(texto escrito pela psicóloga Inês Afonso Marques, da Oficina de Psicologia)
Viajar com crianças, por diferentes países ou dentro do
país, mas para longe de casa, pode ser uma experiência enriquecedora, em que
pais e filhos podem trazer, na viagem de regresso, uma bagagem repleta de
memórias únicas e especiais, preenchida com novas aprendizagens.
As crianças gostam de assumir um papel activo na
descoberta e aprendizagem – experimentando, tocando, assistindo... O contacto
direto com outros sotaques e idiomas, outros sabores, outras formas de vestir,
outros cheiros, outros climas, outras rotinas, outros movimentos, desperta a
curiosidade e a vontade de questionar e de mais saber. Por outro lado, as
crianças acabam por desenvolver estratégias de adaptação a novas realidades, adaptando-se
a novas rotinas de forma relativamente tranquila. A diversidade que encontrarão
nas viagens também permite à criança desenvolver o respeito pelo diferença,
percepcionando de forma integradora a existência de realidades, mais ou menos,
diferentes da sua.
Para que
tudo corra de forma tranquila e prazerosa, independentemente da idade da
criança, tudo depende essencialmente das expectativas dos adultos, assim como
da capacidade de planear a viagem antecipadamente. Serão as situações
imprevistas aquilo que poderá gerar maior stress
às crianças e aos mais crescidos, quando estão longe das suas casas. Assim, a
organização prévia pode ser um dos pilares do “sucesso” da viagem,
independentemente da idade criança. E aqui a organização incorpora temas como
preparar um kit de primeiros socorros, saber a localização do hospital mais
próximo do local onde ficarão alojados, fazer reservas antecipadas de
alojamentos, evitando stress de
última hora. Mas planear não significa ter uma agenda fechada, com horários
rígidos e definidos para cada momento do dia. Pelo contrário! As crianças
adoram explorar e não se sentem prisioneiras dos horários. Por esse motivo,
qualquer viagem deve incluir tempo “adicional” para passeios sem rumo, para
paragens simplemente para observar os movimentos das ruas, para as idas à casa
de banho...
Naturalmente,
crianças mais pequenas são mais dependentes e por isso exigem maior
disponibilidade do adulto para dar resposta às suas necessidades. Por esse
motivo, é importante que os pais deixem de lado inflexibilidades e que levem na
mala uma dose extra de paciência e descomplicação. São também mais vulneráveis
a mudanças bruscas de horários ou mesmo certas doenças e, por esse motivo, no
momento da decisão do destino, a idade da criança deve ser tida em conta.
Se a viagem até ao destino for longa, independentemente do
meio de transporte eleito, pode ser útil levar uma mochila cheia de brinquedos
e actividades diversas – livros para colorir ou autocolantes, livros com
imagens (e roteiros) do destino, plasticinas, pequenos puzzles, ajudam a
criança a distrair-se e a evitar sentir-se aborrecida.
Será uma ideia interessante e bastante enriquecedora para a
criança, incentivá-la a manter um diário das suas viagens – um caderno para
encher de desenhos das paisagens, dos monumentos das paisagens ou dos estados
de espírito; um caderno para preencher com palavras e frases que retratem os
locais visitados e as vivências nesses locais. A criança poderá sentir-se
particularmente entusiasmada se para além de um diário da viagem tiver oportunidade
de ter uma máquina fotográfica só para si, em que possa escolher os melhores
ângulos dos locais que visita, em que observará o que a rodeia e selecionará
aquilo que mais capta o seu interesse. Deixe-se surpreender pela capacidade das
crianças nos surpreenderem...
Durante as viagens façam uso, em plenitude, dos cinco
sentidos. Posso subir? A que sabe? O que sinto quando lhe toco? Que som é este? Estimule a curiosidade e a descoberta
através da audição, do tacto, do olfacto, do gosto e da visão. Que
músicas vão descobrir? Que novos sabores vão experimentar? Que novas paisagens
vão absorver?
Votos de muitas e divertidas aventuras!
Inês
Afonso Marques
Psicóloga
Clínica
Coordenadora
Equipa Mindkiddo – área infanto-juvenil
Oficina
de Psicologia
Não deve ser nada fácil:P
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