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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Continuas lá, ó Passos!


Mais uma. Mais uma amiga que se vai embora. Não de férias, não de Lisboa, mas de Portugal.

Mais uma que vai para milhares de quilómetros de distância da família e amigos, porque o nosso país parece não ter lugar para ela. Licenciada, inteligente, esforçada, super trabalhadora e dedicada, de pouco ou nada estas características lhe serviram cá. Há mais quem a queira, graças a Deus, e ela vai aproveitar. Faz bem, é bom para ela, mas, uma vez mais, este caminho vai ser tomado não propriamente por ser uma primeira escolha, mas antes por falta de escolha.

Quando soube da notícia, ontem, lembrei-me de uma entrevista que fui fazer no fim-de-semana passado. Entrevistei dois jovens criativos que vivem em Nova Iorque e às tantas ela dizia-me que, apesar de não saber pormenores sobre a situação económica do país, lhe fazia impressão encontrar tantos jovens portugueses com talento fora do Portugal. Disse-me que não percebia porque é que o governo português não investia no sentido de reter e atrair talentos, como o fizeram já vários países europeus como, por exemplo, a Holanda, e que ainda hoje colhem frutos por este tipo de iniciativas.

Oh minha amiga! Se tu soubesses!!! É tão mais fácil aconselhar e mandar a malta emigrar!!!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

As autárquicas aqui da zona são uma animação!

Já andava para comentar aqui convosco uma situação que me intrigou desde que me deparei com ela, mas a coisa foi passando e acabei por nunca mais o fazer. Mas agora, e como houve desenvolvimentos, não resisto.

Então é o seguinte: eu moro em Oeiras e, tal como em todos os municípios, tenho de levar com os outdoors das campanhas eleitorais para estas autárquicas.

Ora, houve uns cartazes que me chamaram a atenção por motivos negativos. Ainda que, negativos ou não, se pensar no assunto a verdade é que o objetivo de quem pensou a campanha foi conseguido :)! Chamaram a minha atenção e acredito que não fui a única!



Pelo que percebi, estes cartazes de que falo pretendiam (falo no passado porque já não estão nas ruas) passar a ideia de que quem está nos cartazes são pessoas comuns, cidadãos como nós, que estão a dar a cara por um partido; gerando em nós um sentimento de maior afinidade com o mesmo, já que aquelas pessoas podiam muito bem ser nossas amigas ou até familiares.

Até um "Tio Carlos" havia! (Sendo eu da linha de Cascais, questionei-me se a ideia era quererem que sentíssemos que aquele senhor podia ser nosso familiar ou se é antes aquela coisa "bem" de chamarem "tio" e "tia" a tudo e todos... "tá a ver?")


Mas como a mensagem me despertou a atenção, por me ter soado a estranha e porque desconfio sempre desta coisa dos políticos quererem armar-se em amiguinhos e se porem em pé de igualdade com o povo (começando logo aqui o cinismo), quis saber de que partido eram aqueles meus "amigos" e "familiares". E é aqui que está outro dado giro, se não o mais giro. É que não dizia em lado nenhum. NENHUM! Estava escrito no cantinho inferior "Moita Flores" e outra mensagem qualquer. E era só.

"Ah e tal, mas eu não sei por que partido está o Moita Flores a candidatar-se!" Pois... então azar o meu. É que nem a cor de fundo nos dá dicas. É uma cor híbrida, entre o vermelho e o laranja, estilo dregradé (o que me dá vontade de rir só de pensar nesta mistura explosiva! :P)

Já agora, hoje sei que é pelo PSD. A minha pergunta é: então mas agora os senhores do PSD têm vergonha de assumirem o seu partido? Ou será medo? Medo que nas autárquicas se pague pelo que se está a passar no país, com este Governo à cabeça? Ou esqueceram-se?

Como disse, a coisa foi passando e acabei por nunca mais falar neste assunto, mas esta semana dei de caras com o "second round" de outdoors desta mesma campanha. E esta, meus amigos, é igualmente... estranha! Para não dizer pior! De qualquer forma, e mais uma vez, o mérito dos marketeers está lá, porque não há dúvida que chamam a atenção!

Desta vez, para além das caras dos meus "familiares" e "amigos", e da referência, no cantinho inferior, ao Moita Flores e à tal frase que está lá à laia de slogan, podemos ler em destaque algumas ambições desejadas para o Concelho. Mas as frases são de chorar a rir... ou então não!

De qualquer forma, e pelo menos para mim, esta campanha está a dar muito mais ânimo às autárquicas aqui da zona. Mal posso esperar pelos próximos cartazes!!!



sábado, 25 de maio de 2013

Meti-me numa atividade radical!


Nem tentem adivinhar qual é, porque não vão conseguir.

O desfralde cá em casa está a andar devagar devagarinho. No fim-de-semana noto alguns progressos, mas durante a semana tenho a sensação que a coisa descamba um pouco. Vai daí, decidi que este fim-de-semana iria ser radical e andar com ele sem fralda, mesmo na rua.

Cá em casa ele já andava só de cuecas, mas quando saíamos punha-lhe uma fralda cueca e depois a cueca por cima (só naquela do jogo psicológico: "ahh que crescido, já usas cuecas e tudo!"). Mas a coisa não ata nem desata e começo a pensar que é por ele sentir que tem "ali" uma segurança. De maneiras que hoje de manhã lá fomos passear com o rabo quase ao léu (o dele) e levei o bacio atrás não fosse dar-lhe a vontade.

Mas porque é que eu digo que isto de arriscar andar com ele sem fralda  na rua é uma atividade radical? Primeiro, porque a adrenalina está lá. Nunca sabemos quando é que o puto vai fazer chichi, ou algo pior, em pleno parque ou em pleno centro comercial, por exemplo. Depois, porque exige disciplina e persistência. Estar constantemente a perguntar-lhe se ele quer fazer chichi ou cocó e sacar do bacio volta que não volta, just in case, não é fácil. E terceiro, porque temos de estar em boa forma física, porque nunca sabemos quando é que teremos de agarrar num marmanjo de quase 14 quilos (no caso do meu filho) e fugir.... Que é o que eu penso fazer caso ele se borre e mije todo no meio de uma loja.


P.S. Hoje de manhã a coisa correu muito bem. Vamos ver como será no resto do fim-de-semana!



quinta-feira, 9 de maio de 2013

Quando o infinito não chega...


Fui dar-lhe um beijo antes de me ir deitar, como faço sempre. Mas há dias, como o de ontem, em que fico lá largos minutos só a olhar para ele e a dar-lhe festinhas. A tentar interiorizar tudo, para que nenhum detalhe me fuja da memória um dia mais tarde. Tenho pavor que isso aconteça, porque a acontecer, seria igual a tirarem de mim o que a vida me deu de melhor.

Sinto a pele dele, sorrio a olhar para o ar tranquilo com que dorme, derreto-me com a boquinha fofa que ele tem, sinto o cabelo dele nas minhas mãos...

