(texto escrito pela dietista Ana Rodrigues Lopes)
Foto retirada da Internet. |
Uma das
coisas mais importantes que uma mãe pode fazer pelo seu filho, antes de ele nascer, é ter um estilo de vida saudável
durante a gravidez, o que inclui:
- Ter um ganho de peso adequado;
- Fazer atividade física apropriada;
- Realizar uma alimentação saudável e equilibrada;
- Fazer suplementação vitamínica e mineral adequada;
- Evitar álcool, tabaco e outras substâncias perigosas;
- Manipular os alimentos de forma segura, para evitar contaminações.
Ganho de peso durante a gravidez
O peso que a mãe irá ganhar durante a gravidez deverá ser calculado
de acordo com o seu Índice de Massa
Corporal (IMC) antes da gravidez. O IMC corresponde à relação entre o seu
peso e a sua altura (IMC = peso/altura2).
Um estado nutricional adequado é
fundamental antes, durante e após a gravidez, de forma a otimizar a saúde da
mãe, prevenir complicações na gravidez e no parto e garantir o aporte de
nutrientes que o feto necessita para crescer e se desenvolver de forma adequada.
Necessidades energéticas
Uma mulher grávida tem necessidades aumentadas de energia (kcal),
comparativamente a uma mulher que não esteja grávida. As suas necessidades em
termos de energia vão aumentando com o avançar da gravidez:
No 1º trimestre: não existe aumento das suas necessidades energéticas totais (NET);
No 2º trimestre: deverá acrescentar cerca de 330 kcal às suas NET;
No 3º trimestre: deverá acrescentar cerca de 452 kcal às suas NET.
Por exemplo:
uma mulher com NET de 1900 kcal/dia,
quando engravida, necessitará de 1900
kcal/dia durante o 1º trimestre, 2230
kcal/dia durante o 2º trimestre e 2352
kcal/dia durante o 3º trimestre.
Por ter as necessidades aumentadas, não
significa que a grávida deva comer por dois. Deverá, sim, preocupar-se mais com a qualidade da dieta, ao invés da
quantidade. A maioria das mulheres grávidas necessita entre 2200 e 2900
kcal por dia, o que pode variar com alguns fatores como o IMC, o ganho de peso
durante a gravidez, a idade e a atividade física.
A partir do 2º trimestre, uma mulher
grávida deverá ingerir, em média, as
seguintes porções dos grupos da Roda dos Alimentos Portuguesa (pode ser
feito o download do folheto aqui)
- 7 a 10 porções do grupo dos Cereais, Derivados e Tubérculos;
- 4 porções do grupo dos Hortícolas;
- 4 porções do grupo da Fruta;
- 3 porções do grupo dos Laticínios;
- 4 porções do grupo da Carne, Pescado e Ovos;
- 2 porções do grupo das Leguminosas;
- 2 porções do grupo das gorduras e óleos.
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Necessidades nutricionais
As
necessidades de alguns nutrientes estão
também aumentadas durante a gravidez, como é o caso das proteínas e algumas vitaminas e
minerais, em especial o ácido fólico
(ou folato), o ferro e o iodo.
Ácido fólico: uma mulher adulta necessita de 400
μg de ácido fólico por dia. Quando engravida, as suas necessidades diárias
nesta vitamina sobem para 600 μg. O Institute
of Medicine recomenda que 400 destes 600 μg sejam fornecidos por
suplementação ou por alimentos enriquecidos em folato, devido a ser melhor
absorvido por estas fontes, devendo os restantes 200 μg provir dos alimentos.
O adequado aporte de ácido fólico
antes e durante a gravidez previne malformações no feto.
Fontes de ácido fólico incluem: hortícolas, especialmente vegetais de folha verde (como espinafres, brócolos, couves…), cereais fortificados, leguminosas (feijão, grão, ervilhas…), e frutos como laranja, morangos, banana, kiwi…
Ferro: uma mulher
adulta necessita de 18 mg de ferro por dia. Quando engravida, passa a
necessitar de 27 mg por dia. É raro uma mulher tornar-se grávida com reservas
suficientes de ferro para suprir as necessidades fisiológicas da gravidez.
Portanto, é frequentemente necessária a suplementação com ferro, para prevenir
a anemia por deficiência de ferro (definida por uma concentração de Hemoglobina
inferior a 11g/dL). Uma mulher com anemia não tolera bem a hemorragia
decorrente do parto. Existem ainda possíveis consequências, como baixo peso ao
nascer, parto prematuro e aumento da mortalidade perinatal.
Fontes alimentares de ferro incluem: Vísceras, carne, pescado e gema de ovo.
Iodo: as necessidades diárias deste
mineral aumentam de 150 μg na mulher adulta para 220 μg na mulher adulta
grávida. O iodo é um importante constituinte das hormonas da tiróide, as quais
têm funções importantes no metabolismo e desempenham um papel determinante no
crescimento e desenvolvimento dos órgãos, especialmente do cérebro. A
deficiência materna de iodo é reconhecida há muitos anos como uma causa para o
cretinismo neonatal, uma deficiência mental provocada por falta de hormonas da
tiróide. Uma diretriz recente da Direção-Geral da Saúde recomenda a
suplementação de iodo na preconceção (150 a 200 μg/dia), durante a gravidez e
enquanto o aleitamento materno exclusivo durar.
Fontes
alimentares de iodo incluem: algas, peixe, leite e seus derivados e
alguns hortícolas.
Antes de engravidar ou de tomar qualquer tipo de suplementação, deverá
consultar um profissional de saúde.
Dra. Ana Rodrigues Lopes
Dietista da Cruz Vermelha Portuguesa
– Delegação do Cacém
Membro da Associação Portuguesa de
Dietistas
E-mail: anarodlopes@gmail.com
Fontes:
Escott-Stump
S, Kathleen Mahan L. Krause:
Alimentos, Nutrição e Dietoterapia (2010). Saunders Elsevier; 12ªedição.
Journal
of the American Dietetic Association. Position
of the American Dietetic Association: Nutrition and Lifestyle for a Healthy
Pregnancy Outcome (2008).
Organização Mundial de Saúde. Diretriz: Suplementação diária de ferro e
ácido Fólico em gestantes (2013).
Food
and Nutrition Board, Institute of Medicine: Dietary
Reference Intakes for Thiamin, Riboflavin, Niacin, Vitamin B6, Folate, Vitamin
B12, Pantothenic Acid, Biotin, and Choline (1998); Dietary Reference Intakes for Vitamin A, Vitamin K, Arsenic, Boron,
Chromium, Copper, Iodine, Iron, Manganese, Molybdenum, Nickel, Silicon,
Vanadium, and Zinc (2001). Washington, DC, The National Academies Press.
Direção-Geral da Saúde. Aporte de iodo em mulheres na preconceção,
gravidez e amamentação (2013).
Parabéns pelo conceito. Gostei! :) beijinhos
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