terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O meu filho, a minha mulher, o pediatra e eu


(ou participação de um gajo num blogue que tresanda a perfume feminino – parte II)


Não sei se estou sozinho nesta batalha. Espero que não. Deixem-me colocar as coisas muito simplesmente nestes termos: o pediatra do meu filho não vai com a minha cara. Mas vai com a cara da minha mulher – ui, se vai.

As visitas ao pediatra ficam geralmente a dever-se ao mau estar do meu pequeno, mas quem sai de lá doente sou eu. Aparentemente, o facto de acompanhar a minha mulher impede que “pinte um clima” na sala em que ela está reunida com o médico. E nem o facto de estar lá a minha criança me demove de pensar muito simplesmente que o pediatra me acha uma pedra no sapato.

Estou a exagerar? Vamos a factos (e não meras opiniões):

- Quando chegamos, ele cumprimenta o Miguel, diz «Olá Susaninha» (sublinho o diminutivo carinhoso empregue) e aperta-me a mão, dizendo um seco e frio «Como está, pai?» (sublinho o óbvio desconhecimento do meu nome, mesmo ao fim de três anos…)

- Eu pergunto: «o Sr. Dr. considera necessário que lhe demos o medicamento X?»; Resposta dele: «Sabe, Susaninha, essas preocupações são normais…» Apetece-me soprar numa vuvuzela, fazer sinais de fumo e gritar: «Sabe, essa pergunta fui eu que fiz! Eu, que estou aqui ao seu lado!!!»

- A minha mulher faz uma pergunta e ele responde carinhosamente, «Não é preciso, Susaninha, não se deixe aborrecer com isso…»; À mesma pergunta, feita por mim duas semanas depois, obtenho um ríspido «Deixe-se disso, onde foi buscar essa ideia? Nem pensar!»

- Quando vou sozinho com o meu filho, as consultas demoram três minutos. Quando levo a minha mulher, demoram pelo menos 15…

Dá a ideia que eu poderia estar a dançar de tanga de leopardo, a fazer ruídos guturais simulando rituais de acasalamento dos bonobos no Congo enquanto agitava freneticamente bandeiras do PNR que, desde que a minha mulher estivesse no consultório, tudo estaria bem. (E não, não tenho fotos deste tipo de comportamento).

Não estou a ser paranóico. Estou a enumerar factos. É realmente gritante a diferença. Não consigo deixar de pensar que a atitude dos pediatras (masculinos) é diferente, tendo em consideração com quem falam. O exemplo que tenho poderá ser viciado. Mas se o for, também é viciado na minha mulher. E isso incomoda-me. É que eu também sou viciado nela.

À imagem de muitas outras coisas, também aqui as mulheres e as mães levam a melhor. Por serem mais inteligentes, doces e femininas. O facto de não terem pelos no peito ajuda, vá.

8 comentários:

  1. Bom dia! O relato que faz das vossas visitas ao pediatra mostra uma relação um pouco estranha do médico... quando vou ao pediatra (homem) com o meu Miguel (lindo nome, por sinal) acompanhada pelo pai, a a titude dele para com ambos é idêntica, muito embora já tenha notado que ele dirige a maior parte das respostas a mim (mãe), provavelmente por saber/supor que as mulheres têm, por norma, uma percepção das coisas mais cuidada...julgo que deve ser por aí...seja como for, nunca me tratou pelo nome (sou simplesmente a mãe) e nunca teve um tratamento menos cuidado com o pai...isto em defesa dos pediatras homens, claro :)

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    1. Cara Sara,

      Sim, é uma relação estranha. E a Sara só leu. Imagine estar lá. Ele sempre nos tratou a todos com o maior dos respeitos, diga-se, mas é um facto que eu sou sempre o elo mais fraco. No início, usava a tradicional técnica do humor para disfarçar o meu desconforto. Mas como sou parvo por natureza, recebia olhares de desaprovação do médico… e da minha mulher! Tive que parar. É que nem no futebol – esse estranho mundo que tantas vezes serve para male bonding (no sex intended) – nós nos entendemos… estamos separados pela segunda circular.

      Ass. Daddy John

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  2. Hum.. vejo aqui um bocadinho de paranóia talvez, mas foi divertido de ler!!

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  3. Se quer mesmo saber se há razões para suspeita, acho que só uma pessoa lhe pode valer: a sua esposa!

    No entanto dado que não há-de querer confessar (e dar-lhe razão, que isso é coisa que uma mulher nunca deve fazer), vai ter de se munir de alguém exímio em ler expressões faciais. E sem o querer subestimar, por muito bem que conheça a sua esposa e que estejam em sintonia, vai mesmo precisar de: outra mulher! Preferencialmente alguém que conheça a sua esposa que nem um livro aberto, como uma grande amiga, irmã ou afins.

    Depois tem de contar a esta cúmplice do pediatra, mas isto à frente da sua esposa. A sua cúmplice terá de ler a expressão da sua esposa e então saberá se de facto o pediatra anda a mandar charme. No entanto, como tem de “furar” a solidariedade feminina tem de obrigar a sua cúmplice a dizer-lhe a total verdade. Para tal sugiro que a obrigue a jurar sobre ameaça de uma maldição fatal, tipo “se me mentires nunca mais comerás chocolate na vida”. Parece-me drástico suficiente para obter resultados.

    (Já agora a culpa não é minha destes cenários mirabolantes, mas desde que as series de detectives passaram a ter como protagonistas mulheres, a Fox Live está pejada de mistério – eu sou uma pobre vitima dos media!!!)

    Depois disto saberá, mas pense bem, eu até acho fofa a cara envergonhada do meu marido quando é confrontado com uma mulher a fazer-lhe olhinhos, mas eu nunca tive de aturar isso de alguém com quem vou lidar proximamente durante os próximos 13 anos da minha vida. Pelo bem da saúde do seu filho, eu acho que preferia ficar só com a suspeita e não com certezas…

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    1. Cara Futura. Mãe.SOS (ora aí está uma frase que nunca pensei escrever na minha vida)

      Fiquei nu perante essas palavras – ainda bem que não estamos no consultório do pediatra do meu filho. Ao contrário do seu marido, eu não tenho quem me faça olhinhos, pelo que não sei lidar com isso. Mas das duas, uma: ou a Futura-Mãe vem comigo à próxima consulta, ou me empresta o seu marido (ui, que isto soou tão mal) para eu ver se ele tem o mesmo tratamento. Ler as expressões faciais da minha mulher não é fácil – é que ela está com varicela e, portanto, com borbulhas. (Mas ainda assim ÉS LINDA, AMOR - ela lê o blogue) Seja como for, agradeço as suas palavras de apoio.

      Ass. Daddy John

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    2. lolol. Fartei-me de rir com a sua resposta Futura.Mãe.SOS :)

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  4. Ola querida :) Tens um "prémio" lá no meu blog. Vê o post e fica atenta ao questionário, gostava muito que respondesses. Beijinhos, depois diz alguma coisa

    http://ourbittersweetaddiction.blogspot.pt

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  5. Conhecendo bem o Daddy John creio que só existe uma forma bem prática de resolver este problema. Da próxima vez que fores ao Pediatra, leva as avós e deixa a mãe em casa a curar a varicela e aí terás todas as repostas que tanto anseias. (cuidado é se a sogra começa a fazer comparações...)

    FB

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