quinta-feira, 12 de novembro de 2015

E eis o motivo da minha tristeza!

Esta foto foi tirada no dia em que o Gonçalo nasceu.
Apesar da qualidade ser muito má, eu adoro-a. O olhar dele, e o meu (mesmo sem se ver), é de uma cumplicidade e amor ímpar. E é isto que eu quero que se mantenha sempre. Por mais que os anos passem!
Há dias partilhei convosco que não ando a 100%. Que há uma situação em particular que anda a mexer muito comigo e a deixar-me meio sem chão.

Tem a ver com o Gonçalo.

Graças a Deus não tem nada a ver com a saúde dele e quando ponho as coisas nesta perspectiva é claro que tudo fica mais amenizado. Mas a verdade é que não posso pôr as coisas deste modo. Isso seria tapar o sol com a peneira.

O que se passa é que o Gonçalo anda agressivo. Faz birras como as outras crianças fazem, mas não é isso que me preocupa. O que me deixa aflita é ver que à mínima contrariedade, ou quando vê que alguém não lhe dá a atenção que ele quer, rebenta. Grita, chora e, pior, agride. Não o faz nem a mim nem ao Marco, mas na escola já o fez umas 3 ou 4 vezes a amiguinhos.

Se nunca passaram por isto não têm ideia do que é dizerem-vos que o vosso filho, aquela pessoa doce e meiga que conhecem, deu um murro a um amigo. Passa-vos tudo pela cabeça. Parece um pesadelo.

"Porquê?" foi a primeira questão que me coloquei. "Onde é que errei?" foi a segunda.

Consigo detetar uma série de mudanças na vida dele. Muitas e ao mesmo tempo. Mudanças a mais para alguém tão pequenino. Consigo também ter a noção que o Gonçalo sempre teve um feitio nem sempre fácil. Desde muito pequenino que sempre quis que as atenções se focassem muito nele, e também desde sempre que tem tendência para arranjar problemas onde não existem. Parece que gosta de implicar como forma de descarregar.

Também consigo detetar em mim - agora - alguns comportamentos que se calhar deveria ter evitado. Como por exemplo, antecipar-me a ele. Ou seja, fazer algo por ele antes sequer de lhe dar oportunidade de se ele a fazê-lo. (e isto dando apenas um exemplo).

Ele começou a ser assim mais agressivo desde que mudou de escola - não digo que esse seja o motivo, estou apenas a traçar uma linha temporal para me situar - e desde que começou a ser assim já passei por todo o tipo de sentimentos. Já chorei, já desesperei, já me senti perdida, já me senti frustrada, já me senti má mãe, já analisei, já parei para pensar, já agi.

Eu e o Marco percebemos que ele precisava de ajuda. E nós também. Resolvemos por isso recorrer à ajuda de um psicólogo (neste caso psicóloga). Descobrimos o Centro Ser Mais, que oferece serviços de psicologia, terapia da fala, apoio escolar, etc. - e é nesta equipa que nos vamos apoiar nos próximos tempos (um à parte, mas que acho pertinente partilhar caso haja pessoas na mesma situação que nós, é que eles praticam preços em conta).

A Cláudia e a Márcia, as pessoas que estão à frente deste Centro, têm sido incansáveis e super queridas. Não tendo obrigação nenhuma de o fazerem, mas por se terem apercebido o quão abalada estava com tudo isto, têm-me dado imensa força com palavras queridas e de esperança.

Estou certa que o Gonçalo será bem acompanhado e quero acreditar que dentro de uns meses as coisas estarão diferentes. Que o meu doce Gonçalinho voltará a ser só isso mesmo: doce.

Como disse há dias num post, não ambiciono nem quero que o meu filho seja perfeito. Não tenho a mínima ilusão (nem acharia normal se assim fosse) que ele se porte sempre bem e que nunca faça birras. Não tenho pretensões de nada disto. Só não quero que ele continue assim. Por ele. Acima de tudo por ele.

Por mais que saiba que devo ter errado a determinada altura, tenho a certeza que sempre eduquei o Gonçalo para ele ser um bom menino. Um menino do bem que respeita os outros. E, muito importante, sempre o amei muito e sei que ele sente isso.

Se ainda estou triste? Estou. Muito. Triste e com medo. Acredito no meu filho, acredito nestes profissionais... mas o "e se" acaba sempre por surgir a martelar na minha cabeça.

Sei que mais do que nunca preciso de ter fé.

