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segunda-feira, 4 de abril de 2016

quarta-feira, 30 de março de 2016

CONSULTÓRIO PSICOLOGIA: O que se passa com os meus pais?

(Texto escrito por Ana Oliveira, Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar e de Casal da Oficina de Psicologia)
Foto: Pinterest
Não sei o que se passa com os meus pais.

No outro dia, estavam a falar alto por causa dos horários, até acho que era por causa da minha hora de ir para a cama ou de tomar banho.

Mas porque é que isso é um problema?

Acabamos por fazer tudo direitinho como fazemos todos dias. Os gritos não apressaram as coisas. Eu até fiquei assustado. Às vezes grito quando apanho um susto.

Será isso? Será que os meus pais estão com medo de alguma coisa?


Não sei o que se passa com os meus pais.

De vez em quando vejo-os amuados (como eu faço, quando não fazem o que eu quero), e cada um anda para seu lado ou vira a cara ou fala como se o outro não estivesse na sala. Até parece um jogo! E eu olho e até quero entrar naquela brincadeira de fazer de conta que o outro é transparente.


Não sei o que se passa com os meus pais.

Tenho tanta sorte em ter tantos avós que gostam de mim e me mimam e fazem festas e passeios… porque é que eles dizem tantas vezes «És mesmo como a tua mãe!» … A gritar e com cara de zangados como se fosse uma coisa feia e para chatear.


Não percebo os meus pais.

Não percebo porque não nos sentamos mais vezes no chão e fazemos piqueniques, agora que está frio lá fora.

Não percebo porque não posso mexer no telemóvel, jogar ou tirar fotos quando eles fazem isso tantas vezes.

Não percebo porque tenho de comer sopa e legumes quando eles não o fazem.

Não percebo… Mas um dia os meus pais vão-me explicar!


Ana Oliveira,
Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar e de Casal, da Oficina de Psicologia

terça-feira, 15 de março de 2016

CONSULTÓRIO: Socorro! O meu filho tira-me do sério! – Reflexões em torno de ser pai/mãe

(Texto escrito por Natália Antunes, psicóloga clínica na Oficina de Psicologia)


Não raras vezes percebemos nos pais algumas fragilidades, fragilidades essas alavancadas no desgaste natural do que é exercer a parentalidade.

São muitas as vezes em que os pais nos chegam desorganizados e mesmo desesperados por já nada funcionar na gestão dos comportamentos dos filhos, carregando consigo “a cruz” de que lhes demonstram estas fragilidades.

Partindo do princípio de que as crianças aprendem sobretudo por observação (sim, as palavras são claramente pouco efetivas no que se trata à transmissão de regras e normas), mostrar às crianças que já não sabemos o que fazer como pais pode ser um caminho penoso. Neste sentido, o primeiro passo na educação dos nossos filhos é o próprio empoderamento dos pais!

Este caminho inicia-se na transmissão de competências que se baseiam claramente na confiança que deverão ter na mudança que querem implementar. Ou seja, a partir do momento em que os pais sabem o que pretendem mudar e como o irão fazer, nada, nem mesmo a escalada de comportamentos dos mais pequenos (que sim, é o mais certo que aconteça) os poderão rebater! Por isso, nesses momentos em que os seus filhos o levam ao limite e o fazem pensar em desistir de implementar a mudança, experimente respirar fundo, refletir sobre os ganhos que quer obter no futuro com o que está a implementar, e mostrar ao seu filho que a firmeza e a consistência são as palavras de ordem agora.

Sempre que enveredamos por expressões como “Tiras-me do sério”, “Não consigo fazer nada de ti”, “Estou farto/a de aturar os teus comportamentos” estamos a perpetuar o ciclo da explosão dos comportamentos, dado que, se é atenção que os miúdos querem, e se é assim que a conseguem (mesmo que com a atenção negativa, através de gritos e de posturas desesperadas dos pais), então continuarão a por em prática estes comportamentos! O mesmo acontece com “a palmadinha na hora certa”, que por vezes é mais frequente do que gostaríamos: lembre-se que ao resolver os problemas com “a palmadinha”, o seu filho está a receber a mensagem de que poderá resolver problemas batendo (reflita, a este respeito, que são as crianças vítimas de violência familiar as que mais perpetuam o ciclo nos diferentes contextos, em casa ou na escola).

