terça-feira, 13 de maio de 2014

Alimentar no primeiro ano de vida

(texto escrito pela dietista Ana Rodrigues Lopes)

Encontrado em babyledweaningideas.wordpress.com 

Em termos nutricionais, o leite materno ou artificial vai-se tornando insuficiente. É por isso que a diversificação alimentar se deve iniciar entre os 4 e os 6 meses.


Algumas recomendações para esta etapa:

·       Introduzir um alimento novo quando a criança estiver de perfeita saúde, num ambiente calmo;

·       Deve haver um intervalo de 3 a 7 dias entre a introdução de dois alimentos novos (no caso de história familiar de alergia alimentar, aumentar o intervalo para 2 semanas);

·       A utilização da colher deve ser privilegiada no início da diversificação. Até mesmo a água deve ser dada na colher ou no copo, em vez de no biberão;

·       Não se deve forçar o bebé a ingerir o volume total da refeição. Ele sabe, melhor que ninguém, quando está saciado;

·       Deve-se variar nas texturas, sabores e temperaturas, não triturando demasiado os alimentos. Entre os 6 e os 9 meses é a altura ideal para introduzir novas texturas, para o bebé aprender a mastigar;

·       Não se deve adicionar sal à alimentação do bebé, devido à sua imaturidade renal;

·       Os sumos de fruta têm uma osmolaridade e acidez elevada, efeito laxante e reduzem o apetite, pelo que não têm interesse nutricional. As bebidas gaseificadas, açucaradas ou artificiais devem ser completamente evitadas.

·       O horário das refeições deve ser respeitado, mas se o bebé rejeitar o alimento, não deve ser forçada a sua ingestão e deve ser oferecido o mesmo alimento mais tarde.


Começamos a diversificação com que alimento?

Não existe, até à data, uma base científica que recomende uma ordem sequencial de introdução de novos alimentos. É mais importante a adequação nutricional dos alimentos oferecidos do que propriamente a sua sequência.


Ok, então e na prática… O que dou ao bebé agora que vai iniciar a diversificação?

Sopa de legumes
Deve ser introduzida pouco a pouco, até substituir uma das refeições lácteas. Inicialmente deve ser constituída por 3 variedades de legumes: cenoura, abóbora e batata ou arroz. No final, pode adicionar-se um pouco de azeite (1 colher de chá). Pode-se ir introduzindo mais vegetais, de acordo com o intervalo recomendado. Na sopa pode ainda introduzir-se carne ou peixe, nos timings recomendados;


Papa de cereais
Até aos 6 meses são recomendadas farinhas sem glúten. No entanto, este deve ser introduzido, no máximo, até aos 7 meses. Existem no mercado papas sem adição de açúcar e algumas com mais açúcar do que outras. É importante ter atenção na leitura da rotulagem alimentar e nutricional, para não habituar o paladar do bebé para um sabor muito doce.


Carne
É a melhor fonte de ferro a partir do 2º semestre, devendo ser introduzida no 6º mês. Deve retirar as peles e gorduras visíveis. Deve-se iniciar com cerca de 10g, aumentando progressivamente até às 30-40g aos 12 meses.


Peixe
Fresco ou congelado, deve ser introduzido entre os 9-10 meses, passado e misturado na sopa, começando-se pelos peixes brancos (pescada, faneca, dourada, linguado).


Fruta
Iniciar com maçã, pera ou banana. Não adicionar açúcar ou mel na preparação. Os boiões de fruta comerciais devem ser utilizados apenas em situações de viagem, devido ao açúcar adicionado que contêm.


Ovo
Deve iniciar a introdução com ¼ da gema bem cozida, 3-4 vezes por semana. O ovo inteiro só deve ser consumido a partir dos 12 meses.


Iogurte
Pode ser introduzido aos 10 meses. É bem tolerado pela redução do teor em lactose e pela hidrólise parcial das proteínas, comparativamente ao leite de vaca, que só deve ser introduzido após os 12 meses.


Leguminosas
A partir dos 11-12 meses, e em pequenas quantidades, aumentando progressivamente.


Um plano alimentar cuidado e correto no primeiro ano de vida ajuda a prevenir tanto carências nutricionais, bem como erros e/ou excessos alimentares. Com a necessidade de, com o passar do tempo, adaptar e integrar a alimentação do bebé aos hábitos da família, esta poderá ser uma oportunidade de melhorar os hábitos alimentares de todos os membros da família.


Dra. Ana Rodrigues Lopes (CP nº 0570DE)
Dietista da Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação do Cacém
Membro da Associação Portuguesa de Dietistas
E-mail: anarodlopes@gmail.com

Fontes:
Diversificação alimentar no primeiro ano de vida. Acta Médica Portuguesa (2011).
World Health Organization. Guiding principles for complementary feeding of the breastfeed child (2001).

 Complementary Feeding: A Commentary by ESPGHAN Commitee on Nutrition. J Pediatr Gastroenterol (2008).

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