(texto escrito por Inês Carvalho, Psicóloga Clínica da equipa infanto-juvenil da Mindkiddo, da Oficina de Psicologia)
Começam a perceber que algo estranho
anda a acontecer lá em casa. Um dos miúdos está “diferente”, tem
tido comportamentos que não conseguem reconhecer (nem conceber!). Está mais
distante, mais isolado, mais irritado... Algo se passa mas não sabem o quê.
Depois de os miúdos se deitarem,
quando a casa fica mais silenciosa, já têm conversado sobre isso. Têm feito
várias tentativas de encontrar uma explicação para estas mudanças, mas cada vez
parecem perceber menos.
Começam as pesquisas na internet e
aparecem algumas ideias. Por um lado ficam mais aliviados, já têm uma ideia do
que possa ser. Mas entretanto é preciso arranjar uma solução, que o problema
não se resolve só por termos uma ideia de qual seja. As pesquisas na internet e
as conversas com amigos mais próximos parecem indicar que pode ser bom
consultar um psicólogo.
Em mais uma noite, depois de os
miúdos estarem a dormir, falam sobre isso. “E se procurarmos ajuda de um
psicólogo/a?” Pensam... E ficam de pensar.
“Mas, e se procurarmos ajuda de um
psicólogo/a? Somos maus pais?”
Tentamos ajudar.
Quando percebem que algo se alterou,
é natural que fiquem preocupados e sem saber o que fazer.
não é normal ter
dúvidas?
Ter dúvidas faz parte do processo de
tomada de decisão. E tomamos tantas decisões ao longo da vida.
E, no acompanhamento de crianças e
adolescentes, o papel do psicólogo/a pode ser exactamente esse. O de ajudar a
dissipar dúvidas, encontrar motivos e soluções.
Não estamos aí em casa, não
conhecemos os vossos filhos da mesma forma que os conhecem vocês. Mas temos
outra perspectiva, mais retirada e mais observadora do que vai e foi
acontecendo.
É no momento em que vos mostramos
essa perspectiva que, muitas vezes, se altera a vossa e podemos construir um
caminho diferente. Limar algumas arestas, tranquilizar, explorar problemas e
soluções.
E não. Pedir ajuda não significa que
o vosso papel de pais esteja em causa. Pode, antes, significar que são
preocupados, atentos e corajosos.
Corajosos, sim. Porque sabemos que
pedir ajuda pode não ser uma tarefa fácil!
Inês Carvalho
Psicóloga Clínica da equipa
infanto-juvenil da Mindkiddo – Oficina de Psicologia
Sem comentários:
Enviar um comentário