terça-feira, 5 de março de 2013

Estar desempregada (factos e mitos)

Faz hoje 4 meses que estou desempregada!


Até há bem pouco tempo, estava otimista. Muito otimista até. Mas agora, algo se desvaneceu. Continuo a ter esperança e o otimismo ainda não desapareceu, mas já não sei se é por ele efetivamente ter razão de ser ou se é por uma questão de instinto de sobrevivência. Do género: "se não sentir isto, não tenho nada a que me agarrar e vai ser pior a emenda que o soneto!"


Desde que estou desempregada, tenho constatado algumas coisas que fazem com que muito do que se diz e pensa sobre os desempregados e o "estar" desempregado, não seja exatamente assim. Já outras, são tal e qual.

- Um desempregado tem muito tempo livre. MITO

Um desempregado perde um tempo estúpido à procura de emprego, a ponto do tempo que passa em frente ao computador ser o suficiente para dar cabo da vista. Mais, não sei como é no caso dos homens, mas, quando se é mulher e se está desempregada, os TO DO´s domésticos multiplicam-se milagrosamente (para mal dos meus pecados, que tenho uma veia de dona de casa muito pouco apurada).


- Um desempregado vive em constante ansiedade. FACTO.

Mesmo que não seja uma coisa consciente, está lá sempre a preocupação do subsídio acabar e não se conseguir arranjar nada. Na verdade, a preocupação começa muito antes do subsídio acabar, porque passados 6 meses começa-se a receber menos 10% da miséria que já se recebe (a mesma miséria que a Troika acha que é o supra-sumo da batata frita).
A ansiedade está lá também, todos os dias, cada vez que se faz refresh ao e-mail. A expectativa de ter alguma resposta a um dos muitos CVs que enviámos, está lá sempre. Quer queiramos, quer não. O mesmo se passa com os números não identificados que aparecem no visor do nosso telemóvel.


- Há muitos desempregados que se encostam e não se importam de viver à conta do subsídio. MITO (na minha realidade)

Ouve-se isto constantemente mas, das pessoas que conheço e que passaram/ estão a passar por esta situação (e olhem que não são poucas), sempre notei nelas um esforço para arranjarem alguma coisa e uma preocupação face à realidade que estão a viver. O ânimo leve que se apregoa constantemente que vivem muitos desempregados, nunca vi de perto, nem sequer soube que acontecesse com o amigo-do-amigo.
Não tenho dúvidas de que devem existir pessoas assim, mas faz-me muita confusão que se fale neste assunto como se pudesse ser aplicado à grande maioria.

- Os desempregados são estigmatizados. MITO.

Acredito que o fossem há uns anitos, mas hoje em dia não. O pior, é que era preferível que continuassem a ser. Isto porque se hoje não o são, é porque o desemprego se tornou banal. É tão comum, ao ponto de neste fim-de-semana eu ter estado numa sala com mais 6 pessoas e termos chegado à conclusão que estávamos TODOS desempregados. Todos licenciados, em áreas diferentes uns dos outros, todos novos e sem emprego! Que maravilha de país este!

- Estar desempregado é um drama. MIACTO (Uma mistura de mito e facto. Gostam do neologismo? :))

Enquanto se tem subsídio (sim, porque há quem não tenha direito a ele) e há comida na mesa, não é drama nenhum. Drama é não ter o que comer, não poder dar de comer aos filhos. Drama, é estar gravemente doente ou ter doente quem amamos. Mas que não é ums situação fácil, lá isso não é!


Faz hoje 4 meses que estou desempregada e, depois de 123 CVs enviados (entre respostas a anúncios, candidaturas espontâneas e CVs enviados a contactos meus), ainda não vi a tal luz ao fundo do túnel que o outro falava.

Mas já agora, esta fase também serviu para fazer uma espécie de triagem nas pessoas que me rodeiam. Tive pessoas que foram, e continuam a ser, super queridas. Que enviam anúncios quando vêem um que acham que me possa interessar, que se preocupam. Mas, em compensação, tive outras que nem resposta me deram. Que tipo de pessoa não responde a outra que está, claramente, a pedir ajuda? Nem que seja para dizer que, infelizmente, não pode fazer nada. É o mínimo! Faz parte até da educação; se não quisermos falar em humanidade.