Ele é o meu anjo na terra. É o meu tudo!

Ali estava eu, a sentir, em cada um dos meus poros, o amor gigante e mais que infinito que sinto por ele. A rezar para que nada entre nós mude. Que o tempo e a idade não apague a nossa cumplicidade e a nossa relação tão única e especial.

Sei que se hoje sou a pessoa mais importante para ele, fases haverá em que vai deixar de ser assim. Mas o que eu peço é que sejam apenas fases. Aquelas típicas da idade. Que isso não signifique, em momento algum, que o elo que nos une enfraqueceu.

O que sinto por ele é mais do que alguma vez achei que conseguisse sentir por alguém. Apesar de eu ser uma pessoa muito emotiva desde sempre, nada se compara ao frenesim de emoções fortes e boas que ele me ensinou a sentir. E se as coisas são assim hoje, eu sei, no meu coração e em todo meu ser, que será sempre assim!

terça-feira, 7 de maio de 2013

Coisas de uma desempregada: a análise


Se quando coloquei este post o fiz para partilhar uma sensação que me parece cada vez mais comum nos dias de hoje, e não tanto por ter pensado muito no assunto, os comentários e feedback que tive fez com que racionalizasse ainda mais o que se passou. Levou-me a analisar melhor o que senti e posso adiantar que não gostei muito de algumas das minhas conclusões!

Enquanto ouvia as mães a proferirem palavras de preocupação por estarem atrasadas para o emprego, senti-me frustrada, triste, com uma certa inveja (não da má), inútil e envergonhada. Talvez outras coisas mais, mas estes foram aqueles sentimentos mais dominantes.

Em relação aos três primeiros, até acho normal, mas os outros dois não estão certos. Não deviam encaixar nesta equação. No entanto, tenho a certeza que são partilhados por muitos desempregados que, como eu, estão nesta situação involuntariamente, querem muito arranjar emprego e esforçam-se por o conseguirem. 

Sentir os outros dois sentimentos, seja em que circunstância for, está errado! Sentir isto está totalmente errado!

Na minha "auto-análise", percebi que me senti inútil por não poder contribuir para a sociedade ativamente. Mas se for exata, a verdade é que não sou eu quem não o quer fazer. A sociedade é que, pelos vistos, não tem lugar para mim. Quanto ao "envergonhada", se pensar bem, quem tem muito com que se envergonhar são os governantes deste país. Os de agora e tantos outros que por lá passaram desde 74.

Sim, decididamente, vergonha era o que eu sentiria se me predispusesse a governar um país, mas depois não conseguisse oferecer emprego a quem vive nele. Se eu contribuísse para um decrescer brutal da qualidade e nível de vida da população, em nome de uma dívida que tem de ser paga custe o que custar, e levasse à frente quem tivesse de ser levado (desde que não seja nenhum amiguinho político ou pessoal). Se eu cortasse verbas em pilares básicos de uma sociedade dita civilizada e evoluída, como o são a saúde e a educação. Se retirasse privilégios a reformados que mal têm para comer. Se eu fosse a causa para tantos pais estarem a ver os filhos partir e tantos filhos se verem obrigados a ir para longe dos pais... 

Sim. Se fosse este o caso, é que eu realmente teria motivo para sentir vergonha! Muita vergonha! Mas isso sou eu!

Curiosamente, parece que quem devia ter vergonha na cara nem sabe o que isso é. Ao contrário do povo, que dorme mal e preocupado com as contas e com o seu futuro e o dos seus filhos, os responsáveis por tudo o que está a acontecer devem  dormir serenamente, nos seus colchões e almofadas caríssimos e altamente confortáveis, para acordarem frescos e poderem vir dizer ao Zézinho que o que estão a fazer é para o bem do país e que a redução da dívida está a ser um sucesso. 

Sabem o que vos digo? O Bordalo Pinheiro é que a sabia toda!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Quando o nosso aniversário era o dia mais feliz do ano

Hoje faço anos. Uns tantos. Mais do que 30 e menos que 35, digamos assim :P


Quando vivia em casa dos meus pais eles tinham por hábito, no dia do meu aniversário, acordarem-me  para me darem os parabéns. Eles saíam mais cedo, mas vinham sempre dar-me um beijinho antes. Também me davam as prendas, é verdade, mas o que me ficou no coração, até hoje, foi aquele sentimento que eles me ofereciam; naquele dia eu sentia-me, realmente, a pessoa mais importante do mundo!

Desde que me emancipei é inevitável recordar este sentimento no dia do meu aniversário... Com alguma nostalgia, confesso. No entanto, acho que é daquelas coisas que só somos capazes de sentir em pleno quando somos crianças e jovens. Depois... depois crescemos, surgem preocupações e, um dia, nascem os filhos. E nesse momento todas as prioridades e noções que tínhamos de conceitos como felicidade, alegria, etc, elevam-se para um outro patamar. Quando temos filhos, é impossível nos sentirmos a pessoa mais importante do mundo. Isso, no nosso coração, no mais fundo do nosso ser, está reservado para o nosso pequenino/a. Todos os dias! Sem pausas. Sem intervalos! Nem no nosso dia de anos, nem em segundo algum! Em compensação, quando olhamos para eles sentimo-nos as pessoas mais felizes de todo o universo.

Só espero conseguir aquilo que os meus pais conseguiram: fazer com que o meu filho se sinta a pessoa mais especial do mundo (sobretudo no seu dia de anos), de tal modo que, como eu, recorde sempre com carinho e amor esse sentimento.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Quando a vida vira do avesso, mas nunca esteve melhor!


Fez ontem 3 anos que soube que estava grávida. Foi nesse dia que a minha vida ganhou uma cor que nem sabia que existia. Foi nesse dia que entrei num maravilhoso mundo novo. Foi nesse dia que iniciei aquela que hoje considero ser a jornada mais bonita da minha vida; jornada essa que lhe conferiu um significado maior, um propósito maior!

Eu gostava muito da minha vida antes de ser mãe, não me interpretem mal, mas, de certo modo, parece que a minha vida recomeçou verdadeiramente naquele instante em que o teste deu positivo.

MUITA coisa mudou desde esse dia até hoje, mas TUDO o que mudou tem sempre um ingrediente associado: um amor infinito, que só uma mãe (pai) consegue sentir.


O que é que mudou? Ora vejamos:

- Logo quando estava grávida, passei a fazer coisas que não me agradavam, mas tudo em nome do bem estar dele: comia legumes, não bebia vinho, não comia castanhas assadas...

- Nunca mais dormi mais de 3 horas seguidas (mesmo quando ele fica com os avós, o que é raro, há um alarme qualquer interno que fica sempre ligado, mesmo que não seja necessário).

- As noitadas continuam a existir depois de ser mãe, mas já não são a beber copos com os amigos!

- A casa nunca mais ficou totalmente arrumada.

- Voltei a brincar com bonecos, ao faz-de-conta e a ver desenhos-animados.

- Um simples sorriso, o dele, é capaz de amenizar o pior dia que possa estar a ter.