Experimente fazer diferente: em vez de estar hipervigilante aos maus comportamentos, experimente apanhar o seu filho a fazer bem e diga-lhe isso mesmo!

Sim! Não tenha medo e arrisque. Faça com que ele obtenha a sua atenção quando está a fazer bem e quando o/a deixa orgulhoso/a.

Vamos lá tentar por isto em prática? Vá, deixe-se “sair do sério” só desta vez!

Natália Antunes
Psicóloga Clínica

Oficina de Psicologia

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

CONSULTÓRIO: Limites – Os estabilizadores da Criança

(texto escrito por Rita Castanheira Alves, a Psicóloga dos Miúdos)
Foto Pinterest
Dar limites é orientar. É ensinar e mostrar aos filhos onde é o começo e onde é o fim, onde estão as barreiras que definem as suas acções e comportamentos. Não se trata de uma aprendizagem automática, implícita no nosso código genético. A aprendizagem de limites é feita com quem educa os miúdos, com os adultos significativos e presentes nas suas vidas, de forma activa, onde se incluem os pais, mas não só.

Ter limites é fundamental para o crescimento de qualquer criança, para que tenha uma noção clara de si mesma no mundo, para que saiba até onde pode ir e em que momento deve parar, porque aí começa o direito do outro, e para que consiga distinguir o certo do errado. Tais noções permitem estabelecer contacto com as primeiras aprendizagens acerca do funcionamento do mundo lá fora, para além da sua própria casa.  É como criar um «minimundo de treino», que pode ajudar os mais novos a crescer com a capacidade de lidar com os limites e regras inevitáveis do exterior e,  consequentemente, com a difícil frustração e a contrariedade, desenvolvendo estratégias para lidar com as mesmas. Os limites são reguladores emocionais das crianças, devolvendo-lhes calma e segurança, pela percepção e pela aprendizagem do que é suposto, do que não é, do que é bom, mau, apreciado e julgado.

Mas, afinal, o que é dar ou estabelecer limites? 

Dar limites é saber dizer não, dar e explicar em troca o sim, explicitar o que é hipótese e o que não deve ser hipótese,  estabelecer as regras e o que é esperado, limitar o que não se pode fazer e o que é permitido e ser consistente e coerente nesses limites. É um jogo para jogar desde que os filhos são pequenos, começando por noções básicas de identificação e não permissão de certos comportamentos ou acções e de ajuda para chegar aos adequados.

Quando é ensinado demasiado tarde, este jogo é excessivamente difícil para pais e filhos. Principalmente se a criança tiver passado alguns anos sem limites e se se deixar ao seu cargo a criação dos mesmos. No caso dos adolescentes, mais ainda se impõe a necessidade de ter sido criada uma base de limite, de proibição e permissão e de conhecimento das regras fundamentais. 

Com a chegada da adolescência, chega também o desafio, a oposição, o investimento mais sério numa identidade independente e, inevitavelmente, a tendência para ir contra aquilo que está estabelecido. É um momento de muita negociação. É uma fase que exige que tudo aquilo que é fundamental seguir e não quebrar já esteja estabelecido e cimentado, sendo a negociação o meio de estabelecimento de limites privilegiado.

A criação de imposições deve ser feita sempre pelos adultos, nunca pelas crianças. O desafio e a oposição dos mais novos não deve ser motivo para que se quebrem as regras. Os limites devem existir nas rotinas da família e da criança, do espaço ao tempo: limitar o espaço de cada um, a cama de cada um, limitar o tempo que se dedica a cada tarefa e qual é o momento e o local para determinado comportamento ou acontecimento. 

Para os pais, limitar é também uma aprendizagem que poderá, em determinados momentos, mostrar-se difícil. Esta dificuldade pode advir de diversas situações, seja pela própria história de vida dos pais, da sua infância, da experiência de gravidez/adopção ou dos primeiros meses de relação, seja por culpa ou por receio de prejudicar os filhos, seja  por sentirem que são maus pais ou pelo receio de não serem amados, seja porque receberam eles próprios uma educação excessivamente autoritária ou excessivamente permissiva, levando a que possam ser, consequentemente, excessivos em permissividade e/ou autoritarismo e limitação.

