O desemprego sempre me assustou. Talvez por desde sempre me terem dito que o curso que escolhi não tinha saída e de toda a gente, a começar por grande parte dos professores da universidade, traçarem o cenário mais assustador possível para quem insistiu naquela área. No entanto, apesar do negativismo imposto, até ao momento tinha tido sorte. Já lá vão 10 anos!
Sempre encarei o facto de ter emprego, ainda mais na minha área, como uma autêntica benção. Agradecia sempre a Deus este facto (sim, sou católica) e naqueles momentos em que "temos" de pedir desejos, tipo aniversários, passagem-de-anos, etc, era um dos meus top 3. Continuar a ter trabalho.
Mas já não tenho! Sou mais uma para as estatísticas. Apenas mais uma.
De que me vale a licenciatura de Comunicação Social que tirei na Universidade Católica? De que vale a pós-graduação e outros cursos intensivos e workshops que fiz entretanto? De que vale o dinheiro que os meus pais investiram na minha formação e o dinheiro que eu investi depois também? De que me vale um currículo que conta com 7 anos de jornalismo, nos quais exerci cargos de chefia, ou os 3 anos como responsável de comunicação com os media de uma grande empresa internacional? De que vale isto tudo se depois o país não nos acolhe? Não nos emprega? Não nos valoriza? Não tem lugar para nós?
Sou só mais uma e sei que a minha área também é só mais uma das afetadas por esta crise. Por esta vergonha política. Por estes políticos incompetentes. Por estes sucessivos governos corruptos, que não são humanos nem políticos. Não são nada. Não valem nada e o cunho que deixam no país é tudo menos aquilo que seria suposto esperar da classe política.
Por mais que nos dias de hoje o facto de ser desempregado não tenha o estigma que tinha há uns anos, não é uma condição apelativa nem que nos permita falar dela na primeira pessoa sem sentir algum constrangimento. Mesmo que nos dias de hoje grande parte dos desempregados sejam (altamente) qualificados e de quadros superiores, mesmo assim não se diz que se está desempregado como quem diz que está a chover.
Hoje, será o primeiro dia de qualquer coisa que espero que passe rápido. Hoje, vou entrar no ritmo das consultas de anúncios de ofertas de emprego, na ansiedade de receber respostas depois de enviar CVs, na expectativa que um novo refresh aos mails traga boas-notícias, nas idas ao centro de emprego...
Hoje, é o meu primeiro dia numa situação que NINGUÉM, em países considerados desenvolvidos, devia viver!
Estou sem palavras... Primeiro desejar a minha solidariedade! Não estou desempregada mas vivo com esse medo (até porque se essa desgraça me bater à porta não tenho direito a 1 centimo); segundo porque me sinto incompetente por não poder fazer nada pelo meu país e sendo uma entidade empregadora apetecia-me ter condições para empregar todas as pessoas que pudesse; terceiro porque também sou católica e por isso o meu desejo que Deus a ajude a ultrapassar este momento dificil! Bj
ResponderEliminarOhh Rita. MUITO obrigada pelas suas palavras. Mesmo aqui do fundo do coração! Beijinhos
EliminarDesejo mta sorte na procura de novo emprego.
ResponderEliminarMta força
Maggie
Obrigada Maggie :) beijinhos
EliminarHoje é um dia triste no PÚBLICO, 48 pessoas que aqui trabalharam 23, 15, 4 anos foram despedidas e a todas as que se despediram de mim pedi-lhes, de lágrimas nos olhos, que tenham coragem, que não desanimem, que têm de ter força! é isso que lhe recomendo, Sofia: concentre-se no que faz melhor e avance, sem medo. Esta pode ser uma oportunidade na sua vida. Um abraço solidário. BW
ResponderEliminarAntes de mais, obrigada por ter vindo aqui colocar um post, ainda para mais com palavras de força e de solidariedade. Apesar de estar na situação dos que vão, reconheço que para quem fica as coisas também não são fáceis.Também já estive nesse papel. Assim sendo, também estou solidária consigo. Aproveito para dizer que a situação do Público me entristece imenso. Mais uma vez, obrigada Bárbara. Beijinhos
EliminarCom o nascimento da minha filha (alias, aind na gravidez) estive 1 ano e meio desempregada (nov 2010 a março 2012) e numa cidade que conhecia 0 pessoas para além da minha filha e marido.1 ano e meio que mal saia à rua e andava basicamente de fato de treino todos os dias.Vivia à conta do Estado (sub. maternidade e dp sub. desemprego) CONTRA vontade (respondi todos os dias desse 1,5 anos a vários anuncios, TODOS OS DIAS) Desde Abril deste ano sou chefe e tenho de andar de fato. Isto para dizer: NÃO DESESPERES. A porta abre-se. Eu própria, enquanto chefe, já abri a porta a um adulto desempregado e a uma licenciada sem emprego há 3 anos nem experiência. E se um lugar por conta de outrem não for solução, usa os teus conhecimentos para fazeres algo teu. Escrever um livro? Quem sabe! Break a leg!
ResponderEliminarObrigada pelas palavras Gi :) Tem dias. Há dias em que estou super confiante, mas noutros fico muito preocupada; dada toda a conjuntura económica e as faltas de perspetivas de que isto vai melhorar em breve. Mas tenho fé e esperança que vai correr tudo bem. Beijinhos gds e gostei de saber a tua história. A parte do final feliz, para ser mais exata. A outra parte era dispensável ter passado por isso :)
EliminarSofia,ânimo... é uma situação difícil, desesperante, muitas vezes, mas é preciso manter a confiança e não ir abaixo... Eu também já passei por isso e, como tenho um percurso profissional muito parecido ao seu, compreendo perfeitamente a sua angústia. Posso dizer-lhe que ao fim vários (longos) meses de desemprego e procura diária de oportunidades, decidi em março deste ano abrir uma nova porta (ou janela) e iniciei uma pós-graduação em Marketing Digital. E é nesta área que tenho encontrado trabalho... enfim, só para lhe dizer para não desanimar! bjs
ResponderEliminarTeresa, muito obrigada pelas palavras de força. É bom ouvir histórias com final feliz. Dão-nos força. Fico contente que tenha ultrapassado a situação. Por si, e porque me dá esperança também :) Quanto ao marketing digital... tenho feito cursos e workshops nessa área, porque realmente já percebi que ainda é uma área que vai tendo alguma procura. Também procurei pós-graduações, nomeadamente no IPAM e na Flag, mas os preços que praticam são, neste momento, incomportáveis para mim. Para enoooorme tristeza minha. Já tenho algumas bases mas, neste momento, se as quiser aprofundar, terá de ser mesmo sendo autodidata (coisa que não sou muito, mas vou ter de aprender a ser). Quem não tem cão... beijinhos e felicidades
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