segunda-feira, 13 de março de 2023

Falta-me um bocado!

O Gonçalo lá foi ontem, todo contente, para a sua aventura de Erasmus. Ia todo feliz e eu também estava feliz por ele mas, ao mesmo tempo, sentia um aperto no peito. Um desconforto generalizado.

Hoje foi a primeira manhã sem ele e só com o Francisco. Foi estranho. Sobrou-me tempo e, por paradoxal que possa parecer, isso atrapalhou-me. Parecia que estava desorientada. Eu sou super organizada e despachada e esta manhã parecia que estava meia totó, sem saber o que fazer.

Uma coisa é estar aquelas 3 noites sem eles, de 15 em 15 dias, quando eles estão com o pai, mas esta coisa que estar só com um, faz-me sentir que me falta um bocado de mim. Palavra. E tenho para mim que quanto mais o tempo passar menos me habituo. O que vale é que é só uma semana :)

Sei que é uma oportunidade incrível para ele e tenho a certeza que ele irá adorar, e irá sair de lá mais rico, e só por isso já vale a pena, mas isso não quer dizer que a ausência não custe, não é?

Aguenta coração! Dizem que ser mãe é isto mesmo, não é: cuidar e deixá-los voar!

quarta-feira, 8 de março de 2023

Sim, faz sentido comemorar o Dia Internacional das Mulheres


Foto: site https://culturaalternativa.com.br/

Hoje, comemora-se o Dia Internacional das Mulheres. 

Todos sabemos que homens e mulheres são diferentes - e ainda bem que assim o é - mas argumentos fisiológicos não podem ser uma pedra na engrenagem para a evolução da sociedade, como muitos insistem em fazer (de um modo altamente demagógico).

Este dia faz sentido de ser comemorado enquanto persistirem diferenças salarias entre homens e mulheres para a mesma função.

Este dia faz sentido de ser comemorado enquanto continuar a existir renitência em contratar mulheres para cargos de chefia, unicamente por motivos de género.

Este dia faz sentido de ser comemorado enquanto a gravidez for considerada um "handicap" para o empregador.

Este dia faz sentido de ser comemorado enquanto as desigualdades forem evidentes mas, ainda assim, surgirem vozes que se insurgem contra esta efeméride, sob o argumento de que "as mulheres não têm do que se queixar".

Este dia faz sentido de ser comemorado enquanto não se interiorizar que o feminismo é um movimento que luta, apenas e só, pela igualdade - um direito básico patente na Declaração dos Direitos Humano.

Este dia faz sentido se ser comemorado enquanto, em casa, o homem "ajudar" a mulher.

...

Um dia, espero que este DIA deixe de ser comemorado por não fazer sentido. Mas ainda não é hoje!


Feliz Dia Internacional das Mulheres!



segunda-feira, 6 de março de 2023

Malabarismos emocionais de uma mãe

No próximo fim-de-semana, o Gonçalo vai viajar com a escola. Vai ficar fora uma semana, no âmbito do programa de Erasmus, num país longe e em casa de uma família que eu não conheço.

Por um lado, estou muito feliz por ele. Acredito que vai ser uma experiência super enriquecedora e inesquecível. Por outro, estou aqui com o coração apertado, com medo de mil coisas (nem imaginam o quão criativa a minha mente consegue ser e os filmes que eu já fiz!).

Já falei com a mãe do menino que o vai receber, parece-me super querida, mas mesmo assim já sei que vai ser uma semana dura. Para mim e para o Francisco. A ausência do Gonçalo vai pesar de certeza. Mais uma vez, já sei que vou ficar triste por não o ter aqui, mas ao mesmo tempo de coração cheio por saber que ele está a criar memórias boas (pelo menos assim o espero).

Depois venho contar-vos como está a ser!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Ai, se fosse possível congelar o tempo...

Tanto o Gonçalo como o Francisco são muito docinhos. Também são reguilas, cada um com mau feitio à sua maneira, mas são muito meiguinhos. Não é invulgar abraçarem-se a mim e dizerem-me que gostam muito de mim, do nada. Só porque sim. E o que eu me derreto com estas coisas!!!
Ainda ontem, quando o Francisco acordou, a primeira coisa que me disse, ainda com um olho aberto e outro fechado, foi: "Gosto tanto, mas tanto de ti mamã!" 