- A gargalhada dele passou a ser o melhor som do mundo para mim.

- O abraço dele é a única terapia que preciso para me sentir genuinamente feliz!

- Desde que fui mãe, dou muito mais valor às coisas simples que a vida oferece. As crianças têm o dom de nos ensinar isso todos os dias!

- A minha mala passou a ter coisas como brinquedos, chuchas e até fraldas.

- O meu carro está sempre cheio de migalhas de bolachas!


- O mais pequeno feito/ graça que ele faça é visto como a maior das conquistas! Sabem o cliché dos papás estarem a olhar para um bacio cheio de cocó e fazerem uma festa como se o filho tivesse feito dinheiro? I´ve been there!

- Voltei a comer doces e fast-food às escondidas. Mas, agora, em vez de ser dos meus pais, é do meu filho.

- A última coisa que faço antes de sair de casa já não é ver-me ao espelho para ver se estou bem. O rol de tarefas a verificar é tão grande, que nem me lembro de tal coisa.


Li um dia, algures, que o nosso corpo só é capaz de sentir paixão pela mesma pessoa durante uma média de 1 ano e pouco. Pois eu digo-vos que é mentira! Estou apaixonada pelo meu filho desde o primeiro dia, já lá vão mais de 2 anos e 4 meses e a paixão não só se mantém, como é cada vez mais forte!

Este é mais um Momento Limetree.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Obrigada Sr. Primeiro Ministro

Pois que este texto serve apenas para dar os parabéns ao nosso Primeiro, visto que o seu conselho sábio, amigo e preocupado, incentivando os jovens a emigrarem, está ser seguido cada vez por mais pessoas, inclusive por amigos meus.

Para além de lhe dar os parabéns, queria também agradecer-lhe por estar a levar os meus amigos para longe de mim! Espero que a família e amigos dele sigam igualmente este conselho! E ele também, já agora!


Sim... estou fula da vida (para não dizer outra coisa)! Este fim-de-semana, um grande amigo meu disse-me que está de "abalada". Mais um! E nem me venham com as tretas irritantes de que de certeza que esta decisão se virá a revelar o melhor para ele. Isso sei eu!!! O que as pessoas não entendem é que as coisas não deviam de ter de ser vistas assim!

É suposto eu me conformar com a ideia de que no meu próprio país nenhum jovem terá futuro ou que, mesmo que tenha, de certeza que não será, nem pouco mais ou menos, tão bom como aquele que irá encontrar fora daqui?

Eu não estou a falar de jovens que vão fazer Erasmus ou outros programas que tais, nem jovens que acabam o curso e decidem dar um "pézinho" noutro país para aprofundarem conhecimentos. Estou a falar de jovens qualificados, que já tentaram tudo por tudo cá, que têm cá a família, que não querem sair daqui, mas que não têm outro remédio senão fazê-lo, visto que cá já esgotaram todas as tentativas para serem bem sucedidos. E não! Quando falo em bem sucedidos não quero dizer que tentaram ser ricos e não conseguiram. Eles simplesmente tentaram arranjar um emprego que lhes permitisse ter uma vida sem ser sempre no sufoco.

Estou também a falar de jovens da minha idade, na casa dos 30 que, por exemplo, como aconteceu com um dos meus grandes amigos de infância, se veem obrigados a sair de Portugal e deixar para trás a mulher e a filha de 3 meses!!! Isto é criminoso! Um governo que não dá outra saída aos jovens que não seja a emigração, aconselhada pelo próprio governo, deveria ser responsabilizado! Um governo que não consegue garantir um futuro às gerações mais novas (na verdade, nem às mais velhas) e que chega ao cúmulo de se descartarem de o fazer, mandando-os embora, não esá no poder a fazer nada!

O mundo à minha volta está a mudar. O meu mundo está a mudar. Estou a ver pessoas que gosto, que me são muito, quase família, a irem-se embora e isso dói! Eu sei que não morreram e sei que vão estar bem, mas dói na mesma. Dói porque sei que, daqui para a frente, provavelmente não terei a presença delas nos meus aniversários, eu não poderei estar lá nos delas, elas não acompanharão o crescimento do Gonçalinho, elas não estarão "aqui ao lado"...

O pior é que sinto que isto e só o começo. Receio que mais amigos tenham de seguir o mesmo caminho, receio que o meu irmão, finalista da faculdade, tenha de o fazer, e estou a ver cada vez mais próximo o dia em que eu própria terei de ponderar essa hipótese.

Já sei. Poderá ser o melhor para mim. Já percebi! Mas é esse princípio que faz com que tudo esteja errado! Quando o melhor para os jovens é saírem do próprio país, há alguma coisa que está muito mal. E quando as pessoas fazem comentários como "não sei porque é que os jovens se queixam nem qual é o drama, porque sempre é um oportunidade de aprenderem uma língua, conhecerem outra cultura , etc", então mais errado e distorcido está tudo isto! Porque uma coisa é um jovem sair do seu país porque QUER conhecer uma nova cultura, aprender uma nova língua, etc. Outra, completamente diferente, é um jovem TER de ir embora contra a vontade.

Mesmo que sair do país se venha a revelar uma boa escolha, não apaga o facto da "boa escolha" ter sido imposta por falta de escolha.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Os bastidores do governo (com letra pequena)



Dia 2. Lá fui eu cumprir a obrigação imbecil de me apresentar de 15 em 15 dias ao estado, com letra pequena para não lhes dar importância, e eis que na folha onde vem indicado o próximo dia em que terei de marcar presença, vem lá uma oferta de trabalho sugerida por eles. E, segundo me disseram, eu sou obrigada a responder, apesar de não ter o mínimo interesse em fazê-lo. 

Estamos a falar de uma oferta para uma posição que em nada me interessa, fica a 90 km da minha casa e oferecem 800 euros (sendo que teria de ir para lá de carro e convinha comer alguma coisita. Ou seja, o estado, com letra pequena, sugere-me um emprego em que ganharia cerca de 400 euros). 

Nem caibo em mim de tanta satisfação e rejúbilo face a este simpático serviço público.

Continuando... lá fui à procura do dito anúncio no site do centro de emprego e eis que me deparo com um dos piores sites que já vi. É feio, pouco apelativo, confuso, pouco prático, irritante e muito mais... mas tudo em mau.

Vai daí, comecei a imaginar como é que estas coisas são feitas e calculo que deva ser mais ou menos assim:

Primeiro-Ministro: Ó rapaz, faça lá um site para os portugueses que estão desempregados encontrarem um emprego e deixarem de viver da mama dos subsídios de desemprego.

... passada uma semana...

Eng. Informático: Cá está o site Sr. Primeiro Ministro, Secretário de Estado.... Como podem ver, é clean, intuitivo e com dois ou três clicks as pessoas chegam à informação que pretendem.

