(texto escrito pela dietista Ana Rodrigues Lopes)
Foto de nutritionforpregnantwomen.com |
Paralelamente
aos nutrientes cuja ingestão deve ser aumentada durante a gravidez, os quais
foram descritos no artigo do mês passado, existem, por outro lado, alguns alimentos e substâncias que devem ser evitadas
neste período.
As mulheres
grávidas têm um risco acrescido de desenvolver doenças de origem alimentar, como toxinfeções alimentares. Posto
isto devem evitar:
·
Leite e seus derivados (iogurtes e queijos) não
pasteurizados;
·
Ovos crus ou mal confecionados, ou receitas que
contenham ovos crus (ex: mousse de chocolate);
·
Carne, peixe e marisco mal confecionado ou cru
(ex: sushi);
·
Sumos de fruta não pasteurizados;
·
Saladas e vegetais crus em locais onde haja
dúvidas relativamente à sua adequada higienização.
As grávidas
e mulheres a amamentar deverão ainda evitar
os peixes com maior teor em Mercúrio, um contaminante que tem efeitos
prejudiciais para o feto, principalmente a nível do sistema nervoso. Deverá
então ser limitado o consumo de cação, cavala, tubarão, atum em postas frescas
e peixe-espada. Não é necessário restringir o pescado mais comum (atum em lata,
camarão, pescada, salmão, bacalhau, moluscos, linguado, caranguejos e
mariscos…), a não ser que ocorra a ingestão de mais de 1 kg desse pescado por semana.
Recomenda-se
ainda:
·
Restrição
de álcool, uma vez que a sua ingestão neste período está associada a graves
malformações no recém-nascido, que no seu conjunto se denominam por “Síndrome
Alcoólica Fetal”.
·
Limitar o consumo de cafeína a, no máximo, 300mg
por dia, o que corresponde a cerca de 3 cafés curtos (ou “bicas”). Existem
outras bebidas que têm cafeína na sua composição, como alguns chás (chá preto,
chá verde), refrigerantes de cola e bebidas energéticas.
Sintomas típicos
na gravidez e formas de os minimizar:
Não obstante
os cuidados a nível nutricional e alimentar que se possa ter, existem alguns sintomas durante a gravidez com
algumas implicações dietéticas. Ficam algumas recomendações para os contornar
da melhor forma:
Náuseas e vómitos
·
Fazer refeições de pequeno volume, várias vezes
ao longo do dia (5 a 6 refeições/dia);
·
Fazer a refeição calmamente e sentada numa
cadeira, não se deitando logo após a refeição;
·
Evitar alimentos com muita gordura, com odores
fortes e molhos;
·
Preferir alimentos pouco condimentados;
·
Preferir alimentos frios ou à temperatura
ambiente.
Pirose (mais conhecida por “azia”)
·
Realizar refeições pequenas e frequentes;
·
Limitar o consumo de bebidas com cafeína (café,
chá, bebidas energéticas) e bebidas gaseificadas;
·
Evitar refeições ricas em gordura;
·
Evitar alimentos ácidos e condimentados;
·
Evitar comer até 3 horas antes de deitar.
Obstipação
·
Ingerir quantidades adequadas de líquidos;
·
Ingerir alimentos ricos em fibra (cereais
integrais, hortícolas, frutas, leguminosas).
Então e o
pai…?
Voltando à
questão da importância da alimentação: será que é apenas a alimentação da mãe
que tem influência no estado de saúde e de desenvolvimento do feto?
De acordo
com um estudo experimental recente, realizado em laboratório, foi demonstrado
que a alimentação do pai antes da conceção é tão importante como a da mãe.
Contudo, são necessários mais estudos de forma a confirmar estes dados em
humanos e, portanto, não existem ainda recomendações específicas neste sentido.
Mas na dúvida… é sempre melhor optar por uma alimentação saudável, variada e
equilibrada.
Dra.
Ana Rodrigues Lopes
Dietista da
Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação do Cacém
Membro da
Associação Portuguesa de Dietistas
E-mail:
anarodlopes@gmail.com
Fontes:
Escott-Stump S, Kathleen Mahan L. Krause: Alimentos,
Nutrição e Dietoterapia (2010). Saunders Elsevier; 12ªedição.
Journal of the American Dietetic Association. Position of the American Dietetic
Association: Nutrition and Lifestyle for a Healthy Pregnancy Outcome
(2008).
Nature Communications. Low paternal dietary folate alters the
mouse sperm epigenome and is associated with negative pregnancy outcomes
(2013).
Sem comentários:
Enviar um comentário