O tom com que o disse, o abraço com que acompanhou as palavras... não há como descrever uma coisa assim!!!

Nestes momentos fecho os olhos, na esperança de que ao fazê-lo seja capaz de congelar um pouco o tempo. Tenho de aproveitar, porque sei que eles ficam menos "expressivos" com a idade. Digo isto porque apesar do Gonçalo continuar a ser muito meiguinho, ainda ontem estava mel puro, noto alguma diferença neste campo. Os 12 anos fazem-se sentir numa menor regularidade destes momentos. Sei que é normal, mas sei lá... acho que tenho receio que estes gestos fiquem cada vez menos frequentes e que um dia desapareçam de vez. Espero que não. Por via das dúvidas, vou tentar agarrar o sabor, a sensação e o cheiro destes momentos, para que fiquem bem gravados em mim.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Como planeei a nossa viagem a 3 à Disney e a Paris

Já passou algum tempo, é verdade, mas o prometido é devido. Por isso, cá estou eu para partilhar convosco como planeei a minha viagem à Disney com eles (recordo que um tem 8 e outro 12 anos). 

Portanto, a minha ideia era ir à Disney e à cidade de Paris, num total de 5 dias e 4 noites (duas noites em cada sítio). Inicialmente, pensei começar na cidade de Paris, para terminar em grande na Disney mas, por questões de disponibilidade de hotel, acabámos por fazer ao contrário

- Comecei por tentar marcar tudo sozinha - voo, hotel, entradas na Disney... - mas, feitas as contas, percebi que a diferença de preços entre comprar tudo isoladamente ou recorrer a uma agência de viagens era mínima e acabava por não compensar o trabalho. Se considerar que o valor que me foi dado pela agência incluía seguros, então nesse caso não compensava de todo. Não nos podemos esquecer que as agências costumam ter acordos com os hotéis e como estava a decorrer uma campanha, por duas noites no hotel eles ofereciam a entrada nos parques para 3 dias (o que para nós foi ótimo, porque foi exatamente os dias que usufruímos dos parques).

- Eu queria mesmo ficar num hotel da Disney. A primeira vez que lá fui já era crescida, foi em contexto de trabalho, e fiquei num desses hotéis. Lembro-me do quão maravilhada fiquei e queria proporcionar-lhes isso. 

Ficámos no Santa Fe, alusivo ao filme de animação "Carros". Não é luxuoso, é muito simples, mas gostámos muito. Optei pela modalidade de meia-pensão e foi o melhor que fiz. 

- Portanto, pela agência comprei os voos, o hotel na Disney (com entradas no parque incluídas) e o transfer do aeroporto para a Disney. Não comprei os outros transfers porque ainda não sabia bem como iria planear os dias e não queria ficar limitada com os horários. Aliás, acabei por me arrepender de ter comprado aquele transfer, porque só passava de hora a hora no aeroporto (tinham-me dito que era de 15 em 15 minutos) e como perdemos um tivemos de esperar imenso tempo. Se fôssemos de uber teria custado cerca de 50 euros e a viagem duraria cerca de meia hora.

- Como queria aproveitar o tempo ao máximo com eles e não iríamos ficar assim tanto tempo, fiz "trabalhos de casa". Fui ao site dos Parques e vi quais as atrações que cada um tinha, para poder planear onde ir (no site podem ver a altura mínima exigida para poder entrar na diversão e em que consiste). Também existe uma app. Eu descarreguei-a, mas acabei por não a usar. 

- Por questões de segurança, pus ao Francisco uma pulseira com o nome dele e com o meu número de telefone, não fosse ele perder-se (ele não sabe falar nem francês nem inglês e sempre era mais uma segurança). Por acaso já tinha as pulseiras, comprei-as há imenso tempo aqui, e fiquei mais descansada (ainda que não quisesse sequer pensar na possibilidade dele se perder).

- Em termos de malas... Sabia que nesta altura do ano (janeiro/ fevereiro) faz imenso frio em Paris, mas não queria levar muita coisa, nem mala de porão. Queria levar só duas malas de cabine e uma mochila. Isto porque não podia contar que o Francisco ajudasse a transportar as malas e quando tivéssemos de andar de transportes em Paris (comboio, por exemplo) não seria prático, nem seguro, eu ficar com dois trolley e o Gonçalo com outro. Queria ficar com pelo menos uma mão livre para dar a mão ao Francisco. Assim, eu fiquei encarregue de uma mala, o Gonçalo de outra e a mochila grande podia levar eu também e, como não ia pesada, se fosse necessário levava-a o Francisco. Depois, para mim levei uma mochila pequena como mala de dia-a-dia, por ser mais prático para transportar águas e snacks. Dentro de um dos trolley levei uma outra mochila pequena (vazia), para que eles também pudessem transportar água e comida durante o dia.

