Mostrar mensagens com a etiqueta Consultório. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Consultório. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

CONSULTÓRIO: Não há bicho papão, é só uma emoção!

(texto escrito por Inês Custódio, psicóloga na Oficina de Psicologia)



Muitas são as relações de famílias, pais, filhos e irmãos, onde não se fala de emoções.

Realmente, é uma “coisa chata” de se falar e também de se sentir… geralmente não dão jeito, são desgastantes e, se pudéssemos escolher, decidiríamos definitivamente não sentir, pelo menos as emoções mais negativas.

Se pudéssemos… mas a verdade é que não podemos decidir tal coisa, nem para nós, nem para as nossas crianças! E, se pensarmos bem, grande parte da nossa vida é feita de emoção. As nossas relações são feitas de emoção, as nossas decisões são feitas de emoção e o nosso crescimento também.

Tendo em conta esta nossa natureza, podemos estar a criar grandes complicações no desenvolvimento das crianças quando dentro, da família, existem relações onde não se fala de emoções. No fundo, alimentamos este bicho de que uma emoção é “estranha”, “pegajosa” e devia estar fechada na cave. Isto não trará qualquer benefício para as nossas crianças, a não ser deixá-las menos preparadas para o mundo em que vivem.

O desafio é então comunicar eficazmente com o seu filho sobre as emoções que ele sente.

Porquê? Porque ele vai senti-las da qualquer forma, porque ele tem dúvidas que nós adultos por vezes não vemos logo que as tem e porque, cada vez que falamos de emoções, o seu filho cresce.

Para facilitar a tarefa, vamos utilizar num exemplo prático onde podemos falar de emoções:

O João chegou da escola mais calado que o habitual. Perante a pergunta “como foi o teu dia?”, disse “bom” e voltou a colocar o olhos na PSP.

1.          Já vimos anteriormente que falar destas coisas das emoções más é “chato”, e para o seu filho também… Por isso, deixe-o à vontade. Não comece um interrogatório onde ele sinta que é obrigado a contar o que se passa. Em vez disso, sirva como espelho e deixe abertura para o ouvir se ele quiser: “Foi mesmo bom João? Pareces-me um pouco triste ou é impressão minha?” (Porque, efetivamente, pode ser impressão sua…) Se o seu filho não quiser falar sobre o assunto, respeite o seu tempo.   

Na verdade o João teve um problema na escola. Discutiu com o melhor amigo por causa de uns cromos que ambos queriam. Zangaram-se a sério, mas agora o João está arrependido.

2.          O seu filho deu-lhe a oportunidade de ouvir a sua história. É a sua vez de descer ao seu nível e tentar compreender o problema dele. Sem julgar, sem desvalorizar, ouça o que ele interpretou da história. Mostre que está a compreender e que sabe o que isso é (afinal de contas, quem nunca discutiu com um amigo?!) - “Estou a ver querido, realmente é muito chato quando temos uma discussão com os nossos amigos”.

O problema do João é que acha que o amigo não o vai perdoar e nunca mais poderão fazer o que faziam antes. E eles eram tão amigos! O João tem vontade de chorar.

3.          Reforce a preocupação do seu filho, sem a aumentar - “Agora compreendo porque estás triste e preocupado. Não tem problema chorarmos quando estamos tristes, a mãe também chora às vezes, isso ajuda-nos a limpar a cabeça para pensarmos melhor”.

Seja contentor da tristeza do seu filho. Está a mostrar-lhe o que é adequado e está com ele no momento em que ele precisa. Tudo fica um pouco melhor na nossa vida quando temos por perto alguém que nos acalme.

O João precisa da ajuda da mãe, porque ele não sabe como resolver esta situação.

4.          Ajude o seu filho a acalmar-se - “vamos só respirar um pouco os dois, enquanto pensamos numa solução”. Depois reflita com ele, mas não impeça que seja ele a encontrar uma solução - “Então se fosses tu no lugar do teu amigo, o que gostarias que ele fizesse?”, “Como podemos encontrar um plano para fazerem as pazes?”.

