A ansiedade de separação
é uma característica que faz parte do desenvolvimento infantil e refere-se às
preocupações da criança relativamente à perda dos pais e/ou das figuras de
referência na sua vida. Enquanto característica de desenvolvimento adaptativa,
porque ajuda a criança a proteger-se de estranhos e a pedir a aproximação dos
pais ou das figuras de referência, tende a desaparecer.
Só que por vezes a
ansiedade de separação que seria esperada torna-se excessiva e prejudicial na
vida da criança. Nesses casos, pode-se estar perante uma Perturbação de Ansiedade de Separação.
A perturbação de
ansiedade de separação pressupõe na sua essência uma ansiedade excessiva e
prolongada relativamente à separação de casa ou daqueles a quem a criança está
ligada.
E como sei que o meu filho pode ter uma
perturbação de ansiedade de separação? Há sinais de alerta?
As crianças que estão a
vivenciar esta perturbação podem exibir alguns dos seguintes sinais durante,
pelo menos, 1 mês:
- Um mal-estar
excessivo quando antecipam ou ocorre a separação de casa ou de figuras de maior
vinculação;
- Preocupação
excessiva pela possível perda das principais figuras de vinculação ou por
possíveis males que possam acontecer a essas pessoas;
- Preocupação
excessiva com a possibilidade de que um acontecimento adverso possa levar à
separação de uma importante figura de vinculação;
- Resistência
persistente ou recusa em ir à escola ou a outro local, por medo da separação;
- Uma resistência
ou medo persistente e excessivo em estar em casa sozinho ou sem as principais
figuras de vinculação ou, noutros locais, sem adultos significativos;
- Recusa em
adormecer sem estar próximo de uma importante figura de apego ou em adormecer
fora de casa;
- Pesadelos
repetidos que envolvem o tema da separação;
- Queixas
repetidas de sintomas físicos (como dores de cabeça, dores de estômago,
náuseas, vómitos) quando ocorre ou se antecipa a separação em relação a figuras
importantes a quem está muito ligado.
E que motivos leva a que a angústia de
separação normativa se possa transformar em perturbação?
São diversos
os motivos que estão na origem e na manutenção da perturbação da angústia de
separação, entre eles:
- Grande
instabilidade familiar;
- Dificuldades
sérias e prolongadas de adaptação a novos contextos (como entrada no
Jardim-de-Infância);
- Mudanças
bruscas e excessivas na vida da criança;
- Ansiedade
excessiva dos pais/cuidadores, criando contextos de desenvolvimento de
superprotecção e menor autonomia para as crianças;
- Permissividade
excessiva e contextos de exigência excessiva de autonomia e de independência.
E há soluções? Como posso ajudar o meu filho?
Há. Em primeiro lugar
respirar com a maior tranquilidade possível com a certeza de que há soluções:
- A diminuição
da ansiedade por parte das figuras parentais e outras figuras significativas é
essencial para que a própria criança se sinta segura e confiante;
- Transmita-lhe
confiança, um contexto tranquilo, com rotinas e regras;
- Tente
perceber o que poderá estar na origem da ansiedade de separação e o que a está
a manter e procurar solucionar se assim for possível;
- Ajude a
criança a sentir-se capaz de enfrentar o que teme e ajude-a a gerar estratégias
para lidar com o que está a sentir;
- Mostre-lhe,
gradualmente, que consegue ficar sozinha e que a mãe/pai irão sempre voltar
para a buscar onde quer que ela esteja;
- Sempre que a
deixar no Jardim-de-Infância ou outro lugar não desapareça de imediato, dê-lhe
um beijinho ou um abraço de despedida, dizendo-lhe tranquilamente que voltará
no final do dia;
- Os momentos
que passarem juntos procure que sejam de tranquilidade, alegria e de atenção à
criança;
- Lembre-se da
sua própria ansiedade e de como é importante que a tente controlar;
- Se precisar
de apoio não hesite em contactar um psicólogo infantil. Poderá ser essencial
para que possa, da melhor forma possível, superar com o seu filho esta
situação.
Rita
Castanheira Alves
Psicóloga
dos Miúdos
Psicologia
Clínica Infantil e Juvenil e Aconselhamento Parental
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