Na educação de um filho, quando os pais tentam estabelecer os limites, a consciência, a reflexão e as suas dúvidas sobre a forma como estão a fazê-lo, como se sentem a fazê-lo e as causas do que sentem são questões essenciais para que se ajustem alguns pontos importantes. Adultos que não conheceram limites na infância e na adolescência podem passar (ou fazer outros passar) por sérias dificuldades. São adultos que tendem para o narcisismo e para uma omnipotência, acabando, às vezes, por ficar sozinhos ou, em certos casos, por fazer sofrer as pessoas próximas em diferentes contextos das suas vidas. Inevitavelmente, o confronto com o limite acontecerá; se em criança os pais poderiam fazer desaparecer ou atenuar o limite, em adulto tal pode não acontecer. Sem aprendizagem não se conhecem limites, nem se está preparado pata lidar com a existência dos mesmos.

É essencial que os pais ditem as regras e os limites do jogo. É fundamental que saibam dizer não e que os filhos saibam  aceitá-lo. É fulcral aprender, passo a passo, e reflectir sobre como limitar, quando limitar e em que situações. Os pais devem saber e confiar que são capazes de ditar limites, ou que podem socorrer-se da ajuda de outros adultos, e, mais do que isso, que têm de o fazer. Devem saber que nem sempre o «refilanço», a reclamação ou o choro significa que o que fizeram é prejudicial para os miúdos. Devem saber que nunca é tarde para, pelo menos, tentar.

O que estou a fazer? — Reflexões sobre o processo de limites

Em todo o processo de estabelecimento de limites, difícil, cansativo e exigente, vá reflectindo e recordando: 



Rita Castanheira Alves, Psicóloga dos Miúdos


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

CONSULTÓRIO: Quando os maus comportamentos se tornam moda

(texto escrito por Inês Custódio, Psicóloga na Oficina de Psicologia)

Foto Pinterest
A escola e o contacto com outras crianças é uma mais-valia muito importante para o desenvolvimento de qualquer criança. É com os amiguinhos e colegas que a criança testa relações, experimenta diferentes tipos de amizades e constrói uma rede de suporte para se conhecer melhor e para conhecer melhor os outros.

Porém, tudo tem um reverso da moeda e por vezes é também no contacto com os outros que os mais novos desenvolvem alguns comportamentos desadequados e que gostaríamos que os nossos filhos não tivessem. Já está a pensar em alguns? As asneiras que nunca ouviu em casa, os comentários sarcásticos, as brigas, … Em muitos casos criamos uma discussão e alguns castigos na tentativa da criança ter consciência dos erros que está a cometer. Por vezes temos sucesso outras vezes nem por isso… o desafio é tentarmos uma nova abordagem.

1.       Pense quantas vezes na sua vida não deu por si a fazer algo porque os amigos também faziam… Mesmo que hoje pense nisso como algo errado ou ridículo. A verdade é que todos nós já estivemos nesse lugar, a tentar agradar a alguém de qualquer maneira.

2.       Agora assuma a sua experiência como um exemplo, mas tente escutar e perceber qual a motivação do seu filho. Ouça-o e questione sobre o porquê desses comportamentos e tente não julgar ou ajuizar os seus motivos.

3.       O que acha ele disso? Não interrompa, nem aponte logo o dedo, compreenda qual a função desses comportamentos. Só assim poderá ajudar.

4.       De uma forma empática, mostre que compreende o motivo dele, mas… sim há sempre um mas e nós como adultos temos que conseguir mostrar o outro lado desta questão à criança. Mas este comportamento tem consequências negativas agora e talvez no futuro e talvez o seu filho precise de ajuda para compreender quais.

5.       Se o comportamento magoa alguém, tente ajudar a criança a colocar-se no lugar do outro para compreender melhor o que a pessoa sente e tentar reparar o que fez, mesmo que com um simples pedido de desculpa. Não imponha simplesmente esta reparação, é importante o seu filho perceber como isto vai fazer com que a outra pessoa se sinta melhor.