24 comentários:

  1. Ola sou leitora do blog, há algum tempo, apesar nunca comentar, hoje revi me neste post, tenho um filho de 11 anos, desde sempre fez birras, foi uma criança muito mimada sempre teve todo, quando o irmão nasceu as coisas complicaram se ainda mais, sem querer desanimar te , nenhum caso e igual, mas aqui por casa nunca melhorou, piorou e bastante, hoje com 11 anos tive recorrer ajuda profissional de uma psicóloga, e muito complicado gerir as nossas emoções, a vermos um filho fazer birras, enervar se constantemente, maltratar irmão, colegas, o meu filho tem ataques fúria, nervos, s eu sei o que tenho passado com ele, único conselho posso dar te é conversar muito com ele sem gritar,e saber ouvir os nossos filhos sobre as preocupações deles, claro que depois o meu filho tem a outra faceta de menino calminho , amoroso , e meiguinho, nunca compreendi porque ele faz estas birras, compreendo te tão bem , há certas alturas que me culpo e pergunto me porque o meu filho faz estas coisas!!!

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    1. Obrigada pela partilha Dade. Espero conseguir reverter a situação rapidamente. Ele ainda é pequenino e estas atitudes são muito recentes - ainda que me pareça que acontecem há uma eternidade. Vamos ver. beijinhos grandes e que tudo corra pelo melhor com o seu filhote. Há de correr com certeza. <3

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  2. Deste conta do que estava mal e estás a tentar resolver! Sem colocar as culpas nos outros. Parabéns! Mesmo. Não é fácil reconhecermos nos nossos filhos defeitos. Mas tb é para o bem dele! Aprender a lidar com a frustração e contrariedade na vida, faz parte! Muita força e mais uma vez parabéns pela atitude, e coragem de o escrever aqui!

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  3. Olá mãe

    Entendo o seu desespero :(
    O ano passado, a minha filha começou a ter atitudes agressivas, tanto na escola como em casa mas com o passar do tempo voltou ao que era...são fases que as crianças têm.
    concordo que tenham recorrido/pedido ajuda, pois também o fiz, aliás comentei com a Educadora e a própria encaminhou para a psicóloga do infantário.
    A psicóloga, todas as segundas-feiras ia à sala observar (comportamento...) e fazer yoga com os meninos...nas sessões (só os pais) que tinhamos com ela falávamos sobre a minha filha....confesso que ouvi coisas que não me agradaram (arrogante, egoísta...) sobre a minha filha e tão pouco correspondiam à verdade, pois uma criança de 2/3anos não tem consciência do que faz...Felizmente, foi uma fase/período curto :)
    Tudo vai passar e o Príncipe voltará a ser um docinho ❤

    Um beijinho e calma que tudo se resolve ☺

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    1. Realmente!!! Rotular crianças dessa maneira? Com 2/ 3 anos?! Ainda para mais vindos de uma profissional da área! :(
      Mas o que interessa é que a sua menina voltou ao que era. Ao que sempre foi. E é isso que espero que aconteça com o meu menino. Muito obrigada Sílvia. beijinhos

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  4. Olá Ana!

    Sabe? Eu não sou mãe, mas sou filha ( a mais velha) e fui assim, como o Gonçalo, numa fase da minha vida.
    Tinha 6/7 anos e parecia que o mundo era um lugar horrível que conspirava contra mim. O meu pai viajava imenso em trabalho e passava muito tempo só com a minha mãe e irmã que na altura era bebé. Eu sofria muito porque me sentia sozinha e ser diferente estava a dar comigo em maluca: Sou mulata e os meninos na escola eram muito maus comigo.
    Por mais queixas que eu fizesse aos responsáveis (profs e auxiliares) na escola, todos desvalorizam e muitas vezes nem repreendiam os meus colegas...
    Qual foi a forma que eu encontrei para ser ouvida por todos? Tornei-me agressiva, muito. Eu virava mesas em plena sala de aula, gritava com a minha professora, batia (muito) nos meus colegas e tentei várias vezes fugir da escola tendo quase sido atropelada uma vez. Tudo o que me passava pela cabeça era desaparecer: Ninguém me ouvia, ninguém me via, ninguém me acudia. Eu estava sozinha e sem saber o que fazer. Naturalmente a situação chegou a um ponto em que a minha mãe percebeu que tinha de fazer alguma coisa para me ajudar. Para isso recorreu a uma psicóloga que me ajudou muito, mas só com o tempo eu fui aprendendo a viver comigo, com as minhas diferenças e com os outros.
    Dê tempo ao Gonçalo para assimilar toda ajuda, todo o carinho que lhe dá. Acredite que ele o reconhece, que ele o sente. Ás vezes as crianças têm as mesmas frustrações e problemas que os adultos só não sabem bem como os gerir.
    Seja qual for o motivo para as suas atitudes, acredite que tudo vai passar.
    Ele é um 'Menino do Bem' e, acima de tudo, é o SEU 'Menino do Bem'.
    Força. Tudo vai melhorar :)
    Um beijinho

