(texto escrito pela psicóloga Cátia teixeira, da Oficina de Psicologia)
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O facto de perceberem que
os seus filhos estão a mentir é algo que incomoda bastante os pais. A verdade é
que todas as crianças mentem de vez em quando, e os pais nem sempre sabem como
devem reagir a este comportamento. Será que devem ralhar? Será que devem exigir
uma confissão? Será que não devem ligar?
Antes de pensar no que se
deve fazer é preciso perceber o motivo da mentira.
Entre os 2-7 anos é típico
que este comportamento surja, muitas vezes como forma da criança lidar com as
suas frustrações ou com o facto de não conseguir ter determinada coisa que
desejava. Imagine uma criança que chega à escola na 2ª feira e a professora
pergunta o que fizeram no fim-de-semana, a criança passou o fim-de-semana em
casa, mas ouve os seus colegas relatarem os passeios que fizeram… surge então a
mentira dizendo que foi a um jardim muito bonito com os pais, sendo que esta
mentira surge como forma de colmatar algo de que sentiu falta.
Por volta dos 2-4 anos, uma
fase em que a criança está muito ligada ao seu imaginário, é comum que ela
conte que fez coisas fantásticas e que conte histórias mirabolantes. Em certa
medida, pode dizer-se que esta é uma fase que faz parte do processo natural e
saudável do desenvolvimento infantil. E aqui podemos dizer que estas “mentiras”
são perfeitamente normais. No entanto, por outro lado, este fantasiar também
pode refletir angústias e necessidades, podendo a mentira ser um sinal de
insegurança ou receio, que leva a criança a deturpar a realidade. A mentira
pode ser usada como forma de defesa e proteção ou como forma de enganar os
outros, acabando por ser uma forma de conquistar algo.
É comum a criança não
conseguir explicar porque é que mentiu, sendo esta uma atitude normal, pois
está relacionada com uma questão de segurança e confiança. Ainda assim, as
crianças sentem que fizeram mal, sentem-se envergonhadas, culpadas e têm medo
da reação dos pais, de os desiludir e, por isso mesmo, chegam a entrar numa
situação de angústia e ansiedade, que pode levar ao aumento da mentira.
Existem vários motivos que
podem levar uma criança a mentir.
1) Testar limites, ver até
onde pode ir e o que acontece se infringir uma regra. Nestes casos, pode ser
entendido como um passo para a independência.
2) Tentar deliberadamente
esconder alguma coisa de errado que fez para evitar um castigo ou obter
vantagem sobre outros (mais comum na idade escolar).
3) Exagerar determinada
situação (ou sobre alguém da família) para se gabar. Pode ser uma forma de
melhorar a sua autoestima, para conquistar o carinho e a admiração dos outros.
4) As crianças mais pequenas
têm dificuldade em separar a fantasia da realidade e, por isso, pode acontecer
recorrerem à imaginação e defenderem que determinado ato foi feito por um amigo
imaginário, com tendência a exagerarem, negarem ou se deixarem levar pela
imaginação.
5) A criança também poderá
mentir por imitação.
Tente, em primeiro lugar, perceber o motivo que leva a criança a mentir e
enquadrar este comportamento na idade do seu filho.
Cátia Teixeira
Psicóloga Clínica
Oficina de Psicologia
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