- Comprei roupa térmica para eles e tentei levar o mínimo de roupa possível. No caso da roupa interior não havia volta a dar, mas de resto fiquei-me pelos dois pares de calças e de camisolas para cada um e um par de sapatos para eles (eu levei dois, porque receava que chovesse e as botas que levei na viagem eram quentes, mas não eram impermeáveis).

- Tinham-me dito que não se podia entrar com comida para a Disney e, por isso, no primeiro dia não levei nada. Erro!!! É tudo super caro - paguei 51 euros por três cachorros quentes e três bebidas, e na entrada percebi que deixavam entrar com comida. Nos dias seguintes não cometi a mesma asneira e já levei almoço e lanche. Preparei umas sandes, levei boiões de fruta e uns bolinhos.

- Para Paris as coisas foram muito mais planeadas. Tracei um roteiro para o tempo que íamos lá ficar e depois foi uma questão de estudar o tempo de deslocação para cada coisa, fazer uma estimativa do tempo que levaríamos em cada sítio, sempre com cuidado de dar margem. Mais uma vez, recorri muito ao Maps.

- Mal chegámos a Paris, comprei um bilhete "Paris Visite" para nós os três numa estação de metro. Este bilhete dá não só acesso ao metro, como a outros transportes públicos dentro de Paris, como por exemplo o autocarro. Existem bilhetes para 1, 2 e 3 dias (não sei se existe para mais). A rede de transportes públicos deles funciona super bem. Nós andámos mais de metro e ao princípio estranha-se, que aquilo tem linhas que nunca mais acabam, mas depois revela-se bastante simples. De resto, andámos muito, mas mesmo muito a pé. E eles portaram-se super bem!
-Pusemos logo de parte a ideia de visitar museus. Íamos ficar um dia e meio em Paris (um pouco mais) e não valia a pena. Pus logo na cabeça que era importante ser realista e não ser demasiado ambiciosa, para conseguirmos usufruir da viagem, sem stress. Ainda assim, conseguimos ver quase todos os pontos emblemáticos da cidade: Louvre, Arco do Triunfo, Campos Elísios, Jardins do Trocadéro, Notre Dame, Montmartre (apaixonei-me por Montmartre), Moulin Rouge, Jardim de Luxemburgo, Praça da Concórdia e outros recantos.  

- Houve um sítio que eles fizeram questão de visitar "a sério": a Torre Eiffel. Comprei o bilhete online com algum tempo de antecedência e posso dizer-vos que não tivemos de esperar quase tempo nenhum. Fomos para uma fila própria e foi super rápido. Eles amaram!

- Outra coisa que também quisemos fazer foi passear de barco à noite pelo Sena, para ver as luzes de Paris. Valeu a pena!


- Como não podia deixar de ser, não se pode ir a Paris sem comer croissants, baguetes e macarons. Eles fizeram o trio! Eu dispensei :)

- Quando fiz o nosso roteiro para Paris fiz um pequeno resumo histórico dos sítios por onde íamos passar. Receava aborrecê-los, mas achei que era importante que eles ficassem a saber o que era "aquele" sítio, como surgiu, para que servia... Olhem, eles adoraram e mal parávamos num sítio perguntavam-me logo onde estava o meu "Power Point" (para que conste, não era Power Point nenhum, mas eles diziam-no por piada e para gozarem comigo 😁

Quase todos os meus amigos me perguntaram como tinha corrido a viagem, numa perspetiva de saber como tinha sido ter ido sozinha com eles. Eles sabiam que era um passo importante para nós os três. E correu bem. Superou todas as minhas expectativas!

Escusado será dizer que por mais planeadas que as coisas sejam, temos mesmo de nos consciencializar que temos de dar uma enorme margem ao improviso. Numa viagem eles acontecem sempre e, com crianças, mais ainda. Elas cansam-se mais facilmente (é natural), querem fazer xixi nas alturas menos convenientes, ficam com fome porque sim... Tem mesmo de haver alguma descontração e eu estou muito contente comigo porque apesar de ser muito metódica e ansiosa, consegui mesmo interiorizar isto e tenho noção de que foi decisivo para que tivesse tudo corrido tão bem.

