Este artigo do Diário de Notícias dá muito que pensar. Fala na pressão exercida nas crianças - pela escola, sociedade e até pelos próprios pais - para elas aprenderem a ler cedo, a escrever cedo... a ter sucesso! (uma palavra estranha de aplicar a crianças!)
A determinada altura um dos entrevistados diz que há um motivo para se ter definido que as crianças devem aprender a ler na primeira classe e não antes.
Mas, pergunto eu, qual é a escola hoje em dia que não começa a ensinar o abecedário aos miúdos no pré-escolar e lhes ensina a escrever o nome (e não só), a fazer contas e mais uma série de conhecimentos que antes só eram transmitidos mais tarde?
Atenção que eu acho que isto até pode ter um lado positivo, desde que não se roube tempo às crianças para elas fazerem o que realmente devem e precisam de fazer nestas idades: brincar, brincar e brincar.
Este artigo fez-me lembrar a primeira reunião que houve na escola do Gonçalo, em que a professora se mostrou de certo modo indignada por ter percebido que a maioria dos pais estavam mais preocupados em saber se a professora ia ou não adotar um livro de fichas, do que com o comportamento deles que, ao que parece, era problemático desde o primeiro dia.
Pessoalmente, não vou dizer que não fico contente por perceber que o meu filho já sabe fazer contas (e gosta), que já sabe contar e reconhece bastantes números e que identifica a maioria das letras. Também fico contente quando ele escreve o nome dele. Não vou negar que tudo isto me deixa algo babada, mas mais por revelar que o meu pequenino está a crescer. Porque nunca, em momento algum, o pressionei para que adquira estes conhecimentos, nem tão pouco fiz pressão na escola para isso. Acho realmente que eles são muito pequeninos e que as brincadeiras os poderão estimular muito mais e, nesta fase, serem muito mais benéficas para o seu intelecto.
Mas há o outro lado da moeda. É que não obstante eu acreditar e sentir isto, a verdade é que se nota realmente que os miúdos são cada vez mais precoces e ainda que me recuse a exercer qualquer tipo de pressão no meu filho agora, também não vou dizer que por vezes me questiono se farei bem em agir assim tão despreocupadamente. Como mãe, sinto uma certa pressão social (e, embora não ceda a ela, não quer dizer que me seja indiferente).
É realmente um tema delicado, de tal modo que não estou certa de ter transmitido bem o que penso e sinto a respeito dele. É que não é algo que seja linear.
Por aí, qual é a vossa opinião?
A minha filha mais velha tem 5 anos, anda na pré escola e este ano fiquei algo admirada quando soube que ela ia começar a ter TPC's, de 15 em 15 dias trazem um trabalho para fazer em casa com os pais, achei que ela só ia ter TPC's quando fosse para a primária...
ResponderEliminarTPCs? Já?! Isso é muito cedo! Que exagero! bus
EliminarA minha opinião (como mãe e como professora do 1º Ciclo do Ensino Básico, vale o que vale) é que a tua postura como mãe é que está correta! Continua assim. É muito mais importante que as crianças no Jardim de Infância aprendam a estar em grupo, a ouvir, a respeitar os adultos e os pares (aqui entre nós, coisas que deveriam aprender em casa, mas cada vez acontece menos) do que saber o nome das letras, fazer contas ou outros conhecimentos do género. No entanto, se uma criança se mostrar interessada por esses assuntos, se fizer perguntas, não vejo mal nenhum em que se responda. Eu também tenho gosto em ver que o meu filho (5 anos, quase 6) consegue fazer algumas contas, e em vê-lo escrever o nome sozinho, mas não forço nada. Na verdade, é muito, muito comum que uma criança no J.I., sem ser obrigada, queira copiar o seu nome, depois de tantas vezes ver as educadoras ou auxiliares a identificarem os trabalhos. Ao fim de umas vezes a copiarem, começam a ser elas a escrever o nome sozinhas nos trabalhos, mesmo que (ao início) faltem umas letras, percebe-se quem são os autores. E isto é uma conquista delas (das crianças), não é uma imposição (sem sentido) dos adultos. E isso faz toda a diferença.
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