6.       Negoceie também com o seu filho que este comportamento não se deve repetir e aqui sim, é importante falar sobre um castigo ou punição que a criança terá se este se repetir. Depois, seja firme e cumpra o que prometeu.

Seja fonte de suporte e não de recriminação. O seu filho está a crescer, a experimentar e a testar limites do correto e incorreto, do bom e do mau. Neste momento e no futuro, será muito mais seguro e melhor para ele contar com o seu apoio do que temer a sua reação a qualquer erro ou problema que tenha.

Ser pai não é fácil, mas compensa. ;)


Inês Custódio

Psicóloga na Oficina de Psicologia

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

CONSULTÓRIO: Lutas entre crianças

(texto escrito pela psicóloga Vera Lisa Barroso, Psicóloga Clínica da Oficina de Psicologia)
Foto Pinterest
"Hoje, quando a minha mãe me foi buscar à escola, perguntou entre o assustado e o admitarado: «O que aconteceu filho?»

Eu tinha a cara cheia de arranhões, nódoas negras nas pernas e a minha t-shirt preferida rasgada..."


Esta é uma das situações que mais preocupam os pais: os filhos poderem andar às lutas com os seus pares.

Independentemente de quem é o culpado, o seu filho ou os outros, é crucial participar na vida escolar dos seus filhos e não ignorar o ocorrido.

É importante ensinar ao seu filho as formas mais dignas de interagir e relacionar-se com os outros, assim como a importância do convívio entre amigos. Ensine-o a respeitar os colegas e a evitar os confrontos físicos como meio de resolver conflitos e desentendimentos. Uma situação como esta exige uma conversa, onde perceba em primeiro lugar o que aconteceu exactamente. Tenha em atenção que muitas vezes as crianças não dizem porque andaram a lutar, por terem medo, vergonha ou até mesmo por estarem a ser vítimas de bullying na escola.

Em caso de bullying é crucial que os Professores e Direção da escola tomem conhecimento da situação, de forma a poderem tomar medidas preventivas no espaço escolar. Se ele se magoou, evite frases como “é para aprenderes”, “bem feita” ou “eu não te avisei?”... Será suficientemente problemático e humilhante para ele ter sido ferido.

Em crianças pequenas talvez seja aconselhável falar com os pais do outro (ou outros) interveniente(s), de forma a transformar a situação de luta numa situação amigável, onde as crianças poderão tirar as suas aprendizagens e pedir desculpa uma à outra (independentemente de quem foi o culpado).

As crianças estão a descobrir o mundo e a experimentar relações, lutam e fazem as pazes com alguma frequência. A raiva faz parte do crescimento de qualquer criança e torna-se passageira se for bem contextualizada pelos adultos responsáveis.

Transmita-lhe confiança, dizendo que estará sempre a seu lado, que o quer ajudar e que a violência não resolve os problemas. A melhor forma de resolver as diferenças é o diálogo.

Vera Lisa Barroso
Psicóloga Clínica
Equipa Infanto-Juvenil
Oficina de Psicologia







quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

CONSULTÓRIO: Na hora do castigo…

(texto escrito pela psicóloga Inês Custódio, da Oficina de Psicologia)

Foto: Pinterest
Filhos chateados, pais irritados, discussões e choros pelo meio… A hora do castigo não é agradável para ninguém! Porém, o castigo é essencial, em alguns momentos, para ajudar as crianças a não repetirem comportamentos desadequados, a regularem as suas emoções ou simplesmente para pararem um pouco para respirar. No fundo, quando bem aplicado, um castigo pode cumprir funções muito mais importantes do que uma simples punição (que muitas vezes pode não ter o efeito desejado), mas ser também uma forma de aprendizagem, um treino para a criança parar um pouco e para se tranquilizar. 

Este efeito pode ser aprendido rapidamente em poucos castigos, mas para isso é necessário ter alguns cuidados na hora do castigo.

