Lembro-me perfeitamente de sentir uma angústia enorme quando pensava no pouco tempo que tinha para estar com o Gonçalo durante a semana (ainda só o tinha a ele). A ideia de que tinha apenas cerca três horas diárias para estar com ele, sendo que mais de metade desse tempo não podia ser contabilizado como tempo de qualidade, visto que era passado na azáfama das manhãs e nos afazeres de final de dia, afligia-me e entristecia-me.
Há muito tempo que não pensava nas coisas deste modo. Entra-se numa rotina impiedosa e estúpida, em que se pensa pouco no que realmente interessa.
Ontem, apercebi-me que agora é ainda pior! Durante a semana o tempo de qualidade que tenho com os meus filhos resumem-se a cerca de 15 minutos. Os 15 minutos que reservo para lhes ler uma história antes de dormirem. Ao jantar também tento aproveitar o momento, mas é isto! Só isto!
Os filhos precisam de passar mais tempo com os pais e os pais precisam de passar mais tempo com os filhos. As leis que existem não chegam. Aliás, não valem de nada. De que interessam as leis quando o problema está na base? Na mentalidade? Na estrutura social?
O que eu queria, no fundo, era tão simplesmente poder ser mãe.
Espero que as coisas mudem. Espero que os meus filhos, quando tiverem os filhos deles, não sintam este misto de culpa e angústia por não poderem ser pais de corpo inteiro.
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