O João lembrou-se de uma vez que amigo ligou lá para casa para o convidar para um passeio com os pais. Talvez o João pudesse agora ligar-lhe, pedir desculpa e combinar algo para o fim-de-semana. Mas, e se o amigo não quiser falar com ele?

5.          Use a sua experiência. É o adulto. Certamente terá uma história para contar de algo semelhante que lhe aconteceu. Dê o empurrãozinho de coragem que o seu filho precisa para tentar, sem lhe garantir que vai tudo correr bem porque, efetivamente, pode não dar certo. Mas para isso estarão cá os pais para mais uma vez ajudar - “Veremos o que acontece João! Sem tentares não vais saber, mas o teu amigo é tão importante para ti que eu acho que vale a pena tentar. Quando chegarmos a casa ligamos logo para ele, a mãe ajuda-te.”

O João vai ligar ao amigo, mais confiante do que antes, mais seguro da sua decisão. A mãe, deu o apoio e o empurrão que faltavam para que tudo fosse um pouquinho mais fácil.

Quais são os truques escondidos? Não há truques! Sempre que for genuíno, curioso sobre as dificuldades do seu filho e lhe mostrar que o adora e que, aconteça o que acontecer, estará por perto para o ajudar. Não precisará de nenhuma magia para desmistificar emoções difíceis!

Inês Custódio

Psicóloga na Oficina de Psicologia

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

CONSULTÓRIO: Tenho ciúmes do meu irmão...

(texto escrito pela psicóloga Rita Castanheira Alves, da Psicóloga dos Miúdos)
Foto: Pinterest
Quando nasce um irmão… o ciúme ataca…
O nascimento de um irmão significa a vinda de um novo bebé e, consequentemente, a perda do posto de filho mais novo e único. Pode ser um acontecimento difícil para algumas crianças ou adolescentes, os quais sentem aquilo a que chamamos ciúmes.

O ciúme de um irmão é mais frequente nos filhos únicos, especialmente nos que são também netos únicos e sobrinhos únicos. Desde que a vida começou para eles, sempre foi assim: eram os mais pequenos, os únicos, sem terem de dividir atenções, porque à volta só havia adultos. A vida pode ser dura…

O ciúme é normal… Há reacções que podem ser esperadas.…
O ciúme surge e é normal, especialmente associado ao nascimento do irmão mais novo. É mais problemático e difícil de gerir, geralmente, entre os três e os seis anos. Está associado a pensamentos difíceis de compreender pela própria criança, relacionados com emoções complicadas de expressar ou de controlar, como a frustração, a tristeza, a zanga e a injustiça: «Os meus pais já não vão ter mais tempo para mim.» «Ele é bebé e, por isso, é mais engraçado.» «Os meus pais vão gostar mais dele do que de mim.» «Vão dar-me menos mimos porque têm de os dar ao meu irmão.» 

São angústias da antecipação do que será a vida de filho, partilhada com um irmão, que fazem parte do desenvolvimento e desta mudança na vida,e que, por vezes, levam a consequências comportamentais diversas: comportamentos negativos de chamada de atenção, comportamentos regressivos típicos de idades mais precoces (os chichis na cama, voltar a pedir chucha, querer andar ao colo, dormir com os pais…), necessidade de maior dependência dos pais e mimo, reacções agressivas para com os pais e/ou irmão, apatia e mudanças comportamentais na escola.

O ciúme é normal mas deve ser «domesticado»
O ciúme cumpre uma função, é normal, não podemos eliminá-lo, mas é possível ajudar os mais novos a controlarem-no, a compreenderem-no, a fazer com que se manifeste em menos ocasiões e a enfrentá-lo quando se sentem «atacados» pelo ciúme, em vez de se deixarem dominar por completo.

Os pais podem ajudar o filho mais velho a lidar com o ciúme do irmão mais novo, mesmo que este ainda esteja dentro da barriga da mãe ou ainda não viva com a família (no caso de uma adopção). 

É essencial uma boa dose de compreensão e paciência, dando muito apoio e tempo para que se consiga habituar à nova realidade.

Com a ajuda dos pais, ultrapassar a fase de ciúmes será um motor de desenvolvimento e de maturidade para um filho mais velho, que sentirá que tem competências e é capaz.

