terça-feira, 12 de abril de 2016

CONSULTÓRIO PSICOLOGIA: “Porque quando pedimos ajuda não somos maus pais!”

(texto escrito por Inês Carvalho, Psicóloga Clínica da equipa infanto-juvenil da Mindkiddo, da Oficina de Psicologia)


Começam a perceber que algo estranho anda a acontecer lá em casa. Um dos miúdos está “diferente”, tem tido comportamentos que não conseguem reconhecer (nem conceber!). Está mais distante, mais isolado, mais irritado... Algo se passa mas não sabem o quê.

Depois de os miúdos se deitarem, quando a casa fica mais silenciosa, já têm conversado sobre isso. Têm feito várias tentativas de encontrar uma explicação para estas mudanças, mas cada vez parecem perceber menos.

Começam as pesquisas na internet e aparecem algumas ideias. Por um lado ficam mais aliviados, já têm uma ideia do que possa ser. Mas entretanto é preciso arranjar uma solução, que o problema não se resolve só por termos uma ideia de qual seja. As pesquisas na internet e as conversas com amigos mais próximos parecem indicar que pode ser bom consultar um psicólogo.

Em mais uma noite, depois de os miúdos estarem a dormir, falam sobre isso. “E se procurarmos ajuda de um psicólogo/a?” Pensam... E ficam de pensar.

“Mas, e se procurarmos ajuda de um psicólogo/a? Somos maus pais?”

Tentamos ajudar.

Quando percebem que algo se alterou, é natural que fiquem preocupados e sem saber o que fazer. 

 não é normal ter dúvidas?

Ter dúvidas faz parte do processo de tomada de decisão. E tomamos tantas decisões ao longo da vida.
E, no acompanhamento de crianças e adolescentes, o papel do psicólogo/a pode ser exactamente esse. O de ajudar a dissipar dúvidas, encontrar motivos e soluções.

Não estamos aí em casa, não conhecemos os vossos filhos da mesma forma que os conhecem vocês. Mas temos outra perspectiva, mais retirada e mais observadora do que vai e foi acontecendo.

É no momento em que vos mostramos essa perspectiva que, muitas vezes, se altera a vossa e podemos construir um caminho diferente. Limar algumas arestas, tranquilizar, explorar problemas e soluções.

E não. Pedir ajuda não significa que o vosso papel de pais esteja em causa. Pode, antes, significar que são preocupados, atentos e corajosos.

Corajosos, sim. Porque sabemos que pedir ajuda pode não ser uma tarefa fácil!


Inês Carvalho
Psicóloga Clínica da equipa infanto-juvenil da Mindkiddo – Oficina de Psicologia




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