terça-feira, 3 de março de 2015

CONSULTÓRIO: "Não fui eu..." - Como abordar a mentira com os mais pequenos?

Foto: Pinterest
Não fui eu que desarrumei o quarto. Foi o ursinho...

A imaginação das crianças parece não ter limites. Fantasia e realidade surgem, muitas vezes, lado a lado e mesmo para o mais atento dos pais perceber se aquela história fantástica que acaba de ouvir é real ou fruto da imaginação do filho, pode ser um enorme desafio. Por este motivo, quando se fala em mentiras até aos 5/6 anos, estamos muitas vezes a falar de criatividade e não tanto de uma vontade deliberada de enganar o outro. Aliás, já reparou como crianças até estas idades mostram necessidade de se sentirem úteis, agradar os mais velhos e corresponder às suas expectativas? Pois é, as histórias contadas, que por não serem verdadeiras apelidamos de mentira, são a forma que a criança encontra de dizer aquilo que o adulto quer ouvir. São maneiras de agradar ao outro.

Recorrer ao sentido de humor, para se apreciar as “histórias” que as crianças têm para contar é uma excelente forma de lidar com os enredos criados por elas. No entanto, é muito importante que se incentive a criança a ser honesta. É realmente importante que ela compreenda que deve dizer a verdade, mesmo quando teme as consequências. Porque os pais continuarão a gostar de ti mesmo depois de, sem quereres, teres partido aquela moldura que adorávamos.

Em todo o caso, é verdadeiramente importante contextualizar quando surgem as mentiras e se estas acontecem de forma recorrente e associadas ao receio exagerado de não corresponder às expectativas do adulto, ou ao medo intenso de possíveis castigos.

Agradeça e mostre apreço e orgulho sempre que a criança conta a verdade. Para incentivar a honestidade, nada melhor que ser um modelo de honestidade, na relação com ela e com os outros. Mostre à criança que confia nela e que ela poderá confiar em si.

Inês Afonso Marques
Psicóloga Clínica

Coordenadora Mindkiddo – equipa infanto-juvenil

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