quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

CONSULTÓRIO: Na hora do castigo…

(texto escrito pela psicóloga Inês Custódio, da Oficina de Psicologia)

Foto: Pinterest
Filhos chateados, pais irritados, discussões e choros pelo meio… A hora do castigo não é agradável para ninguém! Porém, o castigo é essencial, em alguns momentos, para ajudar as crianças a não repetirem comportamentos desadequados, a regularem as suas emoções ou simplesmente para pararem um pouco para respirar. No fundo, quando bem aplicado, um castigo pode cumprir funções muito mais importantes do que uma simples punição (que muitas vezes pode não ter o efeito desejado), mas ser também uma forma de aprendizagem, um treino para a criança parar um pouco e para se tranquilizar. 

Este efeito pode ser aprendido rapidamente em poucos castigos, mas para isso é necessário ter alguns cuidados na hora do castigo.

Respire fundo e tente manter-se calmo

Muito do impacto que o castigo vai ter no seu filho vai depender também da forma como vai dar esta instrução à criança. Lembre-se quem é o adulto nesta relação e por muito que a criança o possa irritar, tente manter algumas calma, fale num tom de voz moderado e de forma pausada. Evite entrar em escaladas de gritos. A sua perda de controlo retira a autoridade que possa ter e o respeito que a criança terá nessa altura.

Não ria! Se o fizer talvez não seja hora do castigo.

Se a sua intenção é punir um comportamento, não pode rir desse comportamento. Por mais difícil que possa ser, não ria! De outra forma, a mensagem que queria passar acabou de se perder.

De forma simples e clara todos se entendem

Seja simples, direto e faça um discurso curto. Nunca se esqueça de mencionar claramente a razão pela qual a criança vai ficar de castigo, qual o castigo e quanto tempo vai durar. Por exemplo: “bater no teu primo foi muito errado, magoaste-o! Vais ficar aqui sentado 5 minutos sem brincar ou falar com ninguém, para poderes pensar!” ou “Voltaste a deixar tudo desarrumado, ao contrário do que te pedi! Durante os próximos dois dias não poderás usar a PSP”.

Evite os castigos divertidos!

Parece contrassenso mas, por vezes, muitos castigos não são vividos como tal. Evite mandar a criança para o quarto, para a rua ou qualquer local com muitos estímulos positivos. Como tal, evite também dar uma tarefa à criança que facilmente se possa tornar uma brincadeira ou vigie o momento em que ela faz a tarefa.

Alguns exemplos de castigo pode ser o time-out (afastar a criança dos estímulos e ficar parada e algum local), fazer uma tarefa menos agradável para ela, repor o que possa ter estragado, retirar um objeto especial…

Tempo ideal é tão importante como o tipo de castigo

Nenhum castigo deve ser demasiado curto, nem demasiado longo. Castigos que duram muitos dias e semanas são menos eficazes. Dê preferência a castigos curtos, mas que tenham impacto momentâneo no seu filho. Se optar por fazer time-out, pode colocar um tempo proporcional à idade da criança (5 anos = 5 minutos; 6 anos = 6 minutos …), quando decide tirar algo à criança escolha também um tempo realista. Finalmente seja contingente, isto é, aplique o castigo o mais próximo possível do comportamento, desta forma nesse momento a criança terá bem presente o comportamento desadequado e poderá refletir sobre ele.

Não desista, seja firme!

Não desista nem suavize o castigo. É importante que seja consistente para marcar uma posição, durante esse período é importante que a mantenha na tarefa em questão ou que permaneça sem o objeto que foi retirado. Manter-se fiel à sua palavra levará a que os próximos castigos tenham mais sucesso e que com o passar do tempo vá diminuindo o comportamento negativo, porque a criança tem a certeza que o castigo irá acontecer.

Para além disto, seja firme nos comportamentos que são punidos. Se fazer birra no supermercado implica castigo uma vez, deverá existir um castigo sempre que se repetir. Desta forma, está a deixar bem claro quais são os limites e regras, não há espaço para dúvidas.

Perdoe e siga em frente!

Após o castigo perdoe e não fale mais sobre o assunto. Isso não trará mais nada para a criança e, para além disso, ela já teve a punição acordada. Se continuar a ralhar estará a puni-la duplamente.

Ser pai tem partes menos positivas e como tal o castigo não é fácil! Mas um castigo bem aplicado pode ajudar a criança, a família e no futuro leva a que seja cada vez menos necessário castigar!

Inês Custódio

Psicóloga

2 comentários:

Arquivo do blogue

Seguidores