terça-feira, 15 de abril de 2014

Diversificação alimentar

(texto escrito pela dietista Ana Rodrigues Lopes)


Tal como foi dito no artigo do mês passado, a alimentação do bebé nos primeiros 6 meses de vida deve ser feita exclusivamente a partir do leite materno, caso se verifique que o bebé está a crescer e a desenvolver-se de forma adequada. Chegado a esta altura, começa a ter necessidades nutricionais maiores e o leite materno deixa de as conseguir suprir na totalidade. É nesta fase, entre os 4 e os 6 meses, que se devem começar a introduzir novos alimentos no dia alimentar do bebé, processo que se designa por diversificação alimentar.

É durante esta fase que o bebé irá começar a definir os seus gostos e preferências, contactando com diversos tipos de aromas, texturas e sabores. A evidência demonstra-nos que a preferência pelo sabor doce e salgado é inata – ou seja, já nascemos a gostar destes sabores, sem nunca os termos provado. Portanto, é aqui que entra o papel importantíssimo dos pais: educar o paladar dos seus filhos, logo desde a diversificação alimentar. Evitar a introdução de alimentos muito ricos em açúcar e sal, e promover o contacto com os paladares menos preferidos como o azedo e amargo, frequente nos vegetais, é das recomendações que se deve ter em conta, não apenas durante esta fase, mas ao longo de todo o crescimento e desenvolvimento da criança.

A diversificação alimentar deve começar com pouca quantidade de alimentos, poucas vezes ao dia (cerca de 2 a 3 pequenas refeições por dia, entre os 6 e os 8 meses), e deve ser aumentada (em quantidade e frequência) à medida que a criança cresce. Apesar da introdução de novos alimentos, a Organização Mundial de Saúde defende que a criança deve continuar a ser alimentada com leite materno até aos 2 anos de idade ou mais.

Os primeiros alimentos a serem introduzidos são vegetais, fruta, cereais sem glúten (como as papas) e carne, com uma consistência de puré/papa ou semi-sólida, uma vez que ainda não desenvolveram completamente a capacidade de mastigar. A consistência deve ir evoluindo até aos alimentos sólidos, à medida que os meses passam.

No artigo do próximo mês será dada mais informação relativamente à introdução de alimentos em cada mês, até ao primeiro ano de idade.

Para terminar, ficam algumas recomendações da Organização Mundial de Saúde:

É importante aprender a reconhecer os sinais de fome e saciedade do bebé;


     - A hora da refeição deve ser feita num ambiente calmo, de forma paciente;
·       
    - O bebé deve ser incentivado a comer, mas não forçado ou pressionado com ralhetes ou chantagens;
·       
    - Se o bebé recusar alguns alimentos, experimentar outras formas de apresentação, outras combinações de alimentos ou até tentar a introdução numa altura diferente;

    - Reduzir ao máximo as distrações durante a refeição.

E, por fim, é importante não esquecer: as refeições são um momento de aprendizagem, onde a comunicação afetiva e a criação de um ambiente positivo se torna extremamente importante.


Dra. Ana Rodrigues Lopes
Dietista (CP nº. 0570DE) | Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação do Cacém
Membro da Ordem dos Nutricionistas e da Associação Portuguesa de Dietistas
E-mail: anarodlopes@gmail.com


Fontes:
World Health Organization. Guiding principles for complementary feeding of the breastfeed child (2001).
European Food Information Council (EUFIC). Getting a good start in life (2000).

Archives de Pédiatrie. Food diversication and taste building. 2010.

1 comentário:

Arquivo do blogue

Seguidores