(texto escrito por Inês Custódio, psicóloga na Oficina de Psicologia)
Muitas são as relações de famílias, pais, filhos e irmãos, onde não se
fala de emoções.
Realmente, é uma “coisa chata” de se falar e também de se sentir… geralmente não dão jeito, são desgastantes e, se pudéssemos escolher, decidiríamos definitivamente não sentir, pelo menos as emoções mais negativas.
Se pudéssemos… mas a verdade é que não podemos decidir tal coisa, nem para nós, nem para as nossas crianças! E, se pensarmos bem, grande parte da nossa vida é feita de emoção. As nossas relações são feitas de emoção, as nossas decisões são feitas de emoção e o nosso crescimento também.
Realmente, é uma “coisa chata” de se falar e também de se sentir… geralmente não dão jeito, são desgastantes e, se pudéssemos escolher, decidiríamos definitivamente não sentir, pelo menos as emoções mais negativas.
Se pudéssemos… mas a verdade é que não podemos decidir tal coisa, nem para nós, nem para as nossas crianças! E, se pensarmos bem, grande parte da nossa vida é feita de emoção. As nossas relações são feitas de emoção, as nossas decisões são feitas de emoção e o nosso crescimento também.
Tendo em conta esta nossa natureza, podemos estar a criar grandes
complicações no desenvolvimento das crianças quando dentro, da família, existem relações
onde não se fala de emoções. No fundo, alimentamos este bicho de que uma emoção
é “estranha”, “pegajosa” e devia estar fechada na cave. Isto não trará qualquer
benefício para as nossas crianças, a não ser deixá-las menos preparadas para o
mundo em que vivem.
O desafio é então comunicar eficazmente com o seu filho sobre as
emoções que ele sente.
Porquê? Porque ele vai senti-las da qualquer forma, porque ele tem dúvidas que nós adultos por vezes não vemos logo que as tem e porque, cada vez que falamos de emoções, o seu filho cresce.
Porquê? Porque ele vai senti-las da qualquer forma, porque ele tem dúvidas que nós adultos por vezes não vemos logo que as tem e porque, cada vez que falamos de emoções, o seu filho cresce.
Para facilitar a tarefa, vamos utilizar num exemplo prático onde
podemos falar de emoções:
O João chegou da escola mais calado que o
habitual. Perante a pergunta “como foi o teu dia?”, disse “bom” e voltou a
colocar o olhos na PSP.
1.
Já vimos anteriormente que falar destas coisas
das emoções más é “chato”, e para o seu filho também… Por isso, deixe-o à
vontade. Não comece um interrogatório onde ele sinta que é obrigado a contar o
que se passa. Em vez disso, sirva como espelho e deixe abertura para o ouvir se
ele quiser: “Foi mesmo bom João? Pareces-me um pouco triste ou é impressão
minha?” (Porque, efetivamente, pode ser impressão sua…) Se o seu filho não quiser falar
sobre o assunto, respeite o seu tempo.
Na verdade o João teve um problema na
escola. Discutiu com o melhor amigo por causa de uns cromos que ambos queriam. Zangaram-se
a sério, mas agora o João está arrependido.
2.
O seu filho deu-lhe a oportunidade de ouvir a
sua história. É a sua vez de descer ao seu nível e tentar compreender o problema
dele. Sem julgar, sem desvalorizar, ouça o que ele interpretou da história.
Mostre que está a compreender e que sabe o que isso é (afinal de contas, quem
nunca discutiu com um amigo?!) - “Estou a ver querido, realmente é muito chato
quando temos uma discussão com os nossos amigos”.
O problema do João é que acha que o amigo
não o vai perdoar e nunca mais poderão fazer o que faziam antes. E eles eram
tão amigos! O João tem vontade de chorar.
3.
Reforce a preocupação do seu filho, sem a
aumentar - “Agora compreendo porque estás triste e preocupado. Não tem problema
chorarmos quando estamos tristes, a mãe também chora às vezes, isso ajuda-nos a
limpar a cabeça para pensarmos melhor”.
Seja contentor da tristeza do seu filho. Está a mostrar-lhe
o que é adequado e está com ele no momento em que ele precisa. Tudo fica um
pouco melhor na nossa vida quando temos por perto alguém que nos acalme.
O João precisa da ajuda da mãe, porque ele
não sabe como resolver esta situação.
4.
Ajude o seu filho a acalmar-se - “vamos só
respirar um pouco os dois, enquanto pensamos numa solução”. Depois reflita com
ele, mas não impeça que seja ele a encontrar uma solução - “Então se fosses tu
no lugar do teu amigo, o que gostarias que ele fizesse?”, “Como podemos
encontrar um plano para fazerem as pazes?”.
O João lembrou-se de uma vez que amigo ligou
lá para casa para o convidar para um passeio com os pais. Talvez o João pudesse
agora ligar-lhe, pedir desculpa e combinar algo para o fim-de-semana. Mas, e se
o amigo não quiser falar com ele?
5.
Use a sua experiência. É o adulto. Certamente
terá uma história para contar de algo semelhante que lhe aconteceu. Dê o
empurrãozinho de coragem que o seu filho precisa para tentar, sem lhe garantir
que vai tudo correr bem porque, efetivamente, pode não dar certo. Mas para isso
estarão cá os pais para mais uma vez ajudar - “Veremos o que acontece João! Sem
tentares não vais saber, mas o teu amigo é tão importante para ti que eu acho
que vale a pena tentar. Quando chegarmos a casa ligamos logo para ele, a mãe
ajuda-te.”
O João vai ligar ao amigo, mais confiante do
que antes, mais seguro da sua decisão. A mãe, deu o apoio e o empurrão que
faltavam para que tudo fosse um pouquinho mais fácil.
Quais são os
truques escondidos? Não há truques! Sempre que for genuíno, curioso sobre as
dificuldades do seu filho e lhe mostrar que o adora e que, aconteça o que
acontecer, estará por perto para o ajudar. Não precisará de nenhuma magia para
desmistificar emoções difíceis!
Inês Custódio
Psicóloga na
Oficina de Psicologia
Adorei o texto! e é mesmo assim, é preciso falar das emoções, até porque quando se guarda demasiado pode dar problemas bem sérios, ainda para mais no caso das crianças que nem sempre conseguem expressar-se como desejariam... "adoro o blog..."
ResponderEliminar<3 Que bom Petra! Muito obrigada! :) beijinhos
EliminarTambém gostei muito deste texto. Não me trouxe propriamente nenhuma novidade, mas foi bom lê-lo. :-)
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