Mas resumindo e baralhando. Estou farta disto. QUERO UM EMPREGO JÁ JÁ JÁ JÁ... e se for bom, também se agradece! Por isso, já sabem, se souberem de alguma coisa na área da comunicação (jornalismo, assessoria, gestão/ produção de conteúdos...) chutem para aqui ;) I have a dream...


12 comentários:

  1. Esperança!! Sempre.
    Não está desempregada, o seu emprego neste momento é prospecção de emprego. Tente ver as coisas sempre num prisma positvo. Faça rotinas, estabeleça objectivos proprios e nunca deixe de acreditar em si.
    O emprego virá!!! E se não vier começe também a pensar em projectos alternativos, um negocio seu, ou uma parceria com alguém...enfim, mantenha sempre a cabeça ocupada, e os sonhos sempre activos.
    Boa Sorte

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  2. Envolva-se num grupo de voluntariado. Tem quatro vantagens: 1- Conhece novas pessoas;2 - está ocupada e não pensa no desemprego;3 -estabelece contactos com pessoas que conhecem pessoas em empresas; 4 - pode identificar necessidades e criar coisas para vender!

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  3. Antes de mais, obgda pelas palavras Sónia e Anónimo :)
    Eu tenho rotinas estabelecidas e o que fazer não me falta. Falta-me é tempo para fazer tudo o que "invento" para fazer :) Otimismo, também o tenho, mas é inevitável que a preocupação esteja lá sempre, como uma nuvem. Por vezes a nuvem está mais branquinha, por vezes mais carregada! Acho que faz parte!

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  4. Também estive desempregada, sem direito a qualquer tipo de subsídio... foi um sufoco... desejo-lhe muita sorte e muita força! Fico a torcer!

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    1. Obgda Vera... Bolas, sem subsídio deve mesmo ser um sufoco. Ainda bem que essa fase já passou!

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  5. Infelizmente encontro-me desempregada também, vou tendo um part-time, mas nada de muito bom que mal dá para a gasolina do transporte...estou desempregada desde Agosto e sem qualquer tipo de subsidio, pois era bolseira de investigação e não tenho nenhum tipo de direitos...não sou da área da comunicação, mas também conheço pessoas dessa área desempregadas! este país é muito triste por não aproveitar as pessoas inteligentes que têm! Bjinhos e força!

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    1. Pois... infelizmente, essa realidade é cada vez mais comum :( Desejo-lhe boa sorte e temos que acreditar que tudo se vai resolver pelo melhor! beijinhos

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  6. Eu estou empregada, mas com um processo de extinção da empresa onde me encontro a pairar sobre a minha cabeça. Lido também diarimamente com muito gente que está desempregada. Força. Temos mesmo que acreditar! Beijinhos

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    1. Não pense nisso Polly. Sei que falar é fácil mas, realmente, e cada vez mais, temos mesmo de viver um dia de cada vez. Esforçar-mo-nos para isso, pelo menos! Beijinhos