P.M.: Mas você não está bom da cabeça rapaz? O site que nos está a mostrar vai totalmente contra a nossa identidade. Queremos uma coisa enfadonha, aborrecida só de olhar e que contenha toda a informação logo na homepage. E não interessa se é interessante ou útil. E depois, faça lá a coisa de maneira a que sejam necessários uns 10 clicks, no mínimo, e outras burocracias pelo meio, de modo a que o povinho demore vários minutos até encontrar o que quer que seja. Estamos entendidos? E não se esqueça de fazer com que o site esteja indisponível algumas vezes!
Assim também não é fácil responder aos anúncios.
Eng. Informático: Mas, mas... assim as pessoas vão perder imenso tempo!!! E...

P.M.: E então? Estão desempregados... não há problema. Sempre é uma forma de ocuparem o tempo. Até estamos a ser amigos. Vá, faça lá isso. E já agora, a ver se para a semana põe um aviso no site do Ministério da Saúde a avisar os portugueses que eles só podem ficar doentes uma vez este ano. Se ficarem doentes duas vezes que seja, perdem o direito ao serviço nacional de saúde. Essa mania que as pessoas têm de ficarem doentes tem de acabar!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Centros de Emprego: os nossos pequenos infernos!

Dizem que algures existe um céu e um inferno. Eu sou católica, mas não vou tão longe. No entanto, em Portugal, temos a "honra" de ter espalhados, de norte a sul, pequenos verdadeiros infernos.


Hoje, tive de ir ao IEFP de Cascais tratar da minha situação e fiquei com uma vontade atroz de bater em quem estipulou que as coisas deveriam funcionar como funcionam. Isto, porque simplesmente NÃO FUNCIONAM! Fiquei lá CINCO HORAS. C.I.N.C.O.!!! Mas onde é que raio já se viu uma coisa destas?! 

Amigos do governo (livra, salvo seja), o país está com uma taxa de desemprego altíssima e a tendência é para crescer ainda mais, certo? (e não me venham com os números manipulados de alguns estudos porque não me convencem) Avançando, assim sendo, dava para, sei lá... aumentarem o número de horas de funcionamento destes serviços? Permitirem que as pessoas tratem destes assuntos noutras instituições, tipo loja do cidadão ou whatever? (e viram como não falei em aumentar o número de funcionários? É que não quero que me acusem de estar a dar ideias pouco realistas e que impliquem mais custos).

Depois de quase 5 HORAS para ser atendida, uma funcionária lá me atendeu; muito simpática e atenciosa, por sinal! E não estou a ser irónica! Ela lá me diz, sem surpresa para mim que já tinha ouvido dizer,  que na Segurança Social estão a demorar cerca de 3 meses para avaliar os processos. TRÊS MESES?!!

Face a isto, volto a dirigir-me a vocês, amigos do governo (salvo seja) com uma perguntinha: E é suposto durante este tempo as pessoas viverem do quê? Do ar? Pessoalmente, não terei problemas, mas... e quem tenha? É suposto dizermos no banco, no supermercado, na farmácia, nos médicos, etc: "Olhe ó faxavor, ponha na conta por obséquio, sim? São só uns três mesitos até a segurança social me avaliar o processo, está bem?" 

O que vocês precisavam senhores do governo, TODOS, sem exceção, era experimentarem um jogo com as seguintes regras: 

1. Ficarem desempregados (e neste jogo, cujas regras até foram vocês que inventaram, vocês ficam desempregados e sem ganhar brutas reformas, pensões ou subsídios milionários. Se é para terem a noção da realidade e deixarem de viver nas vossas redomas de vidro, então tem de ser à séria. Não levem a mal!); 
2. Passarem o dia todo no centro de emprego para terem direito ao fundo de desemprego (e olhem que isto já é uma sorte. Há muitos que não têm direito a nada!); 
3. Esperarem 3 meses até vos dizerem ao certo quanto vão ficar a receber e a quanto tempo de subsídio de desemprego têm direito. E, claro, nestes 3 meses não recebem um tusto. 
4. Seis subsídios depois, começam a ganhar menos (sem perspetivas nenhumas de arranjarem emprego visto que em todas as áreas são sete cães a um osso);
5. Têm de se apresentar de 15 em 15 dias num sítio qualquer, para fazerem prova de vida.

E eu vou pegar nesta última regra para perguntar: Quem foi o imbecil que se lembrou de tal coisa? Sinceramente, eu pergunto-me "O que é que esta malta tem a ver se eu quiser ir um mês inteiro ver os meus tios velhinhos no norte, aproveitando assim a infelicidade do desemprego para estar com eles?" (não tenho tios no norte, mas podia ter). 

Mas a sério. Esta coisa é porquê? Porque acham que assim é uma forma de obrigar as pessoas a procurarem emprego? Amigos, salvo seja, existe uma coisa há uns bons anos que se chama internet e dizem que dá para comunicar em qualquer lado e com qualquer pessoa. E esta, hein? 

Outra vez a sério; quem realmente quer procurar emprego, fá-lo até na lua. Já quem não quer, não vai passar a procurar só porque tem de entupir mais um serviço público de 15 em 15 dias! 

Onde é que vocês pensam nestas coisas? Estas ideias iluminadas são resultados de brainstormings? Really? Eu espero sinceramente que não. Seria demasiado constrangedor! É como pensar que temos vários Bush a comandar-nos! Credo!!!! Que ideia assustadora!

Mas é isto. Hoje estive num dos nossos pequenos infernos. Semelhante a esta experiência, só uma que vivi na Segurança Social. Quando tive de ir lá com o meu filho recém-nascido e, apesar de ter uma senha prioritária, demoraram 2 horas para me atender! 


Nota: Mais tarde, ou amanhã, farei apreciações mais divertidas sobre esta minha experiência. 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Desemprego: Dias Zero!


Eis o motivo para, volta que não volta, andar mais triste e refletir isso mesmo aqui no blog. Em novembro fico, oficialmente, desempregada, apesar de, na verdade, já não estar a trabalhar. Como tinha de usufruir obrigatoriamente de uns dias que tinha de férias, começo, a partir de hoje, a contar os dias zero para a minha entrada num mundo no qual preferia não viver.

O desemprego sempre me assustou. Talvez por desde sempre me terem dito que o curso que escolhi não tinha saída e de toda a gente, a começar por grande parte dos professores da universidade, traçarem o cenário mais assustador possível para quem insistiu naquela área. No entanto, apesar do negativismo imposto, até ao momento tinha tido sorte. Já lá vão 10 anos!

Sempre encarei o facto de ter emprego, ainda mais na minha área, como uma autêntica benção. Agradecia sempre a Deus este facto (sim, sou católica) e naqueles momentos em que "temos" de pedir desejos, tipo aniversários, passagem-de-anos, etc, era um dos meus top 3. Continuar a ter trabalho.


Mas já não tenho! Sou mais uma para as estatísticas. Apenas mais uma.

