quarta-feira, 8 de maio de 2013

Somos os reis da expressão "pelo menos..."


Lá fui hoje apresentar-me à segurança social; local onde tenho de ir quinzenalmente por ter cometido o delito de estar desempregada.

Chego ao balcão e a senhora, que infelizmente já me conhece, diz-me:

- Cá está outra vez, não é?

- Pois. Que remédio. - respondo-lhe.

- Olhe, pense que pelo menos tem direito ao subsídio. Há muita gente que não tem.

Eu compreendo a intenção. Ela até foi querida. E realmente quem não recebe está muito pior que eu. Mas esta ideia tira peso a uma situação muito grave, com ou sem subsídio. Dá ideia que o desemprego se tornou de tal modo banal, que deixou de ser grave. Agora, para ser realmente um caso social grave, só se não se tiver direito ao subsídio.

E até aposto que os desempregados sem subsídio devem ouvir muitas vezes: "Olhe, pelo menos tem saúde."

Por sua vez, os desempregados sem subsídio e sem saúde devem ouvir: "Olhe, pelo menos ter pernas e braços!"

... E por aí adiante. Ainda dizem que somos um povo pessimista! Bolas! Mais otimista que isto não pode haver!


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