Podemos definir
deglutição como o ato de engolir, isto é, o transporte do bolo alimentar ou de
líquidos da cavidade oral até o estômago. A deglutição alcança a maturação
aproximadamente aos 3 anos, quando passa a ser chamada deglutição adulta.
No caso da
deglutição atípica existe uma alteração na função de engolir propriamente dita.
É uma forma inadequada da língua e outros músculos que
participam do ato de deglutir, durante a fase oral, realizar essa função.
Como deve ser feita
a deglutição?
A deglutição acontece de duas formas diferentes, antes
e após o aparecimento dos dentes, podendo assim ser observada como Deglutição
Infantil Normal e Deglutição Madura Normal.
Deglutição Infantil Normal - para acontecer a deglutição no recém-nascido ele
deve impulsionar a língua para a frente, para criar um vedamento e conseguir
realizar a pressão necessária para deglutir. Assim, na deglutição normal
infantil a língua empurra os rebordos das gengivas e os lábios.
Deglutição Madura Normal - com o amadurecimento do sistema neuromuscular e o
nascimento dos dentes molares, começa a aprendizagem da mastigação e a criança
começa então a adquirir o padrão de deglutição normal (em torno de 18 meses).
O processo de deglutição pode então ser dividido em
três etapas:
Preparatória ou Bucal: momento em que preparamos o bolo alimentar (saliva,
líquido, pastoso ou sólido) através da mastigação, com objetivo de obtermos uma
forma homogênea para engoli-lo. Essa fase é consciente e voluntária, depende da
vontade e pode ser dominada. Quando o bolo alimentar está pronto concentra-se por uma ação de sucção sobre a língua que, em um movimento ondulatório, de frente
para trás, impulsiona o mesmo para a faringe.
Fase Faríngea: também é consciente, mas depende de reflexos,
portanto é involuntária. O bolo alimentar na faringe desencadeia uma série de
reflexos como o fecho da nasofaringe, o que impede a comunicação com as
fossas nasais, evitando a saída do bolo pelo nariz.
Fase Esofágica: é inconsciente e involuntária, sendo que o bolo
alimentar, através dos movimentos peristálticos, é levado ao estômago.
A deglutição atípica
Em geral, a forma atípica de deglutir acontece por
problemas com os músculos envolvidos na execução dessa função, alteração do tónus,
mobilidade e postura.
Uma das características observadas claramente na
descrição do padrão da deglutição atípica é a pressão da língua nos
dentes incisivos centrais e laterais (os dentes da frente) ocasionando muitas
vezes alterações dos mesmos, levando ao aparecimento de diastemas (espaços
entre os dentes), projeção dos dentes incisivos e mordida aberta.
O facto dos músculos não estarem com o seu tónus
adequado acarreta dificuldade para vedamento labial, facilitando o
desenvolvimento do hábito da respiração
bucal (pode ler mais sobre este assunto aqui).
Um outro fator a ser observado nos problemas da
deglutição atípica é a alteração do tónus muscular da língua, usualmente
associado a desvios na articulação dos fonemas /t/ /d/ /n/ /l/, pois esses
fonemas têm o seu ponto de articulação no mesmo lugar onde a língua pressiona
no ato da deglutição. Pelo mesmo problema de tónus, os fonemas /s/ e /z/ podem
apresentar escape da língua nos dentes incisivos centrais.
Tratamento da deglutição atípica
Normalmente, ao nos depararmos com as alterações da
deglutição atípica, na maioria das vezes as mesmas já estão associadas a
alterações conjuntas da forma das arcadas dentárias. Assim, o trabalho de
reeducação da função é, normalmente, realizado em conjunto com o trabalho de um
ortodontista e com terapeuta da fala.
Dr. Thelmo Muniz (Médico dentista, especialista em Ortodontia e Reabilitação oral)
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