De que me vale a licenciatura de Comunicação Social que tirei na Universidade Católica? De que vale a pós-graduação e outros cursos intensivos e workshops que fiz entretanto? De que vale o dinheiro que os meus pais investiram na minha formação e o dinheiro que eu investi depois também? De que me vale um currículo que conta com 7 anos de jornalismo, nos quais exerci cargos de chefia, ou os 3 anos como responsável de comunicação com os media de uma grande empresa internacional? De que vale isto tudo se depois o país não nos acolhe? Não nos emprega? Não nos valoriza? Não tem lugar para nós?

Sou só mais uma e sei que a minha área também é só mais uma das afetadas por esta crise. Por esta vergonha política. Por estes políticos incompetentes. Por estes sucessivos governos corruptos, que não são humanos nem políticos. Não são nada. Não valem nada e o cunho que deixam no país é tudo menos aquilo que seria suposto esperar da classe política.

Por mais que nos dias de hoje o facto de ser desempregado não tenha o estigma que tinha há uns anos, não é uma condição apelativa nem que nos permita falar dela na primeira pessoa sem sentir algum constrangimento. Mesmo que nos dias de hoje grande parte dos desempregados sejam (altamente) qualificados e de quadros superiores, mesmo assim não se diz que se está desempregado como quem diz que está a chover.

Hoje, será o primeiro dia de qualquer coisa que espero que passe rápido. Hoje, vou entrar no ritmo das consultas de anúncios de ofertas de emprego, na ansiedade de receber respostas depois de enviar CVs, na expectativa que um novo refresh aos mails traga boas-notícias, nas idas ao centro de emprego...

Hoje, é o meu primeiro dia numa situação que NINGUÉM, em países considerados desenvolvidos, devia viver!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Fiz um retiro informativo... and I liked it!

Desde o fim-de-semana que tenho vivido numa espécie de retiro informativo. Ou seja, não vejo noticiários e tento não ler muita coisa acerca da atualidade. Poderá parecer paradoxal, tento em conta a minha formação em comunicação, mas olhem, se se ouvissem mais boas notícias não precisava de ter chegado a este ponto! É claro que gosto de estar informada acerca do que se passa no mundo, mas precisava mesmo de fazer uma pausa nas más notícias. E digo-vos, foi MUITO BOM!

Por não ter ouvido/ lido mil vezes por dia as palavras crise; Troika; desemprego; despedimentos; défice; Passos Coelho; aumento de impostos; dívida pública; etc, etc, andei menos chateada, revoltada, zangada, ansiosa, nervosa...

É claro que não defendo que as pessoas não devem andar informadas para se protegerem. Por mais que as notícias não sejam boas, ainda acredito que estar informado nos protege mais do que nos prejudica. Mas também acredito que volta que não volta temos de dar umas tréguas ao nosso espírito! Foi o que eu fiz, soube-me bem, sinto-me regenerada, mas hoje chegou a hora de encarar a vida real. Algum dia tinha de ser :)

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Onde é que vai chegar o jornalismo em Portugal?


Aqui está o Gonçalo a "ler" a Automotor e fascinado com a foto do BMW que está a ver (mais uma influência do pai). Mas não se deixem enganar pela foto. Não vou falar de coisas fofas nem de feitos do meu "bambino". Vou falar de uma situação que me entristece e preocupa e que está a acontecer aos olhos de todos. Dado o panorama atual, o que está a acontecer até poderá parecer uma banalidade, mas na verdade é muito mais grave do que possa parecer a uma primeira vista.

A Automotor que o meu filho está a ver, assim como as revista Volante, Autosport e Casa Cláudia, só para dar quatro exemplos, vão fechar. A isto, junta-se o facto de que já todos devem ter ouvido: o Jornal Público e a Agência Lusa vão ver reduzidos, drasticamente, os jornalistas nas suas redações. E eu pergunto: o que é que estão a fazer ao jornalismo neste país? Até onde é que é suposto as coisas chegarem?

É verdade que quando acabei o curso de comunicação social, em 2002, já havia precariedade no setor, uma dose considerável de desemprego, etc. Mas não me lembro das coisas terem chegado a um ponto tão preocupante. E atenção, esta preocupação sinto-a como cidadã e não como ex-jornalista (já não exerço há três anos).

Eu leio o Público online todos os dias, porque é um meio que eu gosto, porque admiro os profissionais que lá trabalham, acredito que eles cumprem muito bem o seu papel. Informam e prestam um serviço público; sem querer fazer trocadilhos baratos com o nome. Ora, se vão despedir grande parte dos jornalistas mais antigos (36, estamos a falar de 36 jornalistas!!), e por melhores que sejam os profissionais que lá vão ficar, basta fazer as contas. A qualidade NUNCA poderá ser a mesma.

O grave disto tudo é que por mais interesses comerciais e económicos que existam por detrás dos grupos que detêm os meios de comunicação social (sempre houve), mal ou bem o jornalismo AINDA é um dos símbolos máximos da democracia. Com estes cortes sucessivos nas redações, cortes estes que têm a sombra da crise a ampará-los, iremos, inevitavelmente, ver este símbolo comprometido e corrompido.

Eu gostava de ver como seria se todos os meios resolvessem fazer o que a Lusa está a fazer até domingo: Greve. Se todos, mesmo todos, os meios de comunicação fizessem greve, por um dia que fosse, uma manhã que fosse, nem quero pensar onde as coisas iriam. No limite, seria ver o Governo meter ainda mais os pés pelas mãos durante esse tempo, para aproveitar o silêncio informativo. Porque não nos enganemos, a comunicação social pode não conseguir impedir que os incompetentes dos governos e partidos façam asneiras, mas não duvidemos que essas asneiras só não vão mais longe porque a comunicação social existe. Porque, usando os galardões da democracia, da isenção, da liberdade de expressão, a comunicação social expõe aquilo que eles preferiam que ficasse debaixo do tapete.

Sim, preocupo-me. Porque não sei quando é que os cortes vão acabar, onde é que isto vai parar e o mau jornalismo não é jornalismo. E é a este ponto que as coisas vão chegar. A um mau jornalismo.Tendo em conta que grande parte das redações já exerce a profissão quase sem sair da secretária, porque não há dinheiro para ir para a rua fazer trabalho de campo, podemos imaginar como será daqui para a frente, a juntar isto a redações reduzidas até ao tutano.

Hoje não me sinto minimamente inspirada. Gostava de fazer um texto mais certinho, composto e organizado, porque este tema diz-me e toca-me muito, mas hoje não consigo. Por outro lado, e como impulsiva que sou, tenho necessidade de pôr cá para fora o que sinto hoje. Não sei se consegui transmitir o que me vai cá dentro... a verdade é que este país anda a cansar-me!

Viva a democracia! Onde quer que ela esteja!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Uma crise económica já é mau, mas juntar-lhe uma crise de valores é demais!

