segunda-feira, 27 de julho de 2015

CONSULTÓRIO: Viajar com crianças - Drama ou prazer

(texto escrito pela psicóloga Inês Afonso Marques, da Oficina de Psicologia)

Foto: Pinterest
Viajar com crianças, por diferentes países ou dentro do país, mas para longe de casa, pode ser uma experiência enriquecedora, em que pais e filhos podem trazer, na viagem de regresso, uma bagagem repleta de memórias únicas e especiais, preenchida com novas aprendizagens.

As crianças gostam de assumir um papel activo na descoberta e aprendizagem – experimentando, tocando, assistindo... O contacto direto com outros sotaques e idiomas, outros sabores, outras formas de vestir, outros cheiros, outros climas, outras rotinas, outros movimentos, desperta a curiosidade e a vontade de questionar e de mais saber. Por outro lado, as crianças acabam por desenvolver estratégias de adaptação a novas realidades, adaptando-se a novas rotinas de forma relativamente tranquila. A diversidade que encontrarão nas viagens também permite à criança desenvolver o respeito pelo diferença, percepcionando de forma integradora a existência de realidades, mais ou menos, diferentes da sua.

Para que tudo corra de forma tranquila e prazerosa, independentemente da idade da criança, tudo depende essencialmente das expectativas dos adultos, assim como da capacidade de planear a viagem antecipadamente. Serão as situações imprevistas aquilo que poderá gerar maior stress às crianças e aos mais crescidos, quando estão longe das suas casas. Assim, a organização prévia pode ser um dos pilares do “sucesso” da viagem, independentemente da idade criança. E aqui a organização incorpora temas como preparar um kit de primeiros socorros, saber a localização do hospital mais próximo do local onde ficarão alojados, fazer reservas antecipadas de alojamentos, evitando stress de última hora. Mas planear não significa ter uma agenda fechada, com horários rígidos e definidos para cada momento do dia. Pelo contrário! As crianças adoram explorar e não se sentem prisioneiras dos horários. Por esse motivo, qualquer viagem deve incluir tempo “adicional” para passeios sem rumo, para paragens simplemente para observar os movimentos das ruas, para as idas à casa de banho...

Naturalmente, crianças mais pequenas são mais dependentes e por isso exigem maior disponibilidade do adulto para dar resposta às suas necessidades. Por esse motivo, é importante que os pais deixem de lado inflexibilidades e que levem na mala uma dose extra de paciência e descomplicação. São também mais vulneráveis a mudanças bruscas de horários ou mesmo certas doenças e, por esse motivo, no momento da decisão do destino, a idade da criança deve ser tida em conta.

Se a viagem até ao destino for longa, independentemente do meio de transporte eleito, pode ser útil levar uma mochila cheia de brinquedos e actividades diversas – livros para colorir ou autocolantes, livros com imagens (e roteiros) do destino, plasticinas, pequenos puzzles, ajudam a criança a distrair-se e a evitar sentir-se aborrecida.

Será uma ideia interessante e bastante enriquecedora para a criança, incentivá-la a manter um diário das suas viagens – um caderno para encher de desenhos das paisagens, dos monumentos das paisagens ou dos estados de espírito; um caderno para preencher com palavras e frases que retratem os locais visitados e as vivências nesses locais. A criança poderá sentir-se particularmente entusiasmada se para além de um diário da viagem tiver oportunidade de ter uma máquina fotográfica só para si, em que possa escolher os melhores ângulos dos locais que visita, em que observará o que a rodeia e selecionará aquilo que mais capta o seu interesse. Deixe-se surpreender pela capacidade das crianças nos surpreenderem...

Durante as viagens façam uso, em plenitude, dos cinco sentidos. Posso subir? A que sabe? O que sinto quando lhe toco? Que som é este? Estimule a curiosidade e a descoberta através da audição, do tacto, do olfacto, do gosto e da visão. Que músicas vão descobrir? Que novos sabores vão experimentar? Que novas paisagens vão absorver?

Votos de muitas e divertidas aventuras!


Inês Afonso Marques
Psicóloga Clínica
Coordenadora Equipa Mindkiddo – área infanto-juvenil
Oficina de Psicologia


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