Como sabemos, o Natal é uma época de convívio em
família, um convívio que é feito, por norma, à volta da mesa. Este convívio e a
gastronomia tradicional convidam, quase que inevitavelmente, a um consumo
exagerado e desmedido durante esta época. O problema não está em festejar o dia
de Natal, nem mesmo a véspera, mas sim quando os festejas começam no início do
mês de dezembro e continuam até ao Dia de Reis. De acordo com a British
Dietetic Association, um indivíduo ganha em média 2 kg durante esta quadra, podendo
variar entre os 400gr até aos 6kg. Mais grave ainda é que, segundo alguns
estudos, os quilos que são ganhos durante esta quadra não são perdidos ao longo
do ano seguinte, o que poderá estar a contribuir para o ganho de peso gradual,
ao longo do tempo, na vida adulta.
Estima-se que, em média, ingerimos cerca de 6.000
calorias num dia de Natal – ou num dia em que o estejamos a festejar – o que
representa cerca do triplo das nossas necessidades energéticas diárias. Se
olharmos para a foto em baixo, onde está representada alguma da doçaria típica
desta quadra e o seu valor energético, percebemos que não é difícil chegar a
estes valores.
Posto este cenário, será que é possível ter um Natal
mais equilibrado a nível nutricional? Sim, é possível, se tivermos em conta algumas
recomendações:
- Reservar os excessos alimentares para a véspera e
dia de Natal, tentando resistir ao máximo à pressão social provocada pelos
almoços, lanches e jantares de Natal com colegas ou amigos, e mesmo pelas
grandes superfícies de hipermercados que, muito antes da época, abundam em
alimentos típicos (como Bolo Rei ou bombons).
- Não saltar refeições. Ao pensarmos “não vou comer
nada durante todo o dia porque à noite já vou comer em demasia” é um erro
grande, uma vez que chegaremos à noite com bastante fome e com pouco controlo
da ingestão alimentar;
- Portanto, na véspera de Natal devemos começar o dia
com um pequeno-almoço equilibrado, rico em fibra (proveniente de cereais
integrais e fruta);
- Ao longo do dia, deverão ser realizadas refeições
com intervalos de 3 horas ou de 3 horas e meia;
- A quantidade confecionada deverá ser bem gerida:
tanto para evitar sobras ou desperdícios, como para evitar excessos alimentares
ao longo de toda a semana;
- As porções ingeridas devem ser controladas,
principalmente porque nestes dias gostamos de provar “de tudo”. Podemos
fazê-lo, desde que seja com moderação;
- As refeições principais deverão ser sempre
acompanhadas por vegetais, tanto na forma de sopa, como no prato (legumes crus
ou confecionados). Os vegetais são uma fonte de fibra que, para além de
promover a saciedade, evita a absorção de parte da gordura e torna a absorção
dos açúcares mais gradual;
- Ter atenção à quantidade e qualidade de gordura
adicionada na confeção de receitas e para temperar. O azeite deverá ser a
gordura de eleição, mas com moderação devido ao seu valor energético (1 grama
dá-nos 9 kcal);
- O açúcar adicionado nas receitas doces deverá
também ser reduzido. Se substituirmos o açúcar branco por açúcar amarelo ou
mascavado, por terem um sabor mais intenso, é possível a redução de um terço
até metade da quantidade de açúcar, mantendo o sabor doce;
- O consumo de fritos deve ser reduzido/evitado,
sempre que possível substituindo por outros tipos de confeções culinárias (por
exemplo, optar por levar as rabanadas ao forno em papel vegetal, em vez de as
fritar);
- Por fim, aproveite a época para realizar exercício
físico em família, como uma caminhada ou realizar jogos com as crianças.
Votos de um Natal Feliz e Saudável!
Ana Rodrigues Lopes
anarodlopes@gmail.com
anarodlopes@gmail.com
Dietista da Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação do
Cacém
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