Já sonho com a próxima viagem 💓



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

44




Dia 19 de fevereiro, iniciei a minha 44ª volta ao sol. Passei o dia com as pessoas mais importantes da minha vida: os meus filhotes, os meus pais e o meu irmão (estava doentinho, mas à noite juntámo-nos para jantar).

Sempre dei muito valor à família, sempre, mas a idade veio vincar ainda mais isso. Cada vez tenho mais noção da sorte que tenho, da bênção da vida me brindada com eles. Agradeço todos os dias por isso!

Dentro das nossas imperfeições, para mim eles são a família perfeita. Sinto que foram pensados para mim e eu para eles. Que o universo assim o quis. E ainda bem. Sorte a minha 🙏

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

O amor em forma de bolo


Para mim, o dia dos namorados é mais do que uma efeméride para celebrar o amor entre um casal. Vejo esta data como um dia que celebra o amor. Os afetos. E é por isso que faço sempre um miminho aos meus pequeninos. Aos meus maiores amores.

Este ano, saiu este pão-de-ló colorido e docinho para o pequeno-almoço! Eles adoraram 💓😋

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Considerações de um divórcio - parte II

Como vos disse aqui, acredito que mesmo que estejamos certos de que o divórcio é o único caminho a seguir, nunca é simples. Se a outra pessoa dificultar o processo, pior ainda.

Já partilhei também, e sem querer entrar em detalhes, que não passei uma fase nada fácil. Durante meses e meses senti-me perdida e por mais que me esforçasse não conseguia ver luz ao fundo do túnel. Dava por mim a desejar ter poderes mágicos para poder vislumbrar um dia qualquer do futuro que me mostrasse que as coisas iam ficar melhores. Só para serenar a alma. Sentia-me sempre em esforço. Fisicamente andava exausta e emocionalmente sentia-me no meu limite. A juntar a isto, sentia a (auto)pressão de que não podia, de forma alguma, adoecer ou ir-me abaixo, porque os meus filhos precisavam de mim.

Esta fase durou mais do que eu gostaria e, creio que sem saberem, os meus filhos, os meus pais, o meu irmão e os meus amigos, foram o meu pilar. Mas, mesmo assim, não chegava. 

Sou muito analítica em relação a mim e sabia que, apesar de tudo, não estava perante nenhum quadro clínico. Se sentisse isso, não hesitaria em recorrer a um especialista. Mas eu sabia que o que eu precisava era de (voltar) a sentir paz. Sabia também que essa paz tinha de ser eu a procurá-la em mim. Só não sabia bem como.

Foi então que, por acaso, a meditação chegou à minha vida e não podia ter vindo em melhor altura. Uma amiga enviou-me um dos desafios de 21 dias do Deepak Chopra, que na altura eu não fazia a mais pequena ideia de quem era, e eu pensei: Porque não? O que é que tenho a perder?

Isto foi há cerca de três anos e, desde então, nunca mais larguei a meditação. Fiz o desafio dos 21 dias (já não faço os exercícios pedidos para cada dia, mas volta que não volta, repito as meditações), descarreguei duas aplicações (a Insight Timer e a Let´s Meditate - devem existir centenas delas), li muito sobre o tema e rendi-me. Rendi-me, porque senti, efetivamente, que teve efeitos gigantescos na minha forma de estar e ver a vida.

Um parêntesis para dizer que sou católica e tenho mesmo muita fé em Deus e, a dada altura, questionei-me se a meditação não entraria em conflito com o catolicismo (dúvidas existenciais que me ocorrem de vez em quando!). Mas passou-me rápido. Como digo muitas vezes, a fé não se explica ou justifica. Sente-se. E a minha fé nunca esteve em causa. Nunca ficou abalada. Além disso, o "meu Deus", como costumo dizer a brincar, é bom, é pelo amor, não julga e só quer é que as pessoas sejam felizes, seja lá de que forma for. A regra é não fazerem mal a ninguém. 

Mas porque é que me rendi à meditação?

