segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Crise existencial de uma mãe (mais uma)

Estou/ ando triste. O Gonçalo anda outra vez numa fase em que é mau para mim. Já não sei o que fazer. Quem olhar de fora ainda pensa que o espanco ou o que trato mal. Dói tanto quando ele é assim! Tento racionalizar: "ele tem só dois anos e não sabe o que faz". Mas nós bem sabemos que quando falamos dos nossos filhos, ser racional é um conceito que nem sempre é simples de alcançar.


Regra geral ele é um menino super fofo e querido. Está numa fase hiper-birrenta, mas isso é com toda a gente. Mas comigo as coisas são muito piores. Já tentei justificar a mim mesma o motivo que o faz ser assim para mim. Só para mim. Ele não é assim com o pai; o que faz com que entenda ainda menos a atitude e fico meia enciumada e ainda mais triste porque não entendo porque é que ele é assim só comigo. Pior. A coisa agrava quando eu e o pai estamos juntos e piora ainda mais se ele acha que eu vou fazer uma coisa que costuma ser o pai a fazer. Por exemplo, de manhã sou eu que o visto, arranjo-o, e o pai vai preparar o biberon e ele bebe-o na cama; porque é assim que ele gosta de fazer. Ele hoje lá deve ter pensado que eu ia tratar disso, porque estava ali ao pé dele, e começou a mandar-me embora e a dizer que queria o pai. Têm noção o quão violento isto é para mim? Ainda para mais eu, que sou uma Maria chorona :(

O motivo mais racional que me surge para esta atitude é o facto de eu não ser a "gaja das brincadeiras" o tempo todo. O pai acaba por sê-lo. Lavar-lhe os dentes à noite e ir deitá-lo, e nesta última tarefa é mesmo só ir deitá-lo, não fica lá nem nada disso, são as tarefas mais "chatas" que o pai faz, tendo em conta aquilo que pode ser a visão de uma criança. Eu brinco também com ele, claro, afinal até passo muito mais tempo com ele, mas por isso mesmo imponho muito mais regras, muito mais limites (ainda por cima porque ele está numa fase em que precisa MESMO deles) e depois faço outras coisas que às vezes se transformam em verdadeiras guerras porque ele não as quer fazer; estou a falar do banho e do vestir.

Enfim... não sei o que fazer. Já tentei ignorar, já tentei explicar-lhe que não se faz, já tentei explicar-lhe que me deixa triste... ele na altura dá-me abracinhos, mas depois faz exatamente a mesma coisa. Tenho a sensação que ele acha que pode fazer asneira à vontade, porque depois basta pedir desculpa. Ensinaram-no na escola a dar um abracinho ao amigo quando ele lhes faz "mal" e acho que ele interpretou mal as coisas. Já tentei explicar-lhe isto também. Que não pode fazer asneiras e depois pedir desculpa e pronto. Que o que ele tem de fazer é portar-se sempre bem... mas, quer dizer, estou a falar para uma criança com 26 meses!

Já não sei o que fazer! ;(

16 comentários:

  1. Como eu te entendo... por aqui é igual o pai é para o colo e todas as brincadeiras a mãe é para tudo o resto.

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    1. Não é fácil, pois não? Não sou só eu que fico triste com estas coisas, pois não? beijinhos

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  2. :( e nós também não acabamos por tratar pior aqueles que mais amamos e que temos a certeza que não se vão embora, por muito que nós os tratemos mal? Não será "apenas" ele a descarregar as frustrações e a desabafar, com a pessoa em quem mais confia e que sabe que estará sempre lá?

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    1. :( Não sei Teresa. Quem me dera a mim perceber. Se fosse esse o motivo, ficaria menos triste. Obrigada pela mensagem. Beijinhos

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  3. Olá!
    Respondi ao seu comentário no meu post "adeus chupeta" e, acho que também dá uma ajudinha ;)

    Nunca ouviu dizer que "descarregamos" nas pessoas que mais amamos? É o porto seguro do seu filho, o pilar, o primeiro amor, a MÃE que ele ama e começa a entender são dois e não um prolongamento. Corta-se o "cordão-umbilical" e cria-se um caminho para a independência. imagine os conflitos que ele tem de gerir? E ele, o seu amor, só está a crescer.