No fundo, a adequada vivência do ciúme fraterno poderá trazer novas e boas competências, ser apenas transitório e adaptativo e não ser unicamente um prejuízo, difícil de lidar e que complica a dinâmica familiar. O ciúme que se prolonga, se estende e continua a manifestar na adolescência deverá ser tido em conta, merecer atenção, avaliando a auto-estima do adolescente, percebendo por que razão continua a sentir um impacto tão grande desse ciúme e como pode ser valorizado e ajudado a sentir-se confiante, apreciado e não ameaçado pela existência de um irmão.

Tentações de pais com filhos mais velhos com ciúmes de um irmão mais novo:

- Exigir-lhe muitos mais comportamentos e atitudes adequados, por ser mais velho;

- Constantemente, dizer-lhe que tem e deve dar o exemplo ao irmão, especialmente após algum comportamento negativo;

- Dizer-lhe que agora tudo mudou e todos têm menos tempo;

- Comparar um com o outro, especialmente se o mais velho está numa fase em que exibe comportamentos regressivos (mais infantis);

- Comparar sentimentos por um e outro;

- Passar a fazer tudo em família, todos juntos;

- Nunca falar sobre os ciúmes e desvalorizá-los;

- Dizer que é errado e feio ter ciúmes de um irmão;

- Não fomentar a relação entre irmãos, com receio do que o mais velho possa fazer ou como forma de evitar o ciúme;

-  No caso de a mãe estar a amamentar ou estar mais dedicada ao bebé mais novo, passar a ser o pai a fazer todas as rotinas com o filho mais velho;

- No caso de filhos adolescentes, deduzir que não fará sentido ter ciúmes e, por isso, desvalorizar;

- No caso de filhos adolescentes, deduzir que não precisa de tempo especial só com os pais, sem o irmão mais novo;

- Dar sempre presentes ao mais velho, mesmo sendo dia de aniversário do irmão mais novo;

- Dizer ao filho mais velho que foi o primeiro e que vai sempre gostar mais dele do que do mais novo;

- Durante a gravidez, dizer que nada vai mudar e que se manterá tudo igual;
 -  Não dar qualquer carinho ou mimo ao mais novo na presença do mais velho.



Rita Castanheira Alves
Psicóloga dos Miúdos

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

CONSULTÓRIO: CÓLICAS - Perceba o que são para conseguir resolver

(texto escrito por Fátima Montenegro – farmacêutica e mentora do projeto Passitos


Foto: Pinterest
As cólicas do recém-nascido são muito comuns até cerca dos 4/5meses. Mas a que se devem?

O intestino do bebé ainda é muito imaturo à nascença e há certas adaptações que ele só vai fazendo com o passar do tempo. Daí a importância da introdução faseada e gradual de alimentos consoante a idade.

Uma das "falhas" que o intestino apresenta é a incapacidade de produção de lactase ou a sua produção em quantidade insuficiente.

A lactase é uma enzima essencial para fazer a decomposição da lactose do leite em açúcares mais simples, de modo a poderem ser absorvidos pelo organismo. 

No entanto, apesar do alimento exclusivo do recém-nascido ser o leite, o seu intestino ainda não produz a lactase. Resultado, a lactose não processada vai fermentando ao longo do tempo libertando gases neste processo, o que origina pressão a nível intestinal e provoca a chamada cólica. 

Apenas cerca de 1/4 dos bebés tem a capacidade de produzir lactase desde o nascimento. Logo, à partida se esta já existir em quantidade suficiente, estes bebés estão livres das tão malfadadas cólicas. 

Como podemos ajudar então? 

Existem duas soluções: prevenir ou aliviar. E para cada uma delas há opções no mercado. Deve sempre aconselhar-se com o pediatra do seu filho ou com o farmacêutico que o acompanha, acerca da opção mais adequada. 

Sendo assim, pode optar por dar ao bebé a dita lactase antes de cada mamada e assim ajudar no desdobramento da lactose do leite, evitando a cólica. 

