sexta-feira, 16 de maio de 2014

Será que os pais franceses são mesmo melhores pais?


Há dias li um artigo sobre o lançamento de um livro de uma jornalista brasileira, que vive em França, que defende que os filhos dos pais franceses não fazem birras e uma série de outras vantagens.

Apesar dela não o dizer com todas as letras, podia subentender-se, pelo artigo, que ela defende que os franceses são melhores pais.

Porquê? Ao que parece, os pais franceses esperam pelo menos 15 minutos até ir ter com o bebé quando ele está a chorar (para lhes incutir o sentido de autonomia); os pais franceses são afetuosos mas não estão sempre a dar mimos; os pais franceses deixam os miúdos no parque à vontade e se eles caírem que se levantem sozinhos (para que fiquem mais autónomos e desenrascados); os pais franceses não enchem os filhos com atividades extracurriculares e não se preocupam tanto em arranjar coisas para os miúdos se entreterem, porque acreditam que eles têm de aprender a lidar com os tempos mortos e a entreterem-se sozinhos… e por aí adiante.

Quando li o artigo aquilo irritou-me um bocado. Não sei bem porquê. Acho que porque o meu filho faz birras, quer que eu esteja sempre atrás dele e a brincar com ele e, segundo aquele artigo, isso significava que não fui/ sou uma boa mãe.

O meu subconsciente não gostou nada daquilo!!!

Eu até compreendo e concordo, em parte, com as teorias que têm como objetivo fazerem com que as crianças se tornem mais autónomas, independentes e desenrascadas, mas bolas… eu não consigo ter essa descontração... e talvez por isso mesmo tenha ficado tão irritada. Por nunca ter agido assim assim com o Gonçalo e por achar que não o conseguiria fazer.

Resolvi, então, duvidar da teoria da jornalista. Mas ontem, quando fui ao parque com o Gonçalo, encontrei uma mãe de um menino da escola dele. Eles são franceses e o menino é, pelo menos, 1 ano mais novo do que o Gonçalo.

Pois eu posso-vos dizer que durante a hora em que eu estive com o Gonçalo no parque, os pais estiveram a comer caracóis e a beber uma cerveja, sentadinhos, e o miúdo esteve ali sempre ao pé deles, a entreter-se sozinho com os pombos e com sei lá eu mais o quê, e nunca vi o miúdo fazer uma birra, mostrar-se chateado… Nada!

Lembrei-me logo do dito artigo e confesso que questionei e pus em causa toda a forma como eduquei o Gonçalo até agora. A parte do mimo não me arrependo. Sou daquelas que acredita que mimo nunca é demais. Mas no resto… acho que o protejo demasiado. Que me stresso demasiado… Mas é mais forte que eu!

Ontem, depois do que vi, tomei uma decisão: vou tentar ligar o descomplicómetro mais vezes. Prometo!

2 comentários:

  1. Acho que não são só os franceses. Trabalho numa zona muito turística e em geral notam-se muitas diferenças com estrangeiros de certos países. Uma das coisas óbvias é que são mais descontraídos. Os latinos complicam, estão sempre a chamar a atenção para não fazerem isto ou aquilo. Não me admira que com tantos "cuidados", "olha as calças que estão sujas", "não pises a terra" etc, as birras também sejam maiores. Para além de que os miúdos percebem que nos ralamos demasiado, que nos focamos muito.
    Um pingo de chuva e é um ai jesus e eles andam na boa na rua com eles com gabardines. Viajam com 3 ou 4 crianças pequenas e não ficam todos esbaforidos. Nós com uma criança achamos logo que é tudo muito dificil e complicado e vivemos muito em função de rotinas. Mas daí a dizer-se que são melhores pais, não concordo. Acho que são diferentes. Por exemplo, na alimentação, tenho família em França e sempre assisti a uma ausência de preocupação. Comem constantemente qualquer coisa. Temos coisas boas e menos boas e eles também. Mas só temos a ganhar em observar outras formas de educar, assim como eles têm a ganhar connosco.

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  2. Sim, é verdade. Ainda há tempo comentei isso das rotinas com uma amiga. Quando viajei com o Gonçalo tínhamos muita preocupação com as rotinas de refeições e com as próprias refeições. Isso acaba por stressar um bom bocado em viagem, mas não acho que seja mau. É sinal de preocupação. Ainda que, realmente, e agora falando de mim, acho que ser bom para ele ser mais descomplicada em algumas situações, despreocupada e dar-lhe mais espaço.
    Acredito que sim também. Que o segredo talvez esteja nessa "observação" das outras culturas, tentando manter o melhor da nossa, porque temos muita coisa boa, e o melhor da deles :)
    Beijinhos

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