A resposta a isto dava para vários posts mas, para resumir, vou dar apenas três razões (e não me vou alongar em cada uma delas, porque acreditem que há muito para dizer em todas):

Em primeiro lugar, a meditação ensinou-me a controlar as minhas emoções e pensamentos. A dirigir o meu pensamento para o que me faz bem e a desviá-lo quando surgem pensamentos menos bons, que não levam a lado nenhum. 

Perguntam vocês: Mas agora nunca te passas da cabeça e estás sempre zen? Se o mundo desabar à tua volta, pões-te em posição de lótus, respiras e siga? 

A minha resposta é: Claro que não!!! Passo-me muitas vezes e continuo a não ter paciência nenhuma para gente parva. 

Sempre fui nervosa e impulsiva e continuo a ser, mas já estou muito, mas muuuuito melhor. Hoje em dia, consigo muito mais facilmente pôr de lado situações desagradáveis provocadas por terceiros e sobre as quais não posso fazer nada. Além disso, não me deixo afetar por coisas que sei que antes me deixariam a ferver por dentro. E fico tão feliz por isso!

Por outro lado, quando digo que a meditação me ensinou a controlar as minhas emoções e pensamentos, eu não quero dizer que quando acontece uma coisa má eu entro em negação ou finjo que não aconteceu nada. Nada disso. Encaro sempre de frente. Simplesmente se for algo que não está nas minhas mãos, que eu não controlo, dou-me um tempo para digerir as coisas e depois disso não fico a remoer e a alimentar sentimentos maus que não levam a lado nenhum.

Outra coisa que a meditação me ensinou, e eis a segunda razão, foi a aceitar as coisas como elas são e a a deixar ir. Aliás, este foi dos primeiros mantras que interiorizei: "aceita e deixa ir" (esta razão, implica a anterior). 

O que é que isto significa? Como referi agora mesmo, há muitas coisas menos boas que acontecem na nossa vida e que não estão nas nossas mãos (atenção que não estou a falar de situações de saúde, naturalmente). 

Normalmente, quando estas coisas acontecem, ficamos zangados, irritados, frustrados... Somos inundados por sentimentos negativos que só vão alimentar e dar mais força à situação, dificultando que a esqueçamos, que a ultrapassemos ou até que reajamos a ela.

É óbvio que se acontece uma coisa má, é muito difícil racionalizar e gerir emoções. Mas é importante tentar que estes sentimentos negativos não nos dominem, porque eles só prejudicam e não trazem rigorosamente nada de bom ou de positivo. Muito pelo contrário! 

Imaginem, quando não aceitamos algo que não podemos controlar, estamos a remar contra a maré e a única coisa que acontece quando se rema contra a maré, é que se perde a força. Só isso. No limite, afogamo-nos.

Por fim, o terceiro motivo: gratidão. Sempre agradeci a Deus pelo que tenho. Pelo que Ele me deu e dá todos os dias. E a meditação reforça muito esta parte. Quando agradecemos, cá do fundo, estamos a passar mensagens positivas ao cérebro, o que acaba por ter reflexos na forma como levamos a vida. E quanto mais treinarmos o cérebro, melhor. Além disso, energia positiva, atrai energia positiva.

Quando acontece algo menos bom, inicia-se um processo interno que demora o seu tempo a desenrolar-se e estou convencida que não vale a pena querer saltar etapas. Temos de respeitar os nossos timings. No meu caso, a meditação ajudou a tornar o processo mais leve. Repito: Não! Com a meditação não passei a ver o mundo cor de rosa, cheio de unicórnios e repleto de purpurinas, mas ela ajudou-me a levantar e a reorientar-me e é por isso que continuo a meditar. Porque sinto que a meditação dá leveza à vida.

Quis partilhar isto convosco porque quem sabe se esta "dica" não ajuda alguém como me ajudou a mim. Se isso acontecesse com uma pessoa que fosse, eu já ficava feliz :)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Sim, gosto e quero ter tempo para mim e não sinto culpa por isso!

Demorei muito tempo a atingir este ponto. O ponto em que me permito ter momentos para mim sem  qualquer sentimento de culpa associado. Durante anos, e de forma inconsciente, quando tinha algum tempo para mim, lá vinha a culpa. Culpa por não estar a aproveitar esse tempo com os meus filhos. Era como se tivesse uma vozinha irritante na minha cabeça a dizer: "Que raio de mãe és tu?!"