Quando leio notícias como a que li hoje, em que uma anormalóide de uma diretora de uma escola impediu uma criança de 5 anos de comer, porque os pais não pagaram os 30 euros referentes a não sei o quê, sinto uma coisa no meu coração que nem sei explicar bem. Primeiro sinto uma angústia que só me dá vontade de chorar. Apetecia-me abraçar aquela criança e explicar-lhe que aquela "crescida", aquela "adulta", era uma exceção. Que os "grandes" estão cá para a proteger e que ela é muito amada. Tentar explicar-lhe que, de vez em quando, e infelizmente, conhecemos pessoas más, mas que é mesmo só de vez em quando. No fundo, sinto a necessidade de voltar a dar àquela criança uma boa dose de felicidade, alegria, confiança, esperança e, acima de tudo, a ingenuidade que qualquer criança deve ter.

Mas para além disto, quando leio notícias como esta sou invadida por uma raiva tão grande, mas tão grande, que acredito mesmo que se visse aquela mulher à minha frente era capaz de a encher de murros e pontapés e tudo o que ela merece de mau. Como é que um ser humano se atreve a fazer uma coisa destas a uma criança? Quem é que ela julga que é? E como se atreve a falar em negligência dos pais depois de fazer uma coisa destas? 

Sim, murros e pontapés, era o que ela merecia. Mas em jejum... depois de estar há várias horas sem comer, para ver o que custa!

Como é que coisas desta laia (não a vou chamar de pessoa porque ela não merece) vão para a frente de direções de escolas?! 

Já é mau viver num país em crise económica, mas em crise de valores... isso é demais! As nossas crianças não merecem isto. Até porque, por mais complicado que seja, podemos improvisar contra a crise económica. Ser mais criativos e em vez de uma refeição de carne de vaca fazer uma refeição de frango. Mas não podemos improvisar os valores. O que é que aqueles pais vão dizer àquela criança? Como é que eles vão conseguir justificar um ato tão cruel? Com que visão é que ela ficará do mundo?

Estou triste, com o coração pequenino e muito solidária com aqueles pais. Só espero que esta borrega (sem querer ofender o animal) seja punida como deve.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Estes filhos da mãe até nos estão a roubar os nossos filhos!


Sim, estou revoltada. Estou revoltada enquanto portuguesa e estou indignada enquanto cidadã. Estou enojada com tudo o que se passa neste país. Com a complacência com que os podem fazer alguma coisa assistem ao que os nossos governantes, claramente desgovernados, nos estão a fazer. A nós. A TODOS nós. São tão tristes, medíocres e pequeninos, que não percebem que mesmo que consigam sair impunes desta história hoje, o mesmo não acontecerá aos filhos deles ou aos netos deles. Ou até mesmo com estas duas gerações e mais ainda! São tão egoístas, egocentristas, incompetentes e ignorantes, que não veem para além deles próprios e do seu tempo.

Mas apesar da minha revolta e indignação enquanto cidadã portuguesa, este texto é escrito enquanto mãe. Uma mãe a quem esta gentinha política está a consumir por dentro de tanta preocupação e medo do futuro. Sim, porque esta escumalha está a colocar as coisas num patamar, em que a única alternativa para os nossos filhos é saírem daqui. Irem para longe dos pais e tentarem construir uma vida digna desse nome longe de Portugal.

Como é que se atrevem a fazer com que uma mãe tenha de viver longe do seu filho? Como é que se atrevem a privá-la de o poder ver evoluir profissionalmente; partilhar com ele as alegrias e tristezas da vida; vê-lo formar uma família; ampará-lo quando ele mais precisar; acompanhar o crescimento dos netos?

Estes asquerosos estão a destruir famílias e o próprio conceito de família. E fazem-no hoje, mas não nos enganemos, o que está acontecer terá, inevitavelmente, repercussões futuras.

Deviam de ter vergonha e, se não a têm, deviam de pensar nas mães deles, que neste momento devem morrer de tristeza e desgosto por verem os seus filhos destruir e arruinar uma nação.

Olhando para a realidade à minha volta, vejo a maior parte das mães a desejar poder dar aos seus filhos a oportunidade de irem estudar e trabalhar para fora do país. E só uma mãe sabe o quanto isso dói. Saber que o melhor para o nosso filho é ir para longe de Portugal e, consequentemente, para longe de nós, faz-nos doer até às entranhas e corroí-nos a alma de uma maneira difícil de descrever. Quando uma mãe pensa nas coisas nestes termos, fá-lo por amor, o mais puro amor, e não para nos descartarmos de responsabilidades, como fez o outro.

Mas esta questão vai mais longe. Eu tenho 33 anos, e estou a ver todos os meus amigos emigrar ou a pensar fazê-lo. Eu própria ponho essa hipótese, apesar de amar o meu país e só a ideia de me separar dos meus pais, mano, família e amigos, me levar às lagrimas! Mas, realmente, o que nos resta aqui? Neste país podre?
Eu sei que este governo não é o culpado de tudo – se me puser à procura de responsáveis pela triste situação atual de Portugal, teria de recuar até 1974 e teria de escrever este texto por capítulos e ter acesso a dados que decerto nunca ninguém terá – mas é este governo quem nos está a dar o tiro de misericórdia. Paradoxalmente, uma misericórdia sem um pingo de piedade ou humanidade.

Mas uma coisa é certa. Este governo conseguiu dois feitos que acredito serem difíceis de alcançar e, por isso, dou-lhes os parabéns: devem ser o governo que mais antipatias reuniu, da esquerda à direita (o que quer que seja que isto signifique nos dias de hoje), e estou convencida que, num futuro próximo, os nomes deles irão constar dos livros de história de Portugal das nossas crianças. É certo que será para dizer que eles afundaram e destruíram Portugal mas… “what a hell”? O que interessa não é o protagonismo?!

Seja como for, o que eles não se podem esquecer é que estão a tocar num ponto muito sensível. Estão a mexer com as mães deste país. Estão a roubar-nos os nossos filhos. Toda a gente sabe que isso não se faz. Se irritar uma mulher já é lixado com “f”, então irritar uma mãe nem se fala! Os brandos costumes poderão estar com os dias contados e, mesmo que se mantenham, temos sempre a guerra fria!



Nota: O título era para ser outro, mas por respeito às mães destes senhores e senhoras, que provavelmente não têm culpa nenhuma, contive-me!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O (cada vez mais) triste estado do nosso Estado

Ou me está a escapar algo e ninguém me sabe explicar bem como é que as coisas funcionam ou então elas são mesmo como me disseram (e eu própria as entendi depois de investigar sobre o assunto). Ora, se assim for, isso quer dizer que temos sido, e continuamos a ser, governados por um bando de atrasados mentais, inconsequentes, preocupados unicamente com jogos de poder pessoais, reformas milionárias e tachos pós-governo que se traduzem em ordenados chorudos e cargos elevados em empresas públicas… Isto, em vez de se preocuparem com o bem-estar da nação e do seu povo e com o futuro de país.

