O Gonçalo e a visão dos "bons" e "maus" das histórias

O Gonçalo está naquela fase de querer "ler" livros a torto e a direito. Ele já percebeu que há sempre um  "mau" nas histórias e pergunta-me sempre "quem é o mau" quando tem um livro novo. No entanto, é engraçado perceber como ele ainda não entende bem o que é isto de ser "mau" (o que é delicioso, porque é esta ingenuidade das crianças que fascina qualquer um).

Há bocado estávamos a ver a a história da Cinderela, que ele já conhece, e, por isso mesmo, pedi-lhe para ser ele a contar-me a história a mim. É óbvio que ele salta 10 mil pormenores, mas eu vou-lhe fazendo perguntas.

Numa imagem em que está a madrasta com o dedo indicador a apontar para o chão enquanto fala com a Cinderela, e à pergunta "o que é que ela está a dizer à Cinderela?", ele responde-me, com a voz "grossa" que ele faz quando "personifica" o mau da história:

"Vai iavar o chão e impar o chão."

Faz uma pausa de dois segundos e acrescenta, já a sua vozinha doce:

"Di fa favôi!"(se faz favor)