Respire fundo e tente manter-se calmo

Muito do impacto que o castigo vai ter no seu filho vai depender também da forma como vai dar esta instrução à criança. Lembre-se quem é o adulto nesta relação e por muito que a criança o possa irritar, tente manter algumas calma, fale num tom de voz moderado e de forma pausada. Evite entrar em escaladas de gritos. A sua perda de controlo retira a autoridade que possa ter e o respeito que a criança terá nessa altura.

Não ria! Se o fizer talvez não seja hora do castigo.

Se a sua intenção é punir um comportamento, não pode rir desse comportamento. Por mais difícil que possa ser, não ria! De outra forma, a mensagem que queria passar acabou de se perder.

De forma simples e clara todos se entendem

Seja simples, direto e faça um discurso curto. Nunca se esqueça de mencionar claramente a razão pela qual a criança vai ficar de castigo, qual o castigo e quanto tempo vai durar. Por exemplo: “bater no teu primo foi muito errado, magoaste-o! Vais ficar aqui sentado 5 minutos sem brincar ou falar com ninguém, para poderes pensar!” ou “Voltaste a deixar tudo desarrumado, ao contrário do que te pedi! Durante os próximos dois dias não poderás usar a PSP”.

Evite os castigos divertidos!

Parece contrassenso mas, por vezes, muitos castigos não são vividos como tal. Evite mandar a criança para o quarto, para a rua ou qualquer local com muitos estímulos positivos. Como tal, evite também dar uma tarefa à criança que facilmente se possa tornar uma brincadeira ou vigie o momento em que ela faz a tarefa.

Alguns exemplos de castigo pode ser o time-out (afastar a criança dos estímulos e ficar parada e algum local), fazer uma tarefa menos agradável para ela, repor o que possa ter estragado, retirar um objeto especial…

Tempo ideal é tão importante como o tipo de castigo

Nenhum castigo deve ser demasiado curto, nem demasiado longo. Castigos que duram muitos dias e semanas são menos eficazes. Dê preferência a castigos curtos, mas que tenham impacto momentâneo no seu filho. Se optar por fazer time-out, pode colocar um tempo proporcional à idade da criança (5 anos = 5 minutos; 6 anos = 6 minutos …), quando decide tirar algo à criança escolha também um tempo realista. Finalmente seja contingente, isto é, aplique o castigo o mais próximo possível do comportamento, desta forma nesse momento a criança terá bem presente o comportamento desadequado e poderá refletir sobre ele.

Não desista, seja firme!

Não desista nem suavize o castigo. É importante que seja consistente para marcar uma posição, durante esse período é importante que a mantenha na tarefa em questão ou que permaneça sem o objeto que foi retirado. Manter-se fiel à sua palavra levará a que os próximos castigos tenham mais sucesso e que com o passar do tempo vá diminuindo o comportamento negativo, porque a criança tem a certeza que o castigo irá acontecer.

Para além disto, seja firme nos comportamentos que são punidos. Se fazer birra no supermercado implica castigo uma vez, deverá existir um castigo sempre que se repetir. Desta forma, está a deixar bem claro quais são os limites e regras, não há espaço para dúvidas.

Perdoe e siga em frente!

Após o castigo perdoe e não fale mais sobre o assunto. Isso não trará mais nada para a criança e, para além disso, ela já teve a punição acordada. Se continuar a ralhar estará a puni-la duplamente.

Ser pai tem partes menos positivas e como tal o castigo não é fácil! Mas um castigo bem aplicado pode ajudar a criança, a família e no futuro leva a que seja cada vez menos necessário castigar!

Inês Custódio

Psicóloga

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

CONSULTÓRIO: E se os filhos fossem perfeitos?

Texto escrito por Cecília Santos, Psicóloga Clínica da Oficina de Psicologia)
Foto Pinterest
Um dia a Sara, uma menina de 10 anos, decidiu partilhar um dos seus pensamentos que há algum tempo a magoava: “Porque é que o meu pai e a minha mãe me estão sempre a comparar com os meus amigos, quando eu não faço isso com eles? Como é que eles se sentiriam se eu os comparasse com os pais “fixes” dos meus amigos?”