Então esclareçam-me lá, sff, não vá eu estar redondamente equivocada…

O Gonçalinho tem 2 anos e anda num colégio privado. A minha pergunta é: e se agora me acontecer alguma coisa que não me permita continuar a pagar a escola? Faço o quê? Ponho-o numa IPSS? Era uma hipótese ótima, não era? Não fossem elas estar “cheias, sem vagas e terem listas de espera enormes”. Ponho-o numa escola pública, então? Não posso, porque…. E vejam lá se isto não é engraçado? (Quase que nem me aguento de tanto rir) Não posso, PORQUE NÃO EXISTEM!!! Só a partir dos 3 anos! Antes disso, e no que diz respeito à educação (um direito previsto na Constituição), os nossos filhos não existem para o Estado. Interessante, não é? Ou então é só triste!

Portanto, se eu ficar desempregada, o que é que eu faço com o Gonçalinho? Resta uma hipótese: ficar com ele em casa! Uma solução que me suscita algumas reservas, confesso. Para começar, como é que eu procuro emprego, sem ser de forma passiva; a enviar CVs em barda sentada no sofá? Ou, por exemplo, como é que invisto na minha formação através de cursos, mestrados, workshops? Ahh, não invisto não é? Para quê, certo? Para que é que é preciso estar preocupada em arranjar emprego, quando o fundo de desemprego é tão alargado (cada vez maior) e tão chorudo, e numa altura em que está tudo cada vez mais barato? Ou porque é que acho mal em me limitar a enviar CVs no sossego do lar? Estando as taxas de desemprego tão baixas e sendo a oferta de emprego tão grande, nas mais variadas áreas, qualquer coisa me há de cair no colo, certo?

… Ahh… não é esta a realidade?! Hummmm. Será que “lá em cima”, em S. Bento, eles sabem disso?

Mas nem preciso ir tão longe. A verdade é que esta questão se levanta sem ser necessário falar em desemprego! Se a licença de maternidade são 4 meses (a 100%), o Estado tinha a obrigação de assegurar, pelo menos a partir desta idade, que os pais têm um sítio onde podem deixar os seus filhos, para, sei lá, PODEREM IREM TRABALHAR!

Se os políticos saíssem das suas redomas de vidro e olhassem à sua volta e vivessem a realidade, nem que fosse por um dia, se calhar Portugal seria um país bem melhor para os nossos filhos viverem! 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O amor de pai visto pelos olhos de uma mãe


Por ser escrito por uma mulher que é mãe e por ser um blog dirigido,  essencialmente,  a este público (mas atenção, pais desta vida, vocês também são MUITO bem-vindos a este espaço),  os posts acabam,  inevitavelmente, por focar muito a forma de amar e sentir das mães. Mas, hoje, vou focar-me no amor de pai; um sentimento muitas vezes subvalorizado.

O Marco ama o filho como nunca amou ninguém (não tenho a mais pequena dúvida disso), mas tenho a sensação que por vezes ainda se surpreende a ele próprio ao perceber o quão poderoso é aquilo que sente pelo Gonçalo. Esta semana aconteceu uma dessas situações. 

Como já disse, o Gonçalo tem estado doente a semana toda e, quando teve de ir ao hospital, quem foi com ele foi o Marco. Eu fui lá ter depois e, por isso, não estava lá quando tiraram sangue ao Gonçalo, para lhe fazer as análises. E agora podem pensar: "Então e depois? Qual é o problema?  Se estava lá o pai...". E eu explico: o problema é que o M. costuma desmaiar quando vai tirar sangue. lololol Eu sei que não é uma coisa muito viril mas, em defesa dele, posso dizer que é mesmo só nestas circunstâncias que ele é mais... como é que hei de dizer?!!! Não vou arriscar em arranjar um adjetivo porque ele pode não gostar de nenhum :P

Mas continuando. Ele realmente não gosta de agulhas e tanto faz se a agulha vai ser usada nele ou em terceiros. Só para ser ainda mais clara... Ele ia desmaiando, e isto é mesmo literal, com a descrição que a enfermeira das aulas de pré-parto fez acerca de todo o procedimento que iria envolver a injeção de epidural que EU ia levar no dia do parto! Um episódio que na altura não teve piada nenhuma, mas que hoje só nos dá para rir. 

A verdade é que estas coisas deixam o homem descompensado e as coisas são como são. E ele é assim... MENOS quando tem o filho para proteger e tem de pôr de parte o que sente; MENOS quando tem de fazer com que o filho se sinta seguro; MENOS numa situação em que ele tem de ter força pelo filho, acima de tudo; MENOS quando o que ele mais quer é que o filho não sinta dor, esqueça tudo e sinta apenas todo o amor que ele tem por ele!

Foi isso que ele fez nesse dia e, nesse dia, o Marco não desmaiou! 

O Gonçalo não tem como se aperceber disso agora, mas um dia vou-lhe contar este episódio. Porque esta foi uma das maiores provas de amor que o pai lhe deu. E eu... eu achei enternecedor e comovente. Isto sim, é para mim um exemplo inequívoco de virilidade :) 

Quanto a mim, nesse amei o Marco mais que nunca!

E é assim o amor de pai!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Eu, aqui, me confesso: não sei fazer (poucas) malas de viagem

Estou em contagem decrescente para as férias e já conto os minutos para "aterrar" os pezinhos no Sul. No entanto, fazer a mala de viagem é sempre uma dor de cabeça para mim.

Esta não sou eu, mas podia ser

Primeiro, e para começar, não há essa coisa de fazer “A” mala de viagem. No meu caso, e estou a falar SÓ dos meus pertences, a coisa não tem como ser dita sem ser no plural.

Ontem, lá comecei a arrumar a roupa e afins para levar e a gestão e seleção do que fica e do que vai é sempre dramática.

“Levo estas t-shirts, uma para cada dia, mais estas caso alguma se suje. Levo também estas… porque sim. Depois estas são para vestir à noite, este monte de roupa aqui é para o caso de estar frio, mais estes vestidos e, claro, casacos. Vários. Para combinarem com diferentes tipos de roupa." E pronto, com isto enchi uma mala.

Hoje à noite tenho de tratar dos sapatos, para o dia e para a noite, levo também alguns pares de Havaianas (porque, quer dizer, estamos no verão e não há volta a dar), uns ténis mais desportivos caso queira correr ou fazer algum desporto, cintos, uma boa quantidade de colares, fios, pulseiras, brincos, anéis, malas (também várias e umas dedicadas à noite e outras ao dia) e depois o nécessaire. E já está!

Ok, nunca tinha feito a descrição por escrito e admito que me cansou, mas não prescindo de nadinha! Até porque fico sempre a pensar nas coisas que não vão. E se me apetecer vestir aquelas calças não-sei-quê ou os calções não-sei-que-mais?

Esta quantidade era a ideal :)

O meu marido pergunta-me sempre se tenho noção de quanto tempo vou ficar. Não percebo onde é que ele quer chegar com o comentário! O facto de depois não usar nem metade das coisas que levo também não quer dizer nada. Não uso, mas podia ter precisado e assim tinha lá as coisas. Sou apenas uma mulher prevenida, só isso!

