(texto escrito pela dietista Ana Rodrigues Lopes)
Tal como foi
dito no artigo do mês passado, a alimentação do bebé nos primeiros 6 meses de
vida deve ser feita exclusivamente a partir do leite materno, caso se verifique
que o bebé está a crescer e a desenvolver-se de forma adequada. Chegado a esta
altura, começa a ter necessidades nutricionais maiores e o leite materno deixa
de as conseguir suprir na totalidade. É nesta fase, entre os 4 e os 6 meses,
que se devem começar a introduzir novos alimentos no dia alimentar do bebé,
processo que se designa por diversificação alimentar.
É durante
esta fase que o bebé irá começar a definir os seus gostos e preferências,
contactando com diversos tipos de aromas, texturas e sabores. A evidência
demonstra-nos que a preferência pelo sabor doce e salgado é inata – ou seja, já
nascemos a gostar destes sabores, sem nunca os termos provado. Portanto, é aqui
que entra o papel importantíssimo dos pais: educar o paladar dos seus filhos,
logo desde a diversificação alimentar. Evitar a introdução de alimentos muito
ricos em açúcar e sal, e promover o contacto com os paladares menos preferidos
como o azedo e amargo, frequente nos vegetais, é das recomendações que se deve
ter em conta, não apenas durante esta fase, mas ao longo de todo o crescimento
e desenvolvimento da criança.
A
diversificação alimentar deve começar com pouca quantidade de alimentos, poucas
vezes ao dia (cerca de 2 a 3 pequenas refeições por dia, entre os 6 e os 8
meses), e deve ser aumentada (em quantidade e frequência) à medida que a
criança cresce. Apesar da introdução de novos alimentos, a Organização Mundial
de Saúde defende que a criança deve continuar a ser alimentada com leite
materno até aos 2 anos de idade ou mais.
Os primeiros
alimentos a serem introduzidos são vegetais, fruta, cereais sem glúten (como as
papas) e carne, com uma consistência de puré/papa ou semi-sólida, uma vez que
ainda não desenvolveram completamente a capacidade de mastigar. A consistência
deve ir evoluindo até aos alimentos sólidos, à medida que os meses passam.
No artigo do
próximo mês será dada mais informação relativamente à introdução de alimentos
em cada mês, até ao primeiro ano de idade.
Para terminar, ficam algumas recomendações da Organização Mundial de Saúde:
Para terminar, ficam algumas recomendações da Organização Mundial de Saúde:
- É importante aprender a reconhecer os sinais de
fome e saciedade do bebé;
- A hora da refeição deve ser feita num ambiente calmo, de forma paciente;
·
- O bebé deve ser incentivado a comer, mas não forçado ou pressionado com ralhetes ou chantagens;
- O bebé deve ser incentivado a comer, mas não forçado ou pressionado com ralhetes ou chantagens;
·
- Se o bebé recusar alguns alimentos, experimentar outras formas de apresentação, outras combinações de alimentos ou até tentar a introdução numa altura diferente;
- Reduzir ao máximo as distrações durante a refeição.
- Se o bebé recusar alguns alimentos, experimentar outras formas de apresentação, outras combinações de alimentos ou até tentar a introdução numa altura diferente;
- Reduzir ao máximo as distrações durante a refeição.
E, por fim,
é importante não esquecer: as refeições são um momento de aprendizagem, onde a
comunicação afetiva e a criação de um ambiente positivo se torna extremamente
importante.
Dra.
Ana Rodrigues Lopes
Dietista (CP
nº. 0570DE) | Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação do Cacém
Membro da
Ordem dos Nutricionistas e da Associação Portuguesa de Dietistas
E-mail:
anarodlopes@gmail.com
Fontes:
World Health Organization. Guiding
principles for complementary feeding of the breastfeed child (2001).
European Food Information Council
(EUFIC). Getting a good start in life (2000).
Archives de Pédiatrie. Food diversification and taste building. 2010.
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