(Texto escrito por Ana Oliveira, Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar
e de Casal da Oficina de Psicologia)
No outro dia, estavam a falar alto por causa dos horários, até acho que
era por causa da minha hora de ir para a cama ou de tomar banho.
Mas porque é que isso é um problema?
Acabamos por fazer tudo direitinho como fazemos todos dias. Os gritos
não apressaram as coisas. Eu até fiquei assustado. Às vezes grito quando apanho
um susto.
Será isso? Será que os meus pais estão com medo de alguma coisa?
Não sei o que se passa com os meus pais.
De vez em quando vejo-os amuados (como eu faço, quando não fazem o que
eu quero), e cada um anda para seu lado ou vira a cara ou fala como se o outro
não estivesse na sala. Até parece um jogo! E eu olho e até quero entrar naquela
brincadeira de fazer de conta que o outro é transparente.
Não sei o que se passa com os meus pais.
Tenho tanta sorte em ter tantos avós que gostam de mim e me mimam e
fazem festas e passeios… porque é que eles dizem tantas vezes «És mesmo como a
tua mãe!» … A gritar e com cara de zangados como se fosse uma coisa feia e para
chatear.
Não percebo os meus pais.
Não percebo porque não nos sentamos mais vezes no chão e fazemos
piqueniques, agora que está frio lá fora.
Não percebo porque não posso mexer no telemóvel, jogar ou tirar fotos
quando eles fazem isso tantas vezes.
Não percebo porque tenho de comer sopa e legumes quando eles não o
fazem.
Não percebo… Mas um dia os meus pais vão-me explicar!
Ana Oliveira,
Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar e de Casal, da Oficina de Psicologia
Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar e de Casal, da Oficina de Psicologia
Sem comentários:
Enviar um comentário