(texto escrito por Cátia Teixeira, psicóloga clínica da Oficina de Psicologia)
Foto: Pinterest (upsocl) |
“Sou mesmo burro” ou “Que estúpido que sou!”, são frases que costuma ouvir da boca do seu filho? Então leia este artigo, vamos ajudar.
Quando estas autoafirmações saem da boca dos filhos,
a reação imediata dos pais costuma ser “não és nada”, numa tentativa de dar aos
filhos segurança ou convencê-los de que o que dizem está errado.
Infelizmente, nestas situações, as palavras do seu
filho são muitas vezes congruentes com aquilo que ele sente. Ele não se sente
“adorável” ou “maravilhoso”, como os pais lhe tentam sugerir, mas sim “burro”,
“estúpido” ou a “pior pessoa do mundo”.
A verdade é que tentar mudar as palavras dele não
vai fazê-lo sentir-se diferente. Por isso, tente agir antes desta forma:
- Empatize
– ponha-se no lugar do seu filho e tente compreender o que ele deve estar a
sentir. “Esse trabalho está a ser muito difícil?” ou “Parece-me que te sentes
frustrado”. Se não souber o que dizer, tente algo como “Queres um abraço?” ou
“Isso é difícil”.
- Seja
curioso – Algumas crianças têm dificuldade em verbalizar os problemas.
Quando explora a situação com o seu filho, ele pode conseguir compreender o que
realmente o está a incomodar. “Eu pergunto-me porque será que esse trabalho te
está a aborrecer tanto hoje”.
- Ajude a
reformular o discurso – Ao ter percebido o problema, ajude o seu filho a
reformular as suas palavras. Em vez de “Escrever é difícil para mim, eu sou
mesmo burro”, o seu filho pode dizer “Eu estou a trabalhar muito na escrita” ou
“Errar faz parte da aprendizagem” ou até “Sinto-me tão frustrado com isto”.
- Trabalhem
em conjunto – Resista à tentação de dar uma solução para o problema ou
fazer aquilo que para si é o correto. Trabalhem em equipa. Pergunte ao seu
filho o que ele poderá fazer para superar a dificuldade que está a sentir, mas
lembre-se que a solução nem sempre é rápida ou fácil. Por vezes a resposta é
mesmo “Tenho que continuar a tentar”.
- Desafiem
os pensamentos e sentimentos – Os pensamentos e sentimentos vão e vêm, não
definem ninguém. O facto de o seu filho sentir algo não significa que seja
verdade. Relembre o seu filho de outras situações em que ele superou
dificuldades, ou melhor, peça ao seu filho que lhe diga situações em que
conseguiu superar as dificuldades.
Lembre-se que nem sempre é fácil aceitar
comentários positivos quando está num turbilhão de pensamentos negativos (pense
lá se consigo também não costuma ser assim). É como se estivesse a tentar ouvir
uma música agradável numa rádio mal sintonizada. Não iria conseguir ouvir em
condições e ainda ficava irritado com isso. É preciso sintonizar novamente, ou
sintonizar numa outra frequência. Por isso, é natural que haja resistência da
parte do seu filho quando o tenta fazer.
Lembre-se também que, acima de tudo, você é um
modelo para o seu filho. Que verbalizações usa quando se sente frustrado?
Cátia Teixeira
Psicóloga Clínica
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