terça-feira, 15 de março de 2016

CONSULTÓRIO: Socorro! O meu filho tira-me do sério! – Reflexões em torno de ser pai/mãe

(Texto escrito por Natália Antunes, psicóloga clínica na Oficina de Psicologia)


Não raras vezes percebemos nos pais algumas fragilidades, fragilidades essas alavancadas no desgaste natural do que é exercer a parentalidade.

São muitas as vezes em que os pais nos chegam desorganizados e mesmo desesperados por já nada funcionar na gestão dos comportamentos dos filhos, carregando consigo “a cruz” de que lhes demonstram estas fragilidades.

Partindo do princípio de que as crianças aprendem sobretudo por observação (sim, as palavras são claramente pouco efetivas no que se trata à transmissão de regras e normas), mostrar às crianças que já não sabemos o que fazer como pais pode ser um caminho penoso. Neste sentido, o primeiro passo na educação dos nossos filhos é o próprio empoderamento dos pais!

Este caminho inicia-se na transmissão de competências que se baseiam claramente na confiança que deverão ter na mudança que querem implementar. Ou seja, a partir do momento em que os pais sabem o que pretendem mudar e como o irão fazer, nada, nem mesmo a escalada de comportamentos dos mais pequenos (que sim, é o mais certo que aconteça) os poderão rebater! Por isso, nesses momentos em que os seus filhos o levam ao limite e o fazem pensar em desistir de implementar a mudança, experimente respirar fundo, refletir sobre os ganhos que quer obter no futuro com o que está a implementar, e mostrar ao seu filho que a firmeza e a consistência são as palavras de ordem agora.

Sempre que enveredamos por expressões como “Tiras-me do sério”, “Não consigo fazer nada de ti”, “Estou farto/a de aturar os teus comportamentos” estamos a perpetuar o ciclo da explosão dos comportamentos, dado que, se é atenção que os miúdos querem, e se é assim que a conseguem (mesmo que com a atenção negativa, através de gritos e de posturas desesperadas dos pais), então continuarão a por em prática estes comportamentos! O mesmo acontece com “a palmadinha na hora certa”, que por vezes é mais frequente do que gostaríamos: lembre-se que ao resolver os problemas com “a palmadinha”, o seu filho está a receber a mensagem de que poderá resolver problemas batendo (reflita, a este respeito, que são as crianças vítimas de violência familiar as que mais perpetuam o ciclo nos diferentes contextos, em casa ou na escola).

Experimente fazer diferente: em vez de estar hipervigilante aos maus comportamentos, experimente apanhar o seu filho a fazer bem e diga-lhe isso mesmo!

Sim! Não tenha medo e arrisque. Faça com que ele obtenha a sua atenção quando está a fazer bem e quando o/a deixa orgulhoso/a.

Vamos lá tentar por isto em prática? Vá, deixe-se “sair do sério” só desta vez!

Natália Antunes
Psicóloga Clínica

Oficina de Psicologia

2 comentários:

Arquivo do blogue

Seguidores