Ser mulher é muito complicado!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Quando a relação precisa de uma lata de gasolina e de uma caixa de fósforos... (como o livro)



Não há dúvida que o nascimento de um filho vem mudar em muito a dinâmica do casal. O tempo, que até então era dedicado quase exclusivamente um ao outro, passa a ser maioritariamente direcionado ao novo elemento da família. Nos primeiros tempos porque não há outra forma de fazer as coisas e também porque a dependência total deles em relação a nós se mantém por muito tempo. Por sua vez, os serões a dois reduzem drasticamente e, muitas das vezes, a disponibilidade mental para sair, fazer uma surpresa, organizar qualquer coisa de diferente, etc, também não é das maiores. Esta situação dificulta largamente quando não se tem uma rede de suporte: pais, sogros, tios…

Há dias em que sentimos claramente que para manter acesa a chama da relação, só usando gasolina e depois acedendo um fósforo!  

Todos sabemos qual a receita para evitar que chegue a este ponto mas, na “hora H”, quase todos nos deixamos levar pelo comodismo, conformismo, cansaço e falta de paciência. Mas é óbvio que é importante fazer um esforço. Por nós, pelo nosso respetivo, pelo nosso filho e por nós enquanto casal. E esta regra aplica-se ao marido e mulher, naturalmente!

Acho que o que vou dizer de seguida não será de todo consensual, mas cá vai. Acredito que as coisas correriam melhor se a maior parte dos homens colaborasse mais nas atividades domésticas. Podiam fazer as compras de supermercado, porque as coisas não nascem nas prateleiras e nas gavetas. Alguém as tem de comprar e fazer a gestão do que é preciso; fazer as refeições, porque elas não se fazem sozinhas; ou cuidar da roupa da casa porque, curiosamente, estas também não são autossuficientes e alguém tem de tratar delas. Podiam também ter mais gestos românticos e fazer um esforço maior para se porem no lugar da mulher, a quem muitas vezes é exigido para se comportar como se fosse duas ou três pessoas, tanto em casa como no trabalho... Sendo que nenhuma destas duas ou três pessoas  tem tempo para fazer coisas de que gostam e precisam!

Também sei que há muitas mulheres que assim que são mães passam a dedicar 100% do tempo aos filhos, remetendo o marido para o plano dos esquecidos. É lógico que este também não é um bom princípio para manter uma relação familiar harmoniosa.

Resumindo, maioritariamente eles queixam-se da falta de atenção delas e elas queixam-se da falta de sensibilidade e colaboração deles.

Achar o equilíbrio é o truque. Eu sei disso e todos nós sabemos disso. Mas parece que é difícil pôr isto em prática. Se fosse fácil, não havia tantos casais a reclamarem. 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Memórias doces da gravidez


Quando pessoas próximas de mim engravidam, bate-me uma saudade de quando estava grávida que não sei explicar em palavras. Apesar de não ter sido assim há tanto tempo como isso, às vezes parece que passou uma eternidade. Por outro lado, há coisas que estão tão vívidas na minha memória que dá ideia que aconteceram ontem.

Quando soube que estava grávida queria gritar ao mundo o meu novo estado, mas a “tirania dos 3 meses” impediam-me que o fizesse (apesar de termos contado aos nossos pais, manos e à minha melhor amiga!). É claro que falo em “tirania” na brincadeira, porque tenha sido por superstição ou medo ou “não sei porquê”, por via das dúvidas optámo mesmo por esperar os tais 3 meses.

Outra memória bem viva é dos medos que tomavam conta de mim cada vez que ia fazer um exame. Não tinha medo do exame em si, mas do resultado que ele pudesse trazer. Tinha absoluto pavor que as coisas não estivessem bem com o meu feijãozito e era uma agonia até receber o resultado. Quem me manda ser stressadinha? A sério que não me considero uma pessoa negativa, pelo contrário, mas como a minha mãe diz: “as preocupações com os filhos começam imediatamente no momento em que sabemos que estamos grávidas!” Não posso concordar mais!

Lembro-me também que não fui muito gastadora em roupa para ele. Nunca me deu para aí. Quanto ao resto da parafernália necessária comprar, era outro stress. As pessoas falavam-me de coisas que eu nunca tinha ouvido falar e às tantas eu só pensava: “como raio é que vou enfiar tanta coisa em casa?” Depois aprendemos a fazer uma triagem do que é realmente necessário e também depressa nos familiarizamos com todos aqueles termos “técnicos”... Eu nem um marsúpio sabia o que era! 

Sim, a minha ignorância nesta “área” era extrema.

E a preocupação que tinha de me esquecer de ter tudo o que iria precisar na mala para levar para a maternidade? Dava por mim a fazer e refazer a mala, não só para me certificar de que estava lá tudo, mas também porque me derretia cada vez que via a roupinha que seria vestida por ele nos primeiros dias! Antecipava o momento no meu coração e gerava-se em mim um misto de ansiedade e felicidade suprema.

Quando o comecei a sentir o Gonçalo mexer dentro de mim foi outro delírio. Que delícia de sentimento! No primeiro dia em que o senti, o milagre da vida ganhou uma nova proporção. Senti que estávamos cada vez mais ligados e que a comunicação entre nós era cada vez mais intensa. Mas é claro que como stressada que era, também houve o outro lado da medalha: quando ele não se mexia durante muito tempo seguido, ficava em pânico! “Será que ele está bem? Será que aconteceu alguma coisa?” Então vá de mexer na barriga, andar de um lado para o outro a ver se ele reagia e às vezes comia coisas doces (um dia ouvi alguém dizer que eles ficavam agitados com o açúcar. Às tantas é um disparate, mas era uma medida desesperada).

Outra coisa que guardo com muito carinho no coração são os serões ao deitar. Antes de eu ir dormir, contávamos-lhe uma história, seguida de uma música. Era sempre a mesma história, a “Where the wild things are”, e sempre a mesma música, a “Widow's Grove”, do Tom Waits (sim, o nome não é sugestivo, mas a música é linda!). Fazíamos isto porque a enfermeira que me fez o curso de preparação pré-parto disse que esta era uma excelente forma de comunicar com ele e que quando ele nascesse iria reagir à música e à história. Supostamente, iriam proporcionar-lhe o sentimento de segurança e paz que vivia na minha barriga. Não sabíamos se era verdade ou não, mas no fundo sempre era uma forma de comunicar ainda mais com ele e por isso fazíamo-lo. “By the way”, acho que ele não reage nem à música nem à história de um modo diferente, mas mal não deve ter feito J. Seja como for, hoje, quando oiça a música, dá-me um aperto de saudades no coração. De quando ele estava aqui, dentro de mim, protegido do mundo. Eu e ele num só.

Estas são algumas das coisas que me saltam à memória de repente, mas existem muitas mais. Foram (quase) nove meses, intensos e muito ricos em emoções. Apesar de ter tido alguns sustos e de não ter tido a gravidez mais pacífica do mundo, ele veio bem e isso é que conta. Hoje, as memórias que tenho da gravidez são memórias doces, pinceladas de saudade e, confesso, de alguma nostalgia.

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