(texto escrito pela psicóloga Rita Castanheira Alves, da
Psicólogo dos Miúdos)
Foto: Pinterest |
Quantas
vezes já errou? Quantas vezes lhe permitiram que errasse? E se eu lhe disser
que aprender a errar, e estar consciente dessa possibilidade, é um assunto de
toda a vida e mais além? Fazia ideia?
Grande parte
das pessoas não sabe errar, não tenta, sequer, para não errar. E começa cedo,
na escola. É valorizado o acerto, o fazer como é suposto. Há risos quando se
erra; há o grito de um adulto que ensina e que se indigna: «Como é possível
ainda não saberes?» É certo que, assim, o erro diminui, porque deixa de se responder,
para não se errar. Porém, assim, também não se acerta e também não se aprende.
Consequentemente, também não se conquista e não se aperfeiçoa. É essencial a promoção da tentativa e do erro, até ao acerto ou não, porque no meio das tentativas e até ao erro, desenvolvem-se sempre novas descobertas e competências: tolerância à frustração, criatividade, raciocínio lógico, reflexão, imaginação, perseverança, persistência e autoconfiança.
Consequentemente, também não se conquista e não se aperfeiçoa. É essencial a promoção da tentativa e do erro, até ao acerto ou não, porque no meio das tentativas e até ao erro, desenvolvem-se sempre novas descobertas e competências: tolerância à frustração, criatividade, raciocínio lógico, reflexão, imaginação, perseverança, persistência e autoconfiança.
Depois, há
os erros comuns de todos nós, que vivemos e nos relacionamos, e que são mais
difíceis de evitar: gritar mais alto do que era suposto, dar uma resposta
torta, tomar uma decisão inadequada, magoar muito alguém de quem se gosta… O
erro inevitável, movido pela impulsividade, por um dia mais difícil ou por não
nos sentirmos bem. Um erro que é injusto, mas que nos acontece a todos e é,
também, para toda a vida e mais além. Saber errar. Saber que não erra quem não
arrisca, mas que certamente errará quem arrisca gostar, quem arrisca relacionar-se
e quem arrisca falar.
Neste
assunto dos erros, é essencial lembrarmo-nos que somos história. Somos passado,
presente e futuro e somos tudo aquilo que estes espaços temporais englobam: uma educação que nos influencia, as nossas
experiências, as nossas feridas e as nossas mágoas. Temos entranhado em nós
aquilo que nos «dói» e aquilo que teimamos evitar ou não admitir, mas nem
sempre conseguimos, e aquilo que dói faz-nos errar, mesmo quando não queremos.
É essencial trazer a possibilidade de errar para um nível consciente; estarmos
alerta e lúcidos de que poderemos fazê-lo. O importante é sabermos errar. Sabermos
o que fazer quando erramos, sabermos o que dizer e o que retirar quando os
nossos filhos erram. Saber errar é chegar mais próximo do acerto e, pelo meio,
descobrir muitas coisas que desconhecíamos.
Errar
permite:
-
Conhecer
o que se fez mal;
-
Alterar
comportamentos;
-
Experienciar
emoções difíceis, lidando com elas;
-
Pedir
desculpa;
-
Reflectir
sobre o que correu mal;
-
Ensinar
aos mais novos as noções de «certo» e «errado».
Regras
a não esquecer:
-
Os
adultos devem ser exemplo, procurando dar o seu melhor, mesmo correndo o risco
de errar;
-
É
importante lembrar os mais novos de que o erro deve ser evitado. No entanto, é
fulcral reforçar a ideia de que, depois do erro, temos sempre a oportunidade de
corrigi-lo, não voltar a errar e tentar fazer melhor;
-
Quando
o adulto erra, ao ser injusto com o filho ou outro elemento da família, deve
sempre pedir desculpa e tentar corrigir o seu comportamento;
-
Perante
um erro da criança ou do jovem, é essencial ajudá-lo a perceber como poderá
corrigir ou melhorar da próxima vez.
Rita Castanheira Alves
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