Que fique claro que nunca encarei o tempo que passo com os meus filhos como uma obrigação ou como uma espécie de dever. Os momentos que passo com eles são preciosos e não há nada para mim de mais valioso. Mas isso não quer dizer que não goste de fazer coisas sem eles. De estar sozinha. De estar com os meus amigos. De sair. De me divertir. Sim, divertir-me sem eles! 

Gosto e preciso destes momentos. Servem como uma espécie de energizante e, muito importante, não me deixam esquecer que continuo a ser uma mulher com quereres, desejos, vontades, e que isto não faz de mim uma má mãe. Pelo contrário! Faz de mim humana.

A partir do momento em que aceitei que gosto e quero ter momentos para mim, ganhei uma outra leveza. Uma leveza que, não tenho a menor dúvida, me ajuda a ser muito melhor mãe.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

(A aventura de) viajar sozinha para Disney com duas crianças - parte 1


Há anos que sonhava com esta viagem. Sonhava ir com eles à Disney, numa aventura que gostaria que ficasse para sempre gravada nos corações deles e no meu.

Inicialmente, a viagem estava pensada para ser feita na companhia de outros casais com filhos. Estávamos à espera que os mais novos crescessem mais um bocadinho para terem idade (e altura) para poderem usufruir de mais diversões e poderem ficar com memórias da viagem. No entanto, a vida trocou-me as voltas (é perita nisto!), mas eu também sou teimosa e estava decidida. Iria fazer esta viagem e ponto final. Não sabia era quando.

Escusado será dizer que a falta de tempo e de dinheiro também foram dois fatores que tiveram de ser bastante considerados, mas se for sincera comigo mesma, tenho de confessar que era o medo que mais me "congelava".

Pensar que ia viajar sozinha com eles causava-me uma ansiedade imensa. É que uma coisa é passar um fim-de-semana fora, em Portugal, outra totalmente diferente é viajar para o estrangeiro, para um país que não é o meu. Pensava na logística que implicaria, nas questões de segurança, nas questões práticas...

Foram meses a maturar a ideia, até que por fim pensei: "bolas, Sofia, já provaste a ti mesma que és capaz de tanta coisa, já te superaste em tantas outras... vais ser capaz de fazer isto também!"

Poderá parecer uma parvoíce, admito que sim. Não faço ideia se mães na mesma situação que eu sentem o mesmo ou se, pelo contrário, são destemidas e fazem tudo exatamente igual a quando estavam com os seus companheiros. Mas convenhamos que dois a tomar conta de dois parece-me mais equilibrado do que um a tomar conta de dois... 

Seja como for, comecei a pensar que se as minhas opções para viajar com eles passavam por esperar que algum casal ou alguma amiga com filhos fosse a algum lado para eu ir também ou então não depender de ninguém para realizar os meus sonhos com eles, a escolha não podia ser mais óbvia. 

Marquei a viagem com medo mesmo!

Estava nervosa, confesso, mas correu tudo otimamente bem. Tivemos contratempos, como todas as viagens têm, mas superámo-los a todos. 

Não sou de me gabar, tenho até algum pudor em fazê-lo, mas estou mesmo muito feliz comigo e orgulhosa de mim mesma. Se havia "prova" que queria superar, era esta. De certo modo, sentia que a forma como corresse esta viagem ditaria a minha capacidade de gerir este tipo de situações com eles. Ditaria a minha coragem de voltar (ou não) a entrar neste tipo de "aventuras". E sim, sinto-me pronta e com vontade de preparar a próxima! Haja saúde, tempo e dinheiro! :)

Agora há também que lhes dar os devidos créditos. É que se correu tão bem como correu, foi porque eles foram dois companheiros e peras. Portaram-se super bem (é óbvio que não foram santos e zanguei-me com eles algumas vezes, mas foi por coisas minúsculas) e foram uns valentes. Porque senhores, nós fizemos quilómetros e quilómetros a pé e tanto um como outro portaram-se como crescidos, mesmo quando era notório que estavam super cansados.

Resumindo, saí desta viagem com o coração cheio, porque o seu propósito foi conseguido. E não, o propósito não era superar-me. O propósito era fazê-los felizes e realizar este meu sonho (que eu sabia que era o deles). Eles amaram esta viagem, manifestaram-no mil vezes, e eu não poderia ter ficado mais feliz.

Num próximo post contarei mais pormenores, nomeadamente como preparei a viagem, no sentido de a tornar o mais prática possível.

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