quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Dúvidas e medos de quem quer ir ao "second round"


Ando com muita vontade de ter outro filho. Mesmo. E neste ponto não há dúvidas. Mas há uma coisa que me anda a martelar a cabeça (e não vou falar das questões económicas). É uma espécie de pedra no sapato que surge quando penso no assunto.

Não sei se já partilhei aqui - acho que sim - mas quando tive o Gonçalo achei que não iria querer ter mais nenhum filho. Por vários motivos. Porque sentia um cansaço extremo; porque as minhas hormonas estavam totalmente alteradas e nessas alturas a capacidade de análise não está no seu melhor; porque a adaptação de um terceiro elemento na minha vida com o Marco, não tendo sido dramática, não foi feita com uma perna às costas; e porque, tenho de confessar, as alterações que o meu corpo sofreu custaram-me imenso e eu tinha medo de passar por tudo outra vez. Além disso, o dia em que ele nasceu foi o mais feliz da minha vida. Superou todas as minhas expectativas. O parto foi tão perfeito, tão mágico, tão fantástico, que eu pensava: "Eu fui tão abençoada! Qual é a probabilidade de o ser outra vez?"

Estas eram as razões mais imediatas. Aquelas que estavam mais à flor da pele. Mas havia outras duas bem mais profundas: O amor que eu sentia (e sinto cada vez mais) pelo Gonçalo, era tão, mas tão forte, tão esmagador, tão intenso, tão avassalador, que eu tinha medo de não conseguir amar mais ninguém daquela maneira. E acreditem que eu tenho um coração bem grande. Mas não sei, parecia-me difícil. Além disso, e por amá-lo tanto, não queria, nem quero, que ele sinta, nem por um segundo, que o amor que eu tenho por ele está a ser dividido. Tenho medo de não fazer bem as coisas e que ele não perceba que o meu amor por ele irá estar sempre a crescer e que a única coisa que pode acontecer é que haja uma multiplicação do amor que eu tenho para dar.

Hoje, aqueles primeiros medos e dúvidas de que falei já não existem. Sei que podem acontecer, mas sinto-me com coragem para os ultrapassar. Mas o mesmo já não posso dizer dos meus outros medos.

Ainda ontem estava a venerar o Gonçalo enquanto ele dormia. Olhava para ele com aquele nó na garganta de quem controla as lágrimas de emoção e pensei: "Como é que eu vou amar mais alguém assim, com esta intensidade?"

Sei que isto pode tudo parecer um grande disparate, mas um dia a minha mãe partilhou comigo que também sentiu este medo. Como é óbvio, mal ficou grávida do meu irmão, o medo caiu por terra e revelou ser um grande disparate.

Racionalmente, eu tenho a certeza que, se de facto decidir ter outro filho, se vai passar o mesmo comigo, mas no meu presente, no meu agora, não consigo que a minha racionalidade apazigue o meu receio. Por outro lado, se não tenho dúvidas sobre a minha capacidade de amar (ainda que no abstrato me deixe com algum receio), tenho muito medo de falhar enquanto mãe se tiver outro filho.

Um bebé exige a nossa atenção a 100%, porque é a 100% que depende de nós, mas eu tenho pavor que isso faça o Gonçalo sentir-se excluído. Só de pensar que ele possa sofrer com isto, nem que seja por um milésimo de segundo, dá-me um aperto fulminante no coração. Literalmente falando. Pensar que posso provocar qualquer dose de sofrimento ao meu filho, por incapacidade minha, é mais do que consigo aguentar.

Pessoalmente, e porque tenho um irmão que amo perdidamente, acho que ter um irmão é uma das melhores coisas da vida. É um laço único e eu gostava mesmo que o meu filho tivesse isso, como eu tenho. Mas ao mesmo tempo tenho medo.

Se voltar a ter mais filhos quero que ambos se sintam sempre muito amados. Que nunca se questionem se um é mais amado que o outro. Quero que sintam que os dois são o meu mundo, com partes iguais nele. Quero que sejam irmãos. Amigos. Companheiros. E sei que para isso, eu também tenho de ser boa mãe.