    Vá lá, não desespere, é só uma fase.

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    1. Ai Olga. Obrigada! Nem sabe como essas palavras me confortam. Espero que tenha razão! Nestas coisas sou muito drama queen e penso logo naqueles filhos que têm uma péssima relação com as mães... quando aspiro exatamente o contrário, óbvio. Obgda de novo :) beijinhos

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  4. Pronto é mais um drama de mãe... Não deve ajudar nada dizer que é só uma fase pois não? È que por essa ainda não passei, mas uma vez que tb tenho partilhado os meus dramas, resta-me dizer que sou muito solidária contigo :) se não der para mais nada ao menos que sirva de consolo :) Bjs e espero que esta fase passe!

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  5. Não desesperes... a Olga e a Teresa estão certas.
    Tenho também um menino e já perdi a conta às vezes que ouvi "mas ele só é assim com a mãe, ele porta-se tão bem". As frustrações diárias, os conflitos e até as saudades, muitas vezes resultam nessas manifestações de agressividade para com a mãe. Há alturas piores do que outras... acho que devemos ser firmes e mostrar-lhes quando estão a ter comportamentos incorretos, mas também ser compreensivas e deixá-los ter o seu momento de "bebezice".

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    1. Olá Inês. Obrigada pelas palavras, conselhos e por partilhar a sua experiência. Se estes temas fossem mais falados, acho que todas nós, mães/mulheres, teríamos a ganhar :) beijinhos

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  6. Concordo com a Olga. E ia dizer algo parecido. O meu filho também faz mais birras comigo e eu acho que é precisamente porque a relação deles com as mães é diferente. Batemos mais em quem mais gostamos e eles puxam a corda ao máximo.

    Não deixe que a afecte. O amor dele por si é inquestionável e forte. Mostre que aquelas manifestações não a afectam; se necessário, afaste-se mesmo de algumas tarefas e veja o que acontece.

    Está um ser, uma personalidade em formação ali. É pena que não haja um mapa para nós, mães, mas aquilo somos nós que vamos contribuir para aquela formação.

    Não é nada pessoal, contra a sua pessoa. São testes. Desafios. E ele adora-a, não tenha dúvidas!!!

    Beijinho
    Marta Grosso

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    1. Oh Marta. Obrigada. É bom ouvir de tantas pessoas diferentes que é uma fase. Realmente pensei que era pessoal, mas depois de vocês me exporem as coisas da forma como o fizeram, ainda para mais porque a exposição veio tanto de mães-mães, como também de mães-psicólogas (não sei qual o seu caso), fiquei muito mais tranquila. Mesmo. Ontem à noite até acho que o Gonçalinho sentiu isso, porque esteve completamente diferente :) Muito obrigada

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  7. Os meus filhos sempre foram alternando nas preferências...há fases em que estão mais pai e outras mais mãe...No início, e porque sou uma galinhona, ficava magoada, mas agora até agradeço que me libertem um pouco. Isso passa!

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    1. :) Obrigada Moimême. Efetivamente, ele mudou quase da noite para o dia. Está bastante melhor. Mas eu sou uma choramingas e estas coisas remexem-me nas entranhas :) beijinhos

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  8. Olá! Conheci este blog ontem e estou a dar uma leitura nos vários posts... tenho que comentar este, em particular, pois o meu filho Miguel, que tem 21 meses, não só estica a corda comigo mais que com outras pessoas - muito embora eu tenha uma postura maternal meiga/disciplinadora - como também me quer bater e morder... não encontro explicação nenhuma, para além de sentir que deverá ser o elo incontornável de proximidade mãe/cria, cuja confiança lhe permite tais atitudes... Etou a gostar muito de ler o seu blog pois é bom sentir que nãoe stamos sozinhas em algumas situações que os livros não explicam... Bj, Sara

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    1. Acredito que sejam fases. O meu agora já está completamente diferente. Muito mais calmo (a nível de agressividade, as birras continuam) e é tudo mãe outra vez :)
      Ainda bem que está a gostar. Fico muito contente. Espero que continue desse lado :)

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