quarta-feira, 9 de julho de 2014

Alopatia, homeopatia, fitoterapia...que diferenças?

(texto escrito pela pediatra Ariane Brand)


Quem pensa que toda a medicina natural pode meter-se no mesmo "saco", está enganado.

Toda a medicina que praticamos de momento deriva da Fitoterapia, ou seja, da cura com plantas, que é uma arte praticada desde os inícios da vida humana, tendo alcançado o seu auge na idade média, cultivada pelos mosteiros e pelos seus jardins medicinais. 

Na altura, os sábios utilizavam as plantas em forma de infusões, comprimidos, aplicações externas em forma de pomadas, banhos, emplastes e muitos outros métodos. Ainda hoje, muitas destas aplicações são usadas com sucesso. As flores de Bach, por exemplo, são uma prática especial da fitoterapia. Também a medicina chinesa trabalha com fitoterapia, usando predominantemente as plantas e outras substâncias de origem chinesa.

Toda a fitoterapia tem indicações, contraindicações e interações medicamentosas, assim como acontece com a "nossa" medicina. Muitas vezes é uma medicina mais suave, mas tem o risco de ser usada em doses variáveis da substância activa na fórmula, e dependente do solo ou da exposição solar, por exemplo, pode ter contaminantes. Um simples chá é um medicamento, e pode ser perigoso quando usado indevidamente. Quem combina fitoterapia com medicina alopática dever sempre informar o seu médico deste facto. Dou dois exemplos entre muitos: a erva de São João, antidepressivo natural, desativa a píllula contracetiva e o chá de "Roibusch", interfere com a coagulação e anticoagulantes, tendo sido responsável por hemorragias letais em pequenas cirurgias no bloco operatório.

Toda a medicina ocidental  deriva da fitoterapia. Baseia-se na extração e purificaçõa do princípio ativo químico da planta, o que permite a sua quantificação e dosagem mais precisa. Passaram-se a produzir estes extratos químicos em laboratório, já sem necessidade das suas plantas de origem, o que permitiu ainda melhor a sua dosagem e o seu controlo regular de qualidade, efetuado regularmente sob a soberania da INFARMED. Por esta via, a medicina tornou-se significativamente mais segura para o utente.

A homeopatia é a única medicina totalmente isenta de efeitos colaterais. Surgiu na Alemanha, na altura da fitoterapia e da medicina, ainda muito primitiva e medieval. Tem um principio difícil de entender: igual trata-se com igual. Trata apenas doenças que ainda têm cura e nas restantes doenças pode ser um excelente coadjuvante. A homeopatia moderna aceita perfeitamente a combinação com a alopatia e defende as vacinas. Há fundamentalistas e charlatões em todas as áreas da medicina, mas estes não nos interessam aqui. Têm tantos adeptos, como céticos. 

Na medicina homeopática, o medicamento que causa os sintomas mais semelhantes com a doença, é o curativo. Na homeopatia, quanto maior é a diluição, mais potente é o medicamento. A ideia surgiu quando Hanemann, o pai da homeopatia, descobrio que os extratos da planta "China" provocavam efeitos semelhantes à Malária. Começou a tratar os doentes de Malária com China, o nosso quinino, e tratou-os com efeito. Este medicamento ainda hoje está em uso na medicina escolar. A homeopatia, sendo um método isento de efeitos colaterais, é ideal na pediatria e na medicina veterinária!  

A Naturopatia ainda é outra área em que se encaixam a hidroterapia e muitas mais...Não misturem as áreas. É preciso saber muito em todas elas. Não confiem em qualquer praticante, peçam sempre informações sobre onde e como se formou a pessoa. Praticantes mal formados podem empobrecer-vos e estragar mais do que concertar!


Drª Ariane Brand, Pediatra, Familiaritas, Clinica Médica,Lda

FAMILIARITAS CLINICA MEDICA

Familiaritas.familiaritas@gmail.com

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