Apesar do caso já ter algum tempo, a situação que o despoletou, o Bullying, é algo que continua atual. Para mal de muitas crianças e dos seus pais!
(Cyber) Bullying: um
dos lados mais perversos da tecnologia
O caso de Amanda Todd, de apenas 15 anos, veio acordar-nos,
mais uma vez, para uma das mais trágicas realidades do século XXI: o Cyber
Bullying.
Amanda Todd, de apenas 15 anos, suicidou-se após anos
sucessivos de puro linchamento público! E, digam o que disserem, por mais que a
fórmula tenha mudado, este tipo de linchamento não foge muito ao que acontecia
em plena Idade Média!
Quando se fala neste “fenómeno” ouve-se dizer muitas vezes
que sempre houve crianças e adolescentes a gozar uns com os outros.
Acrescenta-se ainda, com frequência, uma frase do género: “hoje fala-se neste
assunto como se fosse uma coisa só de agora!”
De facto, não é. Também me lembro de ter um ou outro
amiguinho da escola que era mais discriminado, mal tratado e gozado, ou por ser
mais gordinho ou mais magrinho ou por não gostar de fazer as coisas que
normalmente os rapazes faziam com aquela idade.
No entanto, um aspeto que muitos parecem esquecer-se, é que
a diferença entre este tipo de comportamento “ontem” e “hoje”, vai muito além
da simples ausência de nome para o que se passava antes. A grande e colossal
diferença está no facto de hoje, o bullying, se estender à internet e às redes
sociais! Hoje, as agressões não ficam na escola. Elas seguem as crianças para
onde quer que vão e chegam a uma “audiência” largamente superior. Hoje, a humilhação
é elevada a uma escala muito maior! Assustadoramente maior!
Arrisco-me a dizer que o (cyber) bullying é uma das maiores
preocupações dos pais que têm agora filhos pequenos e adolescentes. Afinal, como
é que nós, pais, podemos proteger os nossos filhos deste tipo de situações?
Mesmo que os afastemos da internet, tal não invalida que eles não sejam
expostos a uma qualquer maldade e crueldade! Por sua vez, mesmo que eduquemos os
nossos filhos no sentido de nos contarem sempre tudo, todos nós sabemos que
chega uma altura em que deixamos de partilhar o que nos acontece com os nossos
pais! Será que se educarmos os nossos filhos para serem crianças e adultos
seguros, com autoestima, será suficiente? É mesmo apenas a educação que se dá
em casa que molda toda a personalidade das crianças?
Amanda Todd, de apenas 15 anos, foi “só” mais uma criança a
morrer vítima de cyber bullying. A morte dela acordou-nos, abanou-nos e relembrou-nos
da existência desta dura realidade! Uma realidade bem presente e sem soluções
milagrosas que nos ajudem a contorná-la ou evitá-la!
Mas como impedir que situações como estas se repitam?
Falando mais em soluções e não tanto no problema? Havendo
mais sensibilidade por parte do corpo docente das escolas para este tipo de
situações? Havendo uma responsabilização legal da escola e da família quando
situações destas acontecem? (Talvez esta última solução seja demasiado
drástica. Não sei). Sinceramente, não sei mesmo! Mas pergunto-me: será que
realmente nós, pais e professores, não seremos culpados se não conseguirmos
detetar e impedir que os nossos filhos agridam e sejam agredidos? Será que não
seremos culpados se não conseguirmos detetar quando eles se sentem sozinhos, ao
ponto de acharem que não têm uma razão para viver?
Estas perguntas são mesmo dúvidas genuínas. Não têm qualquer
tom acusatório inerente. Eu não estou a cuspir para o ar, como se diz na gíria!
Deus me livre! Só estou a pensar alto. A questionar-me!
Enquanto mãe tenho muitos medos. O maior deles talvez seja o
de não conseguir educar o meu filho da melhor forma. De falhar de algum modo.
De não o conseguir proteger como seria suposto! No fundo, acho que qualquer pai/mãe
nunca quer ser “só” um pai/mãe. Quer ser uma espécie de Deus: omnipresente e
omnipotente em relação aos seus filhos. E o medo existe, exatamente, por saber
que este controlo soberano sobre a vida dos nossos pequeninos é impossível de
conseguir!
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