quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

CONSULTÓRIO: A hora das refeições é um pesadelo?

(texto escrito por Raquel CarvalhoPsicóloga Clínica da Equipa Mindkiddo , da Oficina de Psicologia)


Não consegue ter momentos agradáveis à mesa e em família? Ora porque a criança se porta mal, ora porque recusa comer? 

Comer bem é um hábito que pode ser ensinado. A atitude dos pais é determinante: calma, paciência e persistência são fundamentais!

Comece por envolver a criança nas tarefas inerentes às refeições: ajuda no supermercado, confeção das refeições (adequando às suas capacidades e à sua idade, garantindo sempre a segurança), preparação da mesa.

Na hora da refeição avise a criança com quinze minutos de antecedência, que está quase na hora de terminar o que está a fazer (brincadeira), e que terá que ir para a mesa (evitará as chamadas constantes e permitirá à criança concluir a sua atividade). Caso a criança tenha tendência para demorar a ir para a mesa, bem como se tiver atitudes inadmissíveis à mesa, alerte-a para a existência de uma consequência consoante a sua atitude. Porém, não utilize ameaças se depois não é capaz de as cumprir.

É natural que as crianças, tal como os adultos, tenham alimentos preferidos e alimentos “indesejados”. “Não gosto” é uma das expressões mais frequentes à mesa, mas caso a criança nunca tenha experimentado o alimento, insista para que prove, caso contrário, aquela expressão será um padrão recorrente de resposta. Para além disso, se não gosta do que lhe é dado, o seu filho não deverá ser premiado com pratos alternativos. A refeição deverá ser igual para todos.

Se a recusa alimentar se mantiver, tente perceber a razão pela qual a criança está a recusar alimentos. Tem receio de provar? Tem medo de ficar doente se comer determinado alimento? Está com pressa para ir brincar? 

Poderá motivar a criança, sendo criativo, inventando histórias sobre os alimentos, envolvendo a criança e super-heróis, dar nomes de personagens de desenhos animados aos pratos ou criando pratos divertidos.

Preocupe-se mais com a qualidade e variedade dos alimentos e horário das refeições, do que com a quantidade. 

Dê a possibilidade de ser a criança a servir-se, ficando responsável pela quantidade que come, embora com a monitorização dos adultos, obviamente. Deitou muito pouca comida no prato? Não se preocupe, nenhuma criança fica com fome tendo comida ao seu alcance. Mas atenção, não a deixe petiscar entre refeições.

É importante que haja regras e rotinas estabelecidas. Se nuns dias exigir que a criança coma fruta ou sopa e noutros dias não, então é mais provável que a criança ache que não é importante.

Se o seu filho é daqueles que fica uma eternidade à mesa, todos já terminaram e ele ainda tem o prato à frente, estipule tempo limite razoável para a refeição, podendo ser útil recorrer a um cronómetro para orientar a criança. Atingindo o limite de tempo, retire-lhe o prato e guarde-o para a refeição seguinte da criança. 

Nestes casos é frequente que perca tempo pois está distraída, por isso retire/desligue fontes de distração do local das refeições (TV, brinquedos, telemóveis, tablets).

É de salientar a importância de retirar o foco nos pequenos comportamentos negativos à mesa, ignorando-os, caso contrário a crítica constante terá um efeito contraproducente. Elogie e recompense a criança pelo seu esforço e neste sentido poderá criar uma tabela de comportamento ou um quadro de autocolantes com os alimentos conquistados, nos casos de recusa alimentar.

Para que uma criança coma bem, primeiro é preciso motivá-la desde pequenina. As palavras de encorajamento, a manifestação de confiança, os elogios dão sempre melhor resultado do que as caras feias, os ralhetes ou as distrações. Por isso, tenha uma atitude descontraída e segura.


Raquel Carvalho
Psicóloga Clínica
Equipa Mindkiddo – Oficina de Psicologia


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