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  7. Sábias palavras! Tenho 26 anos e dia 5 fez 3 meses desde que meti os meus papeis no centro de emprego. Vivo sozinha desde os 18, trabalho desde os 22 na área da comunicação e assessoria e nunca pensei demorar tanto tempo a arranjar trabalho. Pensei que a nossa área ainda era uma das poucas que estava a salvo, e que o meu currículo e experiência me fariam arranjar emprego em pouco tempo, erro crasso!
    Concordo com tudo o que disse, o acordar a meio da noite a pensar 'e se não tiver arranjado trabalho quando o subsidio acabar?', gasto a bateria do telemóvel só de conferir se alguém me telefonou e eu não ouvi e faço mil 'refresh' ao mail a ver se tenho alguma resposta.
    Só não concordo com uma coisa, no meu caso, sinto que por estar desempregada sou estigmatizada. Se calhar é por ser nova, ter um ar de miúda, não ter filhos e por isso mais flexibilidade para aceitar qualquer tipo de propostas, e me recusar a candidatar a empregos a recibos verdes ou que paguem uma miséria (a maior parte das entrevistas que fui o ordenado base era inferior ao valor do subsidio). Mas sim, recuso. Haverá algum problema em querer e procurar o melhor para mim? Sinto-me estigmatizada por isso, por querer o melhor para mim, por pôr os parâmetros em alta. Mas puxa, sou licenciada, pós graduada e mestre, tenho 4 anos de experiência, experiência à séria, (nos últimos 2 anos fazia assessoria para o governo, para os partidos com acento parlamentar e para a comissão europeia).
    Passaram 3 meses desde que dei entrada no processo e ainda não recebi um tostão, quando pergunto na segurança social o porquê da demora a resposta é 'Está a demorar muito, mas olhe, dê-se por contente de não ter filhos e de ter recebido uma boa indemnização!' E eu, mais uma vez sinto-me estigmatizada, por ser jovem, por ter recebido uma 'boa indemnização', e sinto-me também culpada por estar a maçar a senhora da segurança social, eu que sou jovem, que não tenho filhos, e que se não tivesse os parâmetros tão altos provavelmente já teria arranjado emprego e não estava a 'depender' do estado e a fazer perder tempo às senhoras da segurança social.
    Ana

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    1. Antes de mais Ana, lamento a sua situação. É realmente desmotivante acabar o curso e depois se ver nesta situação, mas o desemprego é mau SEMPRE. Há situações piores que outras, claro, mas é sempre mau.
      Quando se é recém-licenciado é mau porque, provavelmente, as expectativas nessa altura estão mais altas que nunca e porque o sonho de qualquer jovem é ser independente. Já quem tem filhos, tem de se preocupar com elas próprias mas, sobretudo, com os filhos. O medo de faltar dinheiro para a comida consegue tirar o sono a qualquer um. Quem não tem filhos e já e independente, preocupa-se em como vai pagar as suas contas. Quem já tem filhos mais velhos, que até podem, provavelmente, trabalhar para ajudar em casa, ou então até já têm filhos independentes, preocupa-se porque tem receio de ser considerado velho demais e sente-se mal por não poder ajudar os filhos. TODAS as situações são más. Todas estas realidades são más. E quem não tem direito a subsídio, eu nem sei como é que faz, sinceramente :(
      Se calhar expliquei-me mal. Quando falei em estigma, queria referir-me ao facto de há uns anos, não assim tão longínquos, quando uma pessoa ficava desempregada, era olhada como aquela pessoa que não devia ser muito competente naquilo que fazia. O seu profissionalismo e competência era, inevitavelmente, posto em causa. Hoje em dia não. Não se olha para um desempregado nesse prisma. Até porque uma grande percentagem deles vieram de cargos de chefia e de grande responsabilidade (e, à partida, salvo exceções, se lá chegaram, deve ter sido pelo bom trabalho que desempenhavam). Foi neste sentido que falei em estigma.
      Ana, desejo-lhe muito boa sorte na sua procura de emprego.
      Quanto ao facto de já ter recusado trabalhos por serem de um valor inferior ao que está a receber de subsídio, informe-se na segurança social, porque há uma coisa chamada subsídio suplementar ou qualquer coisa parecida. Não sei bem como funciona, mas é para casos desses. Beijinhos P.S. 3 meses é, de facto, muito tempo. Vá chatear quem tem de chatear, todos os dias se for preciso, porque isso é muito tempo! Eu fiquei 2 meses e pouco à espera.

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  8. Concordo com tudo o que acabou de dizer . É realmente muito desgastante !! E nós estamos sempre a fazer qualquer coisa apesar de dizerem o contrario e acharem que estamos sempre disponiveis para tudo -.-
    é horrivel. Mas coragem querida , nos havemos de arranjar solução.
    bjinhs , rita roque *

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