8 comentários:

  1. olá, todas as crianças com irmãos tem ciumes da atenção que os pais dão, não é por seres uma excelente mamã que isso não vai acontecer. os irmãos andam sempre em "guerras de ciumeira", é a natureza, acredita.

    bjos

    Maggie

    ResponderEliminar
  2. Olá minha linda!
    Passei por todos esses receios de que falas... De verdade!!!
    E também pensei que irião passar... mas ainda tenho alguns.
    Muita coisa mudou quando fui mãe pela 2.ª vez, tinha o meu simão 20 meses, mas para melhor. Apesar de continuar com medo de não dar aos 2 o melhor de mim, sei que tento e que dou o melhor que consigo. E ser mãe de 2ª viagem é maravilhoso... A segurança é outra, o amor duplica e acabamos por dar mais do essencial e menos do acessório... sinto que sou melhor mãe da minha Matilde do que (ainda hoje) sou do Simão... mas também sei que ele será sempre o primeiro amor e isso faz a balança se reequilibrar. É tão bom!!!!!!

    ResponderEliminar
  3. É impossível o teu pequenino não vir a ter um ou outro momento em que se sinta posto em segundo plano. Mas são coisas do momento, quando te esforças para que ele lave os dentes ou se despache enquanto o mais novo precisa de comer ou mudar a fralda.

    Os meus têm quatro anos de diferença e andam sempre a disputar o meu colo. A mais velha diz ao irmão que o colo da mãe não é só dele e ele tenta afastá-la a todo o custo sempre que a vê agarrada a mim. Sofrem os dois de mãezice aguda e eu faço tudo para lhes dar o 'remédio' em doses bem elevadas.

    Eu digo sempre que ser mãe de dois não é o dobro do trabalho, é muito mais, mas não o trocava por nada do mundo. Beijinhos e espero que não ajudando pelo menos não tenha baralhado mais :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Nada disso Paula. Foi uma partilha muito positiva. Agradeço-a ;) beijinhos

      Eliminar
  4. São eles que nos vão ensinando a lidar com esses ciúmes e são eles que nos vão dar os sinais quando alguma coisa os estiver a afectar de alguma forma. Eu tenho um exemplo que ainda hoje passado 1 ano me aperta o coração só de me lembrar.. quando o bebé L nasceu há 1 ano atrás tinha a princesa M 4 aninhos e após algumas semanas de estarmos em casa comecei a notar nela uma certa angústia e ao mesmo tempo revolta. Como a situação em vez de melhorar com o tempo só piorava sentei-me com ela no colo frente a frente e disse-lhe que queria mesmo saber o que se passava e o que é que ela achava que estava a sentir porque eu achava que ela não estava feliz! Ela na sua limitação de 4 aninhos só me dizia que estava mt feliz e gostava mt do mano, não lhe consegui arrancar um único desagrado, apenas doces palavras sobre o mano. No fim da conversa perguntei-lhe o que queria fazer nesse dia, respondeu-me prontamente que queria adormecer na minha cama abraçadinha a mim como fazíamos todas as sextas e sábados à noite antes do mano nascer! Nesse momento caiu-me a ficha!! Apartir desse dia todas as sextas e sábados à noite o bebé L ficou com o pai na sala enquanto nós adormeciamos as duas abraçadinhas como sempre tinhamos feito.
    A angústia da minha filha passava por uma coisa tão simples e mesmo debaixo dos meus olhos e eu não conseguia ver!!! Senti-me culpada, muito culpada mesmo, ainda hoje sinto....

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Até me comovi… não se sinta culpada. Quando um bebé nasce, e apesar de ter só um acredito que seja sempre assim, as emoções são muitas, o cansaço é muito e está tudo à flôr da pele. O facto de, como disse, umas semanas depois de ter apercebido e ter falado com a sua filha, só mostra a excelente mãe que é. Pense nisso! E se realmente vier a ter outro filho, vou lembrar-me da sua experiência. Obrigada pela partilha.

      Eliminar

Arquivo do blogue

Seguidores