Pequena Sara,

A maioria das pessoas que planeia ser pai ou mãe, mesmo antes dos seus filhos nascerem, cria um conjunto de representações acerca de como será o seu filho. Neste processo, geram-se expectativas sobre este novo ser que irá nascer… não apenas de como será em bebé, mas também como será em criança, ou até mesmo na idade adulta.

Colocam-se questões como: Será parecido com a mãe ou com o pai? Com algum familiar? Quais serão os brinquedos que ele mais gostará? Gostará de música clássica, jazz, rock? Como serão os amigos dele? Será um bom aluno? Que profissão ele terá?

E cada pai, e cada mãe vai dando a resposta a cada questão anterior, um pouco à sua maneira.

Quando finalmente o bebé nasce, e à medida que ele vai crescendo e se torna cada vez mais autónomo, de bebé a criança, de criança a adolescente, e assim sucessivamente, de um modo quase automático, fazem-se comparações diárias. E se observarmos com atenção, parte dessas avaliações e comparações têm muito a ver com a forma como os pais idealizam o crescimento dos seus filhos, com as expectativas que cada um já trazia dentro de si.

Pequena Sara,

Sei que pode parecer estranho, e inicialmente até pode ser difícil de compreender, mas muitos pais têm esse comportamento com a melhor das intenções e porque as pessoas que os rodeiam também foram contribuindo para que eles se comportassem assim.

Hoje, diz-se que a sociedade é cada vez mais competitiva entre si, e esperam sempre que cada um de nós se esforce para dar o seu melhor (esquecem-se que não somos robots!). Os pais quando fazem comparações como: “os filhos da Graça já arrumam o quarto sozinhos e eu nunca te vi arrumar o teu”, ou ainda, “ “A mãe da Olívia contou-me que ela não tirou nenhuma negativa porque estudou todos os dias.”, julgam estar a motivar os filhos para uma mudança positiva (e em alguns casos, pode funcionar!). Mas com toda esta vontade de querer o melhor para os seus filhos, por vezes esquecem-se de com estas “avaliações e comparações” podem ter um efeito inverso.

Este foco constante na comparação com os outros, também pode trazer muitas vezes preocupações exageradas, porque se esquecem de como todos somos diferentes, de como cada um tem o seu próprio ritmo de crescimento, esquecem-se das necessidades não só de cada criança, como de cada família.

Certamente, em alguns momentos, é quase que inevitável comparar crianças, adolescentes ou até mesmo adultos, e vou explicar porquê.

Existem alguns marcadores desenvolvimentais que nos permitem perceber, de um modo global, se o nosso desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial se encontra dentro daquilo que é considerado saudável em termos de evolução. E, nestes casos, tem que se avaliar e comparar com aquilo que a investigação científica de várias áreas tem demonstrado tratar-se de um desenvolvimento saudável, do ponto de vista físico e mental.

Pequena Sara,

Vamos explicar a todos os pais que é fundamental compreendermos e aceitarmos que não existe uma forma única de ser e que nem todas as aprendizagens que se expressam através de determinados comportamentos, nem todas características pessoais são mensuráveis, e que o desenvolvimento é um processo dinâmico, não é estático, e feito de progressos e retrocessos. Também aqui o comportamento daqueles que nos rodeiam é fundamental para sermos estimulados em diversos domínios do nosso desenvolvimento.

E ainda bem que todos somos diferentes, porque são essas diferenças que nos tornam seres únicos, e é através delas que percebemos que num todo existe espaço para o igual, mas também existe espaço para o diferente.

E se os filhos fossem perfeitos?

Eles seriam apenas representações mentais traiçoeiras, porque a perfeição absoluta não existe. Se procurarmos centrar a atenção na forma única de cada filho(a) ser, com todas as suas particularidades, com tudo aquilo que cada um faz de bom, ou menos bom, com aquilo que cada um pode melhorar ou não melhorar, a preocupação em torno da perfeição seria muito menor, e preocupações e pensamentos como os da pequena Sara que magoam, gradualmente passariam a estar menos presente na vida de cada um.

Cecília Santos
Psicóloga Clínica
Oficina de Psicologia


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