Sim, estou revoltada. Estou revoltada enquanto portuguesa e estou
indignada enquanto cidadã. Estou enojada com tudo o que se passa neste país.
Com a complacência com que os podem fazer alguma coisa assistem ao que os
nossos governantes, claramente desgovernados, nos estão a fazer. A nós. A TODOS
nós. São tão tristes, medíocres e pequeninos, que não percebem que mesmo que
consigam sair impunes desta história hoje, o mesmo não acontecerá aos filhos
deles ou aos netos deles. Ou até mesmo com estas duas gerações e mais ainda! São
tão egoístas, egocentristas, incompetentes e ignorantes, que não veem para além
deles próprios e do seu tempo.
Mas apesar da minha revolta e indignação enquanto cidadã
portuguesa, este texto é escrito enquanto mãe. Uma mãe a quem esta gentinha política
está a consumir por dentro de tanta preocupação e medo do futuro. Sim, porque
esta escumalha está a colocar as coisas num patamar, em que a única alternativa
para os nossos filhos é saírem daqui. Irem para longe dos pais e tentarem
construir uma vida digna desse nome longe de Portugal.
Como é que se atrevem a fazer com que uma mãe tenha de viver
longe do seu filho? Como é que se atrevem a privá-la de o poder ver evoluir profissionalmente;
partilhar com ele as alegrias e tristezas da vida; vê-lo formar uma família;
ampará-lo quando ele mais precisar; acompanhar o crescimento dos netos?
Estes asquerosos estão a destruir famílias e o próprio
conceito de família. E fazem-no hoje, mas não nos enganemos, o que está
acontecer terá, inevitavelmente, repercussões futuras.
Deviam de ter vergonha e, se não a têm, deviam de pensar nas
mães deles, que neste momento devem morrer de tristeza e desgosto por verem os
seus filhos destruir e arruinar uma nação.
Olhando para a realidade à minha volta, vejo a maior parte das
mães a desejar poder dar aos seus filhos a oportunidade de irem estudar e
trabalhar para fora do país. E só uma mãe sabe o quanto isso dói. Saber que o
melhor para o nosso filho é ir para longe de Portugal e, consequentemente, para
longe de nós, faz-nos doer até às entranhas e corroí-nos a alma de uma maneira difícil
de descrever. Quando uma mãe pensa nas coisas nestes termos, fá-lo por amor, o
mais puro amor, e não para nos descartarmos de responsabilidades, como fez o outro.
Mas esta questão vai mais longe. Eu tenho 33 anos, e estou a
ver todos os meus amigos emigrar ou a pensar fazê-lo. Eu própria ponho essa
hipótese, apesar de amar o meu país e só a ideia de me separar dos meus pais,
mano, família e amigos, me levar às lagrimas! Mas, realmente, o que nos resta
aqui? Neste país podre?
Eu sei que este governo não é o culpado de tudo – se me puser
à procura de responsáveis pela triste situação atual de Portugal, teria de
recuar até 1974 e teria de escrever este texto por capítulos e ter acesso a
dados que decerto nunca ninguém terá – mas é este governo quem nos está a dar o
tiro de misericórdia. Paradoxalmente, uma misericórdia sem um pingo de piedade
ou humanidade.
Mas uma coisa é certa. Este governo conseguiu dois feitos que
acredito serem difíceis de alcançar e, por isso, dou-lhes os parabéns: devem ser
o governo que mais antipatias reuniu, da esquerda à direita (o que quer que
seja que isto signifique nos dias de hoje), e estou convencida que, num futuro
próximo, os nomes deles irão constar dos livros de história de Portugal das
nossas crianças. É certo que será para dizer que eles afundaram e destruíram Portugal
mas… “what a hell”? O que interessa não é o protagonismo?!
Seja como for, o que eles não se podem esquecer é que estão a
tocar num ponto muito sensível. Estão a mexer com as mães deste país. Estão a roubar-nos
os nossos filhos. Toda a gente sabe que isso não se faz. Se irritar uma mulher
já é lixado com “f”, então irritar uma mãe nem se fala! Os brandos costumes
poderão estar com os dias contados e, mesmo que se mantenham, temos sempre a guerra
fria!
Nota: O título era para
ser outro, mas por respeito às mães destes senhores e senhoras, que
provavelmente não têm culpa nenhuma, contive-me!
Obrigada por conseguir traduzir EXATAMENTE o que sinto!
ResponderEliminarNem sabe como me faz bem à alma saber isso Rita. Se bem que preferia não ter escrito nada disto. Seria excelente sinal!
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