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    1. Olá Solange. O seu testemunho tocou-me muito. O facto da Solange não ser mãe, de ter estado do outro lado, fez-me pensar um pouco nas coisas de outra perspetiva. Muito, muito obrigada. Foi mesmo muito importante para mim e deu-me imensa força.
      A forma como escreve, o tom, fazem-me ter a certeza que é uma boa pessoa. E isso deu-me muita esperança. Fez-me acreditar ainda mais que tudo vai correr bem. beijinhos grandes e obrigada novamente.

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  5. Sou mãe de primeira viagem de uma menina de 5 meses, a Francisca. Ainda que muito virgem nestas andanças de ser mãe, sou mãe. Percebo todos os dias e cada vez mais que não tenho tudo sobre controlo, percebo que há coisas que me vão escapar, que não sou perfeita nem a minha filha o vai ser. Muitas vezes não sei se estou a fazer o melhor mas a minha consciência diz me que sim, e isso é o mais importante. Não se sinta culpada, até nós adultos temos dias maus, fazes menos boas, acontecimentos que nos moldam... Por vezes esquecemos que as crianças também são pessoas como nós. Acompanho o seu blogue e senti que havia algo por dizer, cá está! Obrigada por partilhar as malhavilhas da maternidade muitas vezes pouco cor de rosa. Muita força, não desanime, o Gonçalo sentirá que não está bem e não será bom para ele. Um beijinho. Ana.

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  6. Muita forca, vai correr tudo bem.

    Http://www.soupai.pt

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  7. Tem calma, o 1º passo foi dado...pediste ajuda, provavelmente ele não se adaptou bem à escolinha nova. Um dia de cada vez é o principal e tentar não demonstrar à frente dele as vossas inseguranças...jinhos de muita coragem <3

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    1. às vezes é difícil não mostrar essas inseguranças. Mas tento :) beijinhos e obrigada! <3

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  8. Pode sofrer de hiperatividade, a hiperatividade tem vários graus. Tente se informar...

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  9. Olá, identifico-me a 100% com este texto. tenho um filho de 2 anos com o mesmo problema do Gonçalo e também já procurámos ajuda. Tem sido uma batalha difícil mas creio que vamos conseguir.

    Beijinho e muita força

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    1. Eles são tão pequeninos! Vamos pois. Temos de acreditar nisso. Por eles, mais do que por nós. beijinhos

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  10. Passei exatamente pela mesma situação, e me questionei também onde tinha errado. Levei-o ao psicólogo e foi diagnosticado ao meu filho hiperatividade com grave défice de atenção. Hoje faz treze anos e a dois anos para ca que notamos uma diferença enorme do que era com 5,6 anos. Euito difícil estar numa situação destas ser chamada montes de vêzes a escola, e não saber o ke fazer. Hoje com a medicação porta-se super bem subiu imenso as notas, é preciso ter muita força. Agradeço imenso a minha sogra que nos apoiou imenso. É preciso ter muita paciência. Beijinhos e muita força <3

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    1. Ainda bem que o seu menino está melhor. Isso é que interessa. Muitos beijinhos e obrigada <3

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  11. E apenas uma fase. Vai passar.o meu docinho o meu bebe grande so precisa de muita paciencia e muita calma para os papas .bjos do fundo do meu coracao

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  12. Revejo-me muito nas suas palavras..
    Tenho um menino com 4 anos e também tenho imensas queixas da educadora, que ele é muito agressivo com as outras crianças e pior ela diz que parece que ele sente prazer em fazer mal aos outros meninos... Tou com muito medo
    Graças a sua publicação também contatei o Centro Ser Mais e vou amanhã a uma consulta com o Diogo. Espero que isto seja uma fase e que consigam ajudar o meu menino... Sinto-me mesmo triste sem saber o que fazer ��

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    1. Olá Carla. Ele é tão pequenino... De certeza que é só uma fase. Vai ver que a ajuda de um profissional vai ajudar a resolver a situação. beijinhos grandes e desculpe responder só agora

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