terça-feira, 24 de abril de 2018

É bom para quem?

Para a semana o Gonçalo, que está no segundo ano-  repito, segundo ano - vai começar as provas de aferição. Não são testes. São provas de aferição. Um nome que coloca logo em cima uma carga que, quanto a mim, é totalmente desnecessária. E como se esta carga não bastasse, há todo um ritual que tem tudo para deixar os miúdos ainda mais nervosos.

A prova de música, por exemplo, e pelo que me foi explicado pela professora, consiste em apresentar aos miúdos, na altura da prova, uma música, dar-lhes a ler a respetiva letra e depois eles têm que a cantar para uma plateia de conhecidos e desconhecidos (se por acaso já conheciam a música, boa, se não, paciência!).

Depois, e no caso do meu filho, há provas que são feitas numa outra escola e não na dele.

A sério que não consigo perceber o que é que isto traz de positivo.

Sim, eu sei que vivemos numa sociedade cada vez mais competitiva. Mas isso é bom? É bom alimentarmos isso? É bom que miúdos de 7/ 8 anos tenham que ter este tipo de pressão? Não deviam estar mais ocupados a brincar?

Por acaso o Gonçalo não costuma ficar nervoso com os testes. Acho que por uma questão de feitio e também porque eu própria desvalorizo. Ele tem sido um ótimo aluno até ao momento, apesar de ser aluado no dia-a-dia, e não quero que ele se stresse já com este tipo de coisas. Mas, mesmo assim, percebo que ele está um bocadinho ansioso com estas provas. Agora imagino aquelas crianças que já ficam nervosas nos "testes normais".

Muitos professores defendem que estas provas são, acima de tudo, para os avaliar a eles e não às crianças.

Pode ser. Mas para os avaliarem a eles, colocam os nossos miúdos sob pressão, para que os próprios professores consigam atingir as metas a que os obrigam.

Daí a minha pergunta: isto é bom para quem?

Se já evoluímos imenso em muitas áreas, a educação é daquelas que me parece estar a anos-luz daquilo que seria desejável. E é nestas alturas que me questiono porquê que somos tão renitentes em olhar para o sucesso que fazem modelos educativos postos em prática nos países nórdicos, por exemplo.

Não percebo. Por mais que tente, a sério que não percebo.

2 comentários:

  1. A minha filha ainda é pequenina e só anda na pré-escola, mas este tema sempre me assustou muito e acho que o nosso sistema de ensino está muito mau. Até ao 9º vivi fora e teve a experiência desse ensino nórdico, um ensino exigente mas sem pressões. Nunca soube o que eram épocas de testes, os testes eram realizados diariamente e de surpresa. Incentivando assim uma aprendizagem continua.

    ResponderEliminar
  2. Não poderia estar mais de acordo com este post, a minha filha mais velha também anda no 2.º ano e desde o 1.º ano que ela me diz: "oh mãe para o ano tenho provas de aflição" porque ela nem conhecia a palavra aferição e deve ter pensado que aflição era o mais parecido e eu acho que deviam de mudar o nome da prova porque se para ela não vai (penso eu) fazer grande diferença para alguns meninos será uma grande aflição! Bjs

    ResponderEliminar

Arquivo do blogue

Seguidores