Pode também optar por aliviar a cólica se ela aparecer. Normalmente, esta opção passa por soluções ou gotas cuja função é tornar as "bolhas" de gás produzido em bolinhas mais pequeninas que atravessam facilmente o intestino e são facilmente eliminadas.

Uma pequena percentagem de bebés nunca chega a adquirir a capacidade de produzir lactase, ou pelo menos não em quantidade suficiente e por isso são intolerantes à lactose e devem optar sempre por leites alternativos (ou sem lactose ou de soja).

Outro factor que contribui para o aparecimento de cólicas é o facto do bebé não fazer a correcta pega do mamilo e engolir muito ar enquanto mama. 

Deve colocá-lo numa posição confortável para ambos e a cabeça dele deve ficar direita e não de lado. Certifique-se que ele abocanha o mamilo e grande parte da auréola mamária. 

Seja paciente, são muitas coisas novas para aprender nos primeiros tempos de vida. 

Como opção não farmacológica pode aliviar as cólicas do bebé massajando suavemente a barriga em movimentos circulares e fazendo ligeira pressão (para ajudar a desfazer as bolsas de gás e aliviar a dor), levantando ligeiramente as pernitas em movimentos firmes e ritmados ou deitando-o de barriga para baixo e rabo empinado para o ar, ficando com os joelhos a pressionar a barriga.

Depois de cada mamada ponha-o a arrotar. Isto ajudará a libertar grande parte do ar que ele possa ter engolido. Ponha-o ao seu colo, de pé, e dê pequenas pancadinhas na parte superior das costas. Isto vai ajudar a soltar o ar.

Aguarde cerca de 8min, se ele não arrotar deite-o sobre o seu lado esquerdo. Desta forma fará melhor a digestão. Recorde-se que o bebé nem sempre arrota e muitas vezes mais vale deixá-lo descansar.

Se pais e bebés estiverem a chegar ao cúmulo do desespero entre dores e cansaço, opte por por uma fonte de calor próximo da barriga do bebé (cuidado com as queimaduras provocadas pelo mau uso dos sacos de água quente. Hoje em dia existem soluções muito mais seguras e igualmente eficazes). Isto ajudará a relaxar a musculatura do intestino e da barriga, aliviando a dor. 


Lembre-se que uma boa dose de carinho e afecto são o grande remédio para todos os males que possam surgir na vida do seu filho. Por isso mime-o e aproveite os momentos únicos de cumplicidade entre os dois. 
Ele vai relaxar e a dor desaparece naturalmente.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

CONSULTÓRIO: Saúde Oral - Recomendações a ter com o bebé

(texto escrito pelo Dr. Thelmo Muniz)

Foto Pinterest
Os dentes de leite do bebé vão formar-se na 6ª semana e os permanentes no 5º mês. Os cuidados com os dentes devem começar logo após o nascimento, através da limpeza suave das gengivas com uma compressa embebida em água filtrada. Tal previne a monilíase ("sapinhos"), contaminação por fungos ou a formação de “placas de leite”.

A  visita ao dentista deve acontecer aquando do rompimento dos primeiros dentes de leite.

Outro ponto de extrema relevância neste âmbito é a amamentação, uma vez que a mesma é muito importante no desenvolvimento respiratório, ósseo e muscular do bebé. Assim, existem pontos que deve reter:

. Ao receberem o estímulo de crescimento que só a amamentação natural pode dar, tal favorece o correto posicionamento e crescimento de toda a estrutura mandibular;

. Ao mamar, o bebé aprende a respirar pelo nariz, facilitando o desenvolvimento apropriado das vias respiratórias;

. Para além da importância afetiva e nutricional, evita hábitos parafuncionais, como chuchar no dedo, que é extremamente prejudicial;

. O uso de chuchas e biberões aumentam a possibilidade de mordidas cruzadas e respiradores bucais (amigdalites e alergias);

. Quando necessário o uso de biberões, não deve ultrapassar os 9 meses;

. Criança amamentada não precisa de chuchas e biberões.



(texto escrito pelo médico dentista Dr. Thelmo Moniz, do projeto Smile Generation)

Médico dentista, especialista em Ortodontia e Reabilitação oral)

Arquivo do blogue

Seguidores