segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Alimentação na Gravidez: que cuidados devo ter?

(texto escrito pela dietista Ana Rodrigues Lopes)

Foto de nutritionforpregnantwomen.com
Paralelamente aos nutrientes cuja ingestão deve ser aumentada durante a gravidez, os quais foram descritos no artigo do mês passado, existem, por outro lado, alguns alimentos e substâncias que devem ser evitadas neste período.

As mulheres grávidas têm um risco acrescido de desenvolver doenças de origem alimentar, como toxinfeções alimentares. Posto isto devem evitar:

·       Leite e seus derivados (iogurtes e queijos) não pasteurizados;
·       Ovos crus ou mal confecionados, ou receitas que contenham ovos crus (ex: mousse de chocolate);
·       Carne, peixe e marisco mal confecionado ou cru (ex: sushi);
·       Sumos de fruta não pasteurizados;
·       Saladas e vegetais crus em locais onde haja dúvidas relativamente à sua adequada higienização.

As grávidas e mulheres a amamentar deverão ainda evitar os peixes com maior teor em Mercúrio, um contaminante que tem efeitos prejudiciais para o feto, principalmente a nível do sistema nervoso. Deverá então ser limitado o consumo de cação, cavala, tubarão, atum em postas frescas e peixe-espada. Não é necessário restringir o pescado mais comum (atum em lata, camarão, pescada, salmão, bacalhau, moluscos, linguado, caranguejos e mariscos…), a não ser que ocorra a ingestão de mais de 1 kg desse pescado por semana.

Recomenda-se ainda:

·       Restrição de álcool, uma vez que a sua ingestão neste período está associada a graves malformações no recém-nascido, que no seu conjunto se denominam por “Síndrome Alcoólica Fetal”.
·       Limitar o consumo de cafeína a, no máximo, 300mg por dia, o que corresponde a cerca de 3 cafés curtos (ou “bicas”). Existem outras bebidas que têm cafeína na sua composição, como alguns chás (chá preto, chá verde), refrigerantes de cola e bebidas energéticas.


Sintomas típicos na gravidez e formas de os minimizar:

Não obstante os cuidados a nível nutricional e alimentar que se possa ter, existem alguns sintomas durante a gravidez com algumas implicações dietéticas. Ficam algumas recomendações para os contornar da melhor forma:

Náuseas e vómitos
·       Fazer refeições de pequeno volume, várias vezes ao longo do dia (5 a 6 refeições/dia);
·       Fazer a refeição calmamente e sentada numa cadeira, não se deitando logo após a refeição;
·       Evitar alimentos com muita gordura, com odores fortes e molhos;
·       Preferir alimentos pouco condimentados;
·       Preferir alimentos frios ou à temperatura ambiente.

Pirose (mais conhecida por “azia”)
·       Realizar refeições pequenas e frequentes;
·       Limitar o consumo de bebidas com cafeína (café, chá, bebidas energéticas) e bebidas gaseificadas;
·       Evitar refeições ricas em gordura;
·       Evitar alimentos ácidos e condimentados;
·       Evitar comer até 3 horas antes de deitar.

Obstipação
·       Ingerir quantidades adequadas de líquidos;
·       Ingerir alimentos ricos em fibra (cereais integrais, hortícolas, frutas, leguminosas).

Então e o pai…?
Voltando à questão da importância da alimentação: será que é apenas a alimentação da mãe que tem influência no estado de saúde e de desenvolvimento do feto?
De acordo com um estudo experimental recente, realizado em laboratório, foi demonstrado que a alimentação do pai antes da conceção é tão importante como a da mãe. Contudo, são necessários mais estudos de forma a confirmar estes dados em humanos e, portanto, não existem ainda recomendações específicas neste sentido. Mas na dúvida… é sempre melhor optar por uma alimentação saudável, variada e equilibrada.


Dra. Ana Rodrigues Lopes
Dietista da Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação do Cacém
Membro da Associação Portuguesa de Dietistas
E-mail: anarodlopes@gmail.com


Fontes:
Escott-Stump S, Kathleen Mahan L. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia (2010). Saunders Elsevier; 12ªedição.
Journal of the American Dietetic Association. Position of the American Dietetic Association: Nutrition and Lifestyle for a Healthy Pregnancy Outcome (2008).

Nature Communications. Low paternal dietary folate alters the mouse sperm epigenome and is associated with negative pregnancy outcomes (2013).

Sem comentários:

Enviar um comentário

Arquivo do blogue

Seguidores