irritante na minha cabeça a dizer: "Que raio de mãe és tu?!"

Que fique claro que nunca encarei o tempo que passo com os meus filhos como uma obrigação ou como uma espécie de dever. Os momentos que passo com eles são preciosos e não há nada para mim de mais valioso. Mas isso não quer dizer que não goste de fazer coisas sem eles. De estar sozinha. De estar com os meus amigos. De sair. De me divertir. Sim, divertir-me sem eles! 

Gosto e preciso destes momentos. Servem como uma espécie de energizante e, muito importante, não me deixam esquecer que continuo a ser uma mulher com quereres, desejos, vontades, e que isto não faz de mim uma má mãe. Pelo contrário! Faz de mim humana.

A partir do momento em que aceitei que gosto e quero ter momentos para mim, ganhei uma outra leveza. Uma leveza que, não tenho a menor dúvida, me ajuda a ser muito melhor mãe.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

(A aventura de) viajar sozinha para Disney com duas crianças - parte 1


Há anos que sonhava com esta viagem. Sonhava ir com eles à Disney, numa aventura que gostaria que ficasse para sempre gravada nos corações deles e no meu.

Inicialmente, a viagem estava pensada para ser feita na companhia de outros casais com filhos. Estávamos à espera que os mais novos crescessem mais um bocadinho para terem idade (e altura) para poderem usufruir de mais diversões e poderem ficar com memórias da viagem. No entanto, a vida trocou-me as voltas (é perita nisto!), mas eu também sou teimosa e estava decidida. Iria fazer esta viagem e ponto final. Não sabia era quando.

Escusado será dizer que a falta de tempo e de dinheiro também foram dois fatores que tiveram de ser bastante considerados, mas se for sincera comigo mesma, tenho de confessar que era o medo que mais me "congelava".

Pensar que ia viajar sozinha com eles causava-me uma ansiedade imensa. É que uma coisa é passar um fim-de-semana fora, em Portugal, outra totalmente diferente é viajar para o estrangeiro, para um país que não é o meu. Pensava na logística que implicaria, nas questões de segurança, nas questões práticas...

Foram meses a maturar a ideia, até que por fim pensei: "bolas, Sofia, já provaste a ti mesma que és capaz de tanta coisa, já te superaste em tantas outras... vais ser capaz de fazer isto também!"

Poderá parecer uma parvoíce, admito que sim. Não faço ideia se mães na mesma situação que eu sentem o mesmo ou se, pelo contrário, são destemidas e fazem tudo exatamente igual a quando estavam com os seus companheiros. Mas convenhamos que dois a tomar conta de dois parece-me mais equilibrado do que um a tomar conta de dois... 

Seja como for, comecei a pensar que se as minhas opções para viajar com eles passavam por esperar que algum casal ou alguma amiga com filhos fosse a algum lado para eu ir também ou então não depender de ninguém para realizar os meus sonhos com eles, a escolha não podia ser mais óbvia. 

Marquei a viagem com medo mesmo!

Estava nervosa, confesso, mas correu tudo otimamente bem. Tivemos contratempos, como todas as viagens têm, mas superámo-los a todos. 

Não sou de me gabar, tenho até algum pudor em fazê-lo, mas estou mesmo muito feliz comigo e orgulhosa de mim mesma. Se havia "prova" que queria superar, era esta. De certo modo, sentia que a forma como corresse esta viagem ditaria a minha capacidade de gerir este tipo de situações com eles. Ditaria a minha coragem de voltar (ou não) a entrar neste tipo de "aventuras". E sim, sinto-me pronta e com vontade de preparar a próxima! Haja saúde, tempo e dinheiro! :)

Agora há também que lhes dar os devidos créditos. É que se correu tão bem como correu, foi porque eles foram dois companheiros e peras. Portaram-se super bem (é óbvio que não foram santos e zanguei-me com eles algumas vezes, mas foi por coisas minúsculas) e foram uns valentes. Porque senhores, nós fizemos quilómetros e quilómetros a pé e tanto um como outro portaram-se como crescidos, mesmo quando era notório que estavam super cansados.

Resumindo, saí desta viagem com o coração cheio, porque o seu propósito foi conseguido. E não, o propósito não era superar-me. O propósito era fazê-los felizes e realizar este meu sonho (que eu sabia que era o deles). Eles amaram esta viagem, manifestaram-no mil vezes, e eu não poderia ter ficado mais feliz.

Num próximo post contarei mais pormenores, nomeadamente como preparei a viagem, no sentido de a tornar o mais prática possível.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

É que não trocava por nada!

Ser mãe de dois rapazes é... como dizer... é garantia de carradas de pilhas de nervos, mas com muitas descargas de momentos cor-de-rosa. Isto porque eles num dia amam-se de paixão, mas no outro andam à batatada como doidos.

Mas o que é que eu estou para aqui a dizer? Não é um dia... é num minuto amam-se e no outro andam à luta como dois trogloditas. É mais isto!

Regra geral, o Francisco e o Gonçalo dão-se bem, mas também é comum terem aquelas discussões parvas e irritantes. Por sua vez, também é acontece amiúde o Gonçalo fazer de tudo para o provocar até à exaustão e o Francisco fazer a coisa pior do que realmente é choramingar sem parar, o que é extremamente irritante. Chegam a passar horas nisto e só me apetece fazer como a Dorothy, do Feiticeiro de Oz: bater os calcanhares um contra a outro e ir para outra freguesia. 

Pior que isto, mas até ver não acontece com frequência (espero que assim continue) é quando se começam a bater. Xiii que é tanta testosterona!! Não tenho paciência!

Mas depois têm o outro lado. O lado em que se adoram perdidamente, em que se protegem e se calha um deles ter alguma coisa, uma festa de aniversário ou uma atividade qualquer, e o outro ficar em casa, é notória a falta que sentem um do outro. Fisicamente transformam-se e até em termos energéticos isso se nota. Ficam mais murchinhos. É como se lhes faltasse um bocado.

Não sei como é ser mãe de meninas ou de casais, mas sei o que é ser mãe de dois meninos e, dentro da maluqueira que é muitas vezes, não escolheria outra realidade.

São chatos como o raio, mas como lhes digo muitas vezes, são os meus chatos preferidos!


terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Considerações de um divórcio - parte 1


Cada um fala de si e sabe de si, mas estou convencida que um divórcio nunca é uma coisa fácil. Mesmo que ambos cheguem a um entendimento de que é melhor pôr um ponto final na relação, não deixa de ser um plano de vida que falhou e isso é sempre triste. A coisa complica quando o divórcio não é pacífico e, claro, quando há filhos na equação.
Pessoalmente, uma das coisas que mais me assustava e preocupava era o facto de deixar de estar com os meus filhos todos os dias. Apesar de não termos guarda partilhada e de eu estar com eles a maior parte do tempo, sabia que ia ser diferente. Fazia contas de cabeça e quando me lembrava que metade dos fins-de-semana do ano eles não iriam estar comigo, doía-me profundamente.

"Tu habituas-te e vais ver que até te vai saber bem quando eles estiverem com o pai."

Esta deve ter sido a frase que mais ouvi no início, mas custava-me a acreditar. 

Com o tempo, percebi que era verdade... em parte. 

Passaram seis anos e posso dizer que ainda estranho estar sem eles. O meu corpo e a minha mente assumem um certo desconforto quando eles não estão. 

Sabem quando temos a sensação de que alguma coisa nos incomoda mas não sabemos exatamente o quê? É mais ou menos isso.

Por outro lado, devo dizer que desde o início que me sabem bem aquelas três noites em que eles estão com o pai. Sentia (e ainda sinto) um misto de sentimentos.

O silêncio era ensurdecedor, a ausência pesava-me no peito, mas ao mesmo tempo sentia prazer em ter tempo para mim e adorava poder dormir uma noite seguida! Além disso, era (e continua a ser) nestas três noites que descanso e que me permito ter tempo para mim, sem culpas.

Quando me separei o Francisco tinha 2 anos e o Gonçalo 6. Eram ainda totalmente dependentes de mim para tudo e, por isso, foi duro. Não há uma forma eufemística de pôr as coisas. Quando chegava ao fim daqueles 11 dias seguidos de estar com eles, numa jornada contínua entre ser mãe e trabalhadora, sentia-me num estado de exaustão absoluto.

Faço um parêntesis para dizer que a mente é uma coisa estranhíssima e até diria engraçada, porque nestas alturas lembrava-me muitas vezes de quando tinha exames na faculdade. Imaginem!! De quando chegava ao último com aquela sensação de que se tivesse mais um exame eu não ia aguentar! (no fundo, sabia bem que aguentaria. Que remédio tinha eu!)

Seja como for, nunca me questionei se o divórcio foi mesmo o caminho a seguir. Quando a decisão foi tomada, as coisas foram mais do que ponderadas. Não foi de ânimo leve. Sabia que ia ser difícil, mas quando se tem a convicção de que não havia alternativa, arranjam-se forças, arregaçam-se as mangas, ergue-se a cabeça e segue-se em frente. E mesmo quando não se pode ir mais depressa, ou quando se cai, não tem mal, voltamo-nos a levantar e vamos mais devagar. Ao ritmo que podemos e sem pressas.

O ser humano tem uma capacidade de adaptação incrível, mas ajudou-me ser uma pessoa positiva e otimista. Ajudou-me também a fé, a meditação e trabalhar no meu autoconhecimento. Mas isso fica para outro dia.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

A minha mãe bem que me avisou!

"Assim que nasce um filho, nunca mais consegues estar 100% descansada."
Lembro-me de ouvir a minha mãe dizer esta frase várias vezes. Desta forma ou na variante "assim que nasce um filho, nascem os trabalhos".

Como é óbvio, na flor da minha juventude achava isto um exagero, mas bastou o Gonçalo nascer para perceber que a minha mãe sabia bem do que falava.

Quando eles nasceram tinha medo de tudo. Que deixassem de respirar, que ficassem doentes, que se engasgassem a comer, que caíssem na creche e se magoassem... de tudo!

Hoje, tendo um 8 e outro 12 anos, há medos e preocupações que se mantém e há um rol de outras tantas que apareceram. 

Eles crescerem e ganharem autonomia é ótimo. Olhar para eles e ver o quão crescidos estão é dos sentimentos mais gratificantes. Mas ao mesmo tempo isso significa que estão a caminhar para mais longe da minha saia...

Faz parte e é saudável. Eu sei disso e não queria que fosse de outra forma, mas essa racionalidade não impede momentos de ansiedade. Chega a ser esquizofrénico! 

No entanto, há uma circunstância em que a regra da minha mãe falha: quando eles vêm dormir comigo. 

Quando eles me pedem eu faço-me sempre de difícil - "ai e tal, vocês dão pontapés e depois eu não durmo nada", o que é verdade! - mas lá no fundo eu gosto. Além disso, se o Francisco ainda deverá querer usufruir deste mimo durante mais uns tempos, o Gonçalo já não. É por isso que de vez em quando cedo e me permito fazer uma pausa nesta inquietação maternal constante. 

Nesses momentos, quando estamos juntos, no silêncio e no aconchego da noite, o mundo e o tempo param. É difícil de descrever, mas invade-me uma sensação de plenitude e uma paz que não sinto, nem nunca senti em mais nenhuma circunstância. 

Se gostava de ser mais descontraída e menos paranoica (é que nem imaginam os filmes que às vezes faço)? Gostava, mas o que é que eu posso fazer?!
Podia ser pior... não podia?!

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Socorro!

Tanto o Gonçalo como o Francisco vibram com futebol. São ambos do Benfica - para mal dos meus pecados, que sou sportinguista - e só não veem os jogos do seu clube quando não podem.
Mas se o Gonçalo vibra, o Francisco roça o fanático. O rapaz acorda e adormece a pensar em futebol e 90% das brincadeiras dele andam à volta do tema, inclusive comigo. A coisa vai alternando entre:

"Mãe, agora eu digo um clube português e tu outro, até um de nós perder."

(E lá fico eu a matar a cabeça, à procura nas minhas memórias de nomes de clubes que tenha ouvido).

"Mãe, agora eu digo um jogador e tu tens de adivinhar de que clube é."

(O que não é nada fácil, para que saibam, porque jogadores com nomes brasileiros estão em Portugal, jogadores com nomes portugueses estão em Espanha ou Inglaterra, jogadores com nomes franceses estão sei lá onde menos em França... não é nada linear!)

"Mãe, qual é o jogador que é o número não sei quê?"

"Mãe, qual é o jogador que faz esta comemoração quando marca?" (e segue-me uma coreografia estranhíssima).

Regra geral, atiro sempre com os mesmos nomes: Ronaldo, Messi, Neymar... às vezes acerto! É espetacular!

Os testes e brincadeiras futebolísticas são tantos e tão variados, que juro que às vezes até fico enjoada (literalmente) mal ouço falar em futebol, sobretudo quando acontece, como hoje, em que uma pessoa acorda às 6h30 da manhã - 6H30 DA MANHÃ - e ainda nem abriu os olhos e a criatura aproxima-se e diz:   

"Ó mãe, vamos fazer um jogo: qual foi o jogador que fez não sei quê no jogo contra não sei quem?"

A sério, ninguém merece!!

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