(texto escrito pela pediatra Ariane Brand, da clínica Familiaritas)
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Há sempre, entre as nossas crianças,
alguns artistas que conseguem deixar os seus pais em pânico, sustentando a
respiração até ficarem roxos, eventualmente desmaiados ou mesmo sofrendo uma
convulsão.
Este tipo de atitude deve ser
distinguida da situação que ocorre na criança que desmaia, pálida, após um
susto ou uma dor, não seguida de choro. Esta é chamada "reação
vagal", ou seja, uma reação que envolve o sistema nervoso autónomo,
involuntária, numa crianças sensível. Pode, inclusivamente, ocorrer no adulto,
mas é igualmente benigna.
A crise típica que quero aqui abordar
ocorre no contexto de uma zanga, frustração, birra, choro prolongado, em
que a criança sustenta o ar durante a expiração, fica roxa, pode começar a
perder a consciência e, eventualmente, ter uma convulsão auto-limitada e
totalmente benigna. Todo este cenário limita-se a poucos segundos e a
criança recupera a consciência sem qualquer tipo de sequelas. Durante a crise
não precisa de qualquer ajuda e deve ser ignorada totalmente antes e depois da
crise, para não criar um “artista de encenação”!
Durante a crise recomenda-se deitar
a criança no chão, para esta não se aleijar, e, para os pais mais nervosos pode
ajudar pôr um pano molhado e frio no rosto da criança (mas não há necessidade).
Quando a criança recuperar deve mostrar indiferença, por muito que lhe custa,
se não pode perpetuar e agravar o padrão.
A maioria destas crises ocorre entre
os 1-3 anos de idade em rapazes e raparigas e há uma história familiar de
crises idênticas de algum familiar em 25% dos casos. Aos 6 anos de idade estas
crises já não são normais e devem ser vistos por um Neurologista pediatra.
O que fazer:
A resposta é simples: evite
discussões desnecessárias e aplique regras e orientações firmes na educação do
seu filho, que sejam previsíveis para a criança. Não necessita de qualquer
estudo médico.
Como distinguir este tipo de
"birra" de uma epilepsia?
1º No "Ir atrás do choro"
há um fator desencadeante, enquanto que na epilepsia nem sempre.
2º No Primeira situação a criança
chora sempre antes da convulsão e na epilepsia raramente.
3º Na crise epiléptica a criança
apenas se torna roxa se a crise for prolongada. No "Ir atrás do
choro" fica sempre roxa antes da crise.
4º O Electroencefalograma de uma
criança com epilepsia costuma ser anormal, ao contrário do “artista birrento”!
Por isso caros pais: Calma e não alimentem esta atitude do vosso filho, por muito assustador
que possa parecer. É uma forma de chantagem. Apenas o filho que desmaiou por
susto ou dor, ou seja, o pálido e calado, pode merecer um colinho e uns mimos
quando voltar a si.
Drª Ariane Brand, Pediatra, Familiaritas, Clinica Médica,Lda
FAMILIARITAS CLINICA MEDICA
FAMILIARITAS CLINICA MEDICA
Familiaritas.familiaritas@gmail.com
Gostei. Obrigada pela partilha. Tenho um birrento, mas não sustém a respiração (também já tem 5 anos, não